quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Pompey!



southing




SC

Masters Of War (live at the Bob Dylan 30th anniversary)


BMC

em audição



SC

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

goodfellas


… sendo a FIFA uma organização privada internacional, à qual aderiram voluntariamente 206 Federações internacionais (mais países do que a própria ONU) …

No Direction Home: Bob Dylan

O primeiro documentário de longa-metragem sobre a vida de Bob Dylan realizado por Martin Scorsese.
Trata-se de um documento fantástico sobre o cantor e autor que abrange praticamente toda a década de 60. Uma biografia fascinante, com imagens inéditas e entrevistas a cantores e artistas que interagiram com Bob Dylan no seu trajecto de musico “folk” a cantor de protesto. Com o toque e a visão de Scorsese, este documentário não se limita a ser apenas a vida de uma estrela do rock. Transforma-se antes num extraordinário retrato musical e social de uma época única do século 20. Uma obra muito premiada e exaltada em todo o mundo.


Quinta 31, às 23h15
Sexta 1, às 23h30
na 2:



BMC

terça-feira, 29 de agosto de 2006

À espera de cinco do nove



SC

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

bela OST


e belo filme, já agora.


SC

domingo, 27 de agosto de 2006

As armas utilizadas e os alvos atingidos pelos bombardeamentos israelenses

por Leuren Moret

Os mapas do Líbano (ver abaixo) indicam a quantidade de munições utilizadas sobre os alvos, e que partes da infraestrutura foram destruídas pelos ataques militares israelenses. Estes mapas são de fontes oficiais libanesas.

Estes dados foram examinados pelo Dr. Douglas Rocke, especialista em munições DU (depleted uranium, urânio empobrecido), e por mim própria, tendo como foco específico a difusão da radiação do urânio empobrecido resultante dos ataques israelenses sobre alvos civis em áreas densamente populosas.

Foram usados os seguintes tipos de munição pelas forças israelenses:
  • bombas de urânio empobrecido – incluindo uma encomenda de Israel aos EUA durante a guerra de mais de 100 GBU-28 5000 lb. bombas com ogivas de urânio empobrecido
  • munições para tanques de 105 mm e 120 mm com urânio empobrecido [informação do major Doug Rokke, que as viu nos noticiários]
  • mísseis (provavelmente DU)
  • Baccilus globigii — uma bioarma que faz as pessoas vomitarem mas não resulta em morte. (Uma fonte militar disse que isto foi determinado a partir do código de cores sobre as armas). Esta arma foi utilizada no sul do Líbano e relata-se que provocou a doença súbita das pessoas.
  • Relatos de médicos que trataram os feridos descrevem novas espécies de ferimentos nunca vistos antes, os quais podem dever-se a armas laser. Os EUA tem-nas (classificadas) nos tanques Abrams. Houve certamente Armas de Energia Dirigida (Directed Energy Weapons, DEW) utilizadas por Israel porque corpos encolhidos e outros tipos de indicadores foram relatados pelos médicos libaneses, descrições que eram exactamente como os ferimentos relatados no aeroporto de Bagdad em 2003 e posteriormente.
  • Produtos químicos tóxicos. Médicos libaneses que trabalharam com os mortos e feridos relataram horríficos novos tipos de ferimentos e causas de morte. Em toda guerra são testadas novas armas e velhas armas são abandonadas.



























Artigo Original em Global Research
Este artigo encontra-se em Resistir

BMC

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Isto não é vaca, é uma manada de vacas!

ver o meu comentário ao post do zé com a distribuição das equipas pelos potes...

Miguel Alves

PS - O Liedson vai fazer um hat-trick em San Siro...

À propos...


e agora?

SC

pequeno apontamento


só para lembrar que na última terça-feira
não houve só Benfica


SC

a caminho de Atenas

vamos a Valência, Londres e Istambul?


a alegria do povo



Um post verdadeiramente original

Nunca partilhei o triste desígnio dos que, mantendo um blog público, teimam em afirmar que "escrevem apenas para eles próprios". A coisa é pública e exposta. Se querem escrever para eles próprios têm bastantes opções que vão desde o bloco de apontamentos em papel até às folhas guardadas no disco rígido do computador ou blogs de foro privado.
Também sempre fui céptico quanto à possibilidade da existência de originalidade na blogosfera. Aliás, sou céptico em relação à originalidade e aos próprios blogs.
Talvez seja por isso que os faço. Um misto de desmistificação da originalidade e de delacção do verdadeiro sentido disto tudo. O mais interessante é que gosto de o fazer, sinto-me, aliás, "preso" a esta coisa dos blogs.
Tenho criado diversos blogs, alguns deles comunitários [à semelhança do "Cão de Guarda"] e todos eles têm uma actividade comum à maioria dos restantes. Por ali se escreve o que se quer, por ali se transcreve o que lhes dá na real veneta. Casos do "Autópsia da Decadência", do "Argumentum ad Ignorantiam", do "Paralelas Divergentes", entre outros comunitários, ou do "A Grande Fábrica de Vento" que é quase totalmente dedicado à transcrição comentada de artigos próprios e de outrém.
Não vejo grande mal na transcrição de artigos meus, se eles são originais meus. Não vejo grande mal na transcrição de artigos de outros se estes estão devidamente assinalados e se servem de mote a um comentário. É uma opinião e deve ser fundamentada.
Ao criar este post estou a criar nada mais que um resumo do que se tem escrito pelo Anti-Blog, entre outros. Qual a originalidade? Em vez de originalidade obtém-se apenas uma descrição nebulosa dos argumentos que, a quererem ser visionados, irão dar o desnecessário trabalho de acesso ao link e à provável despesa de mais um download.
Sob este ponto de vista, considerava o "Cão de Guarda" uma porta aberta à divulgação dos trabalhos dos que por lá passam [porque, de uma forma ou de outra é a motivação principal destes] e uma iniciativa louvável.
Lamentavelmente a minha intervenção neste blog provocou o afastamento de escribas habituais e de audiência pelo facto de transcrever os meus originais na íntegra ou as notícias e opiniões que considero relevantes para a actualidade, conforme me foi comunicado. Foi uma intenção frustrada e que não tornará a repetir-se.
Creio que devo pedir desculpas pelo facto e esperar que este meu primeiro "post original" seja um sinal de que tudo regressará à normalidade por aqui.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

música para os meus ouvidos

prefiro a 3, a da conta que Deus fez


quero lá saber dos 3 clubes portugueses

importante é "Benfica make Portuguese history"


[ anti-blog ]

Quarta-feira, 23 de Agosto de 2006
Proposta do [ anti-blog ] - aditamento
Em aditamento á proposta original cumpre-me informar das disposições seguintes:
Este blog passa, a partir de agora, a ser um blog burguês. Como tal, inicia-se esta assumpção com a criação de uma nova categoria, a blogleft, sinónimo evidente de que o escriba deste espaço é homem de esquerda ma non troppo, que é como quem diz, chamem-me o que quiserem menos comunista, conservador ou liberal [social, neo-liberal, anarco-capitalista...]. Passa a sê-lo porque os artigos de opinião deverão, grande parte das vezes, ser considerados como tal, de esquerda e, assim, passarei também a ser o dono dos únicos blogs portugueses a ostentar essa etiqueta.
Como tal, passará também a ser utilizada a categoria opinião que, como indica, expressará as opiniões do escriba acerca desta ou daquela matéria. Escusado será dizer que tais artigos brevemente serão considerados referência obrigatória de todos os que queiram sentir-se iluminados por uma visão nítida e especialmente inteligente do mundo que os rodeia e do outro não visível.
O escriba utilizará este blog numa tentativa de ultrapassar o seu próprio prazo de validade. Conquistará a imortalidade mediante o recurso à pré-datação de artigos que, conforme permite o SAPO, serão apenas publicados na data escolhida. Para tal, o escriba irá inaugurar a categoria autópsia que, como o nome indica, tratar-se-á do estudo post-mortem daquilo que o cadáver foi em vida. A causa de morte encontrada será a usual, a vida. Este post será o primeiro e a sua data para a categoria autópsia será a de 23.08.2036 e não poderá ser visto antes dessa data. Esperemos que nessa data ainda existam blogs...
O escriba, com este post, conta ter alcançado um número suficiente de "outbond links" para se fazer notar e aguarda o pagamento de uma avultada quantia em dinheiro por parte da wikipedia.

[ categorias ]:
[ cjt ] às 08:11 link do post comentar adicionar aos favoritos
Blogosfera - Que estatuto? I
No Blogger, que continua a ser o aparelho mais representativo da blogosfera, encontra-se de tudo um pouco. O seu sistema de procura é inegavelmente eficaz e permite-nos, por cada assunto que queiramos estudar, encontrar milhentas oportunidades de leitura dos mais variados tipos de blog.
Hoje digitei por lá a palavra "blogosfera" e obtive alguns resultados curiosos. Ficam por cá alguns.

"No decurso do último ano escrevemos cerca de uma dezena de reflexões sobre a blogosfera e as suas relações com o jornalismo clássico que lhe pretende bloquear o caminho, marginalizando-a, mesmo tratando-se de actividades que poderiam funcionar mais eficientemente se operassem de forma complementar, e
não, como fazem os media clássicos (por medo e arrogância pessoal e intelectual), recorram ao bloqueio, à omissão da fonte donde esbulham informação e análise - comportando-se com uns verdadeiros cowboys do far-west em pleno III milénio, o que é inaceitável e viola todas as regras deontológicas."
[ Rui Paula de Matos @ Macroscópio ]

"Há uma semana, um post inofensivo no blogue Jornalismo e Comunicação deu azo a uma enxurrada de agressivos comentários anónimos. Julgo que o caso – um entre tantos outros – justifica uma reflexão sobre a proliferação do anonimato na blogosfera.Em termos genéricos, não me faz espécie que um cibernauta comente sob a égide do anonimato. Está no seu direito, até porque os fornecedores do serviço como o Blogger disponibilizam aos promotores de diários digitais ferramentas suficientes para, se assim o entenderem, barrarem o acesso aos comentadores não identificados.
[...] Intrigam-me, porém, os motivos que levam alguém a abdicar da identidade para comentar. No exemplo acima citado, o anónimo mais agressivo argumentava pomposamente que “cada vez é mais evidente que não estamos num país isento de represálias (em particular vindas de grupos e coorporações [Sic]). Universitários e CS podem dar uma mistura explosiva.”Sinceramente, duvido da bondade deste tipo de motivação."
[ Gonçalo Pereira @ Ecoesfera ]

"Eu gostava de dizer que não tenho escrito nada porque estou de férias num qualquer lugar espectacular onde há praia todo o dia e festa toda a noite, mas infelizmente, não.Não tenho actualizado o blog porque estou outras vez a fazer horas extras com fartura, turnos de 12 horas. Pelas minhas contas nos últimos 15 dias trabalhei 128 horas, fora os momentos que la passo que não contam para a estatística. O que vale é que realmente gosto do que faço :-).Espero voltar a ter tempo para ter uma vida pessoal dentro de momentos."
[ Francisco Ferreira @ Francisco Ferreira (na blogosfera) ]

"Na blogosfera como no sul do Líbano: Se estás fodido respira fundo e atira mais um rocket."
[ Luis @ Fenix ]

"Recentemente tenho percepcionado um evento recorrente na blogosfera, este prende-se com o facto de as pessoas já não terem ideias originais no seu frasquinho de maionese por cima dos ombros.Quer dizer... todos sabemos que já não há ideias originais, já foi tudo feito antes... Ou será?Será que assim é? Será que assim foi? Será que assim será?
[...] Existe uma forma de plágio bastante irritante, que consiste não em plagiar o original e retirar todas as referências ao original, mas plagiar o original e deixar todas as marcas identificativas. Cria-se assim um meio plagiar, quase um tributo (porque o plágio é a forma mais sincera de elogiar algo, já dizia a minha avózinha antes de ser comida pelo lobo), mas
um PLÁGIO!Existe ainda o plágio tímido, muito apreciado pelos bloggers do wordpress com o seu trackback (ou sistema identificativo de plagiadores como eu gosto de lhe chamar)."
[ "Parvo na Cadeira" @ O Factor F ]

Haveriam muitos outros mas irei ficar por estes, que sendo interessantes, servem de mero exemplo como muitos outros serviriam. Não são, por isso, escolhidos por algum atributo especial que não seja o de ilustrarem bem o que a seguir se fala.Antes de passarmos ao assunto Blogs de Opinião no capítulo de Motivações Básicas, gostaria de ver reflectida aqui a mais completa definição da blogosfera. Podemos ver nos exemplos acima as mais diversas e divergentes concepções do que se trata, na realidade, este meio de divulgação. Não será errado tomar como afirmação certeira e bem esclarecedora a que Luís nos propõe:

Na Blogosfera como no Sul do Líbano: Se estás fodido, respira fundo e atira mais um rocket.
[ categorias ]:
[ cjt ] às 08:10 link do post comentar ver comentários (2) adicionar aos favoritos

Futebol por todo o lado...





















BMC

coxos? adversário fraco?

coxos eram os do Halmstad


depois da vitória

telefonar às pessoas amigas, trabalhar, investir, consumir, aumentar o PIB, pagar promessas


orgulho do pai




terça-feira, 22 de agosto de 2006

[ anti-blog ]

Terça-feira, 22 de Agosto de 2006

A Senhora
Para "desenjoar" e porque a vida não é feita apenas de bloguices [ou porque estes servem para mais que falar deles próprios], dá-se agora início a mais uma categoria, a de digestão rápida.
Começo por um livro comprado na FNAC a preço de saldo [que é ao preço a que compro tudo] e cuja edição de bolso pertence à ASA.
Trata-se do "A Senhora" de Catherine Clément, livro de leitura fácil e voraz a relatar-nos as venturas e desventuras de Beatriz de Luna, aliás, Gracia Nasi, aliás, Gracia Mendes, a responsável pela organização das rotas de fuga dos judeus forçados a saír de Portugal, Espanha e restantes países sob o jugo papal e inquisitorial.
"O nosso verdadeiro nome comum era Nasi, o que significa príncipe. Infelizmente, desde aquela época, já não éramos príncipes, mas sim proscritos."Perseguida pela Inquisição, Beatriz de Luna, ou Gracia Nasi, nascida em Lisboa em 1510, é a mulher judia, jovem viúva de um banqueiro português (Francisco Mendes), que, herdeira de uma poderosa fortuna, vai pôr em marcha um dos mais impressionantes episódios da Europa seiscentista.Enfrentando o ódio dos Habsburgos e dos Papas, que a perseguem até à Palestina, ela é a força que irá proteger os cristãos-novos espoliados da Península Ibérica, à cabeça de um império comercial que, tal como o dos Fugger ou o dos Médicis, vergava a cabeça a reis, embaixadores e aristocratas.Expulsa sucessivamente de Lisboa, Antuérpia, Veneza e Ferrara (onde manda imprimir a primeira Bíblia traduzida para ladino — a célebre Bíblia de Ferrara), A Senhora personifica o êxodo singular dos Marranos, no contexto dos conflitos políticos, comerciais e religiosos da era humanista, num teatro onde se encontram as três grandes religiões do Livro, bem como o Oriente e o Ocidente.Uma das obras mais vendidas em França durante 1992, A Senhora é um notável romance histórico onde, tal como escreveu o Magazine Littéraire, "o mundo mediterrânico ressuscita com a luz, os seus perfumes, o esplendor e a desgraça dos marranos".
[ Edições ASA ]
Vale bem a pena passear pelas cidades visitadas por Josef, sentir-lhes os cheiros e a algazarra característica ou descer á angústia da traição e da fuga permenente. Um bom livro - como digo, de fácil digestão - a levar estas férias por 5 Euros.
[ categorias ]:
[ cjt ] às 16:16 link do post comentar ver comentários (1) adicionar aos favoritos
[ post-it ]

A ERA DOS ENGRAÇADINHOS.
Enquanto os baby boomers se agarram aos anos terminais do seu poder (veja-se o Público de hoje), os seus filhos da "geração rasca" deram origem a uma era dos engraçadinhos. Ser engraçadinho está muito bem representado nos blogues, e vai a par com os Morangos, a Floribela e a nova Gente, no modo actual de ser leve e fácil e borbulhante e popular.
[ José Pacheco Pereira in Abrupto]
O QUE É ESTÚPIDO É MAU
Concentremo-nos no usurpador: a criatura autora do blogue o que pretenderia? Enganar deliberadamente as pessoas. O problema julgo que ultrapassará muito as questões éticas evidentes de utilizar um nome que não lhe pertence. No último post diz que com o blogue pretendia que o MEC voltasse à blogosfera. Se isso é verdade, descobriu a maneira mais tortuosa e ignóbil de o fazer. É no que dá ser estúpido e ter iniciativa.
[ Carla Hilário de Almeida Quevedo in Bomba Inteligente]

REVOLUÇÃO TRANQUILA
Eu sempre achei que Agosto pode ser um mês muito produtivo. E este tem sido. Podem comprová-lo pela revolução tranquila que tem acontecido aqui ao lado na coluna da direita. É verdade que o cemitério de blogues na secção "partidos do passado" tem engordado substancialmente.
[ Jorge Ferreira in Tomar Partido]

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[ cjt ] às 15:26 link do post comentar adicionar aos favoritos
Demonstração 002
Não é necessário ter um blog "de Informação" para se cumprir algumas regras que considero básicas da etiqueta, correcção e, sobretudo, bom senso.
Para publicar uma notícia e uma opinião sobre a notícia existem ferramentas muito boas e que até nos poupam algum trabalho [se não quisermos andar em cima da estética do blog], como o Bloglines, um agregador de feeds que permite o envio de e-mail dos artigos seleccionados para qualquer endereço, inclusivamente os do blog.
Assim, com a opinião acerca do artigo devidamente apartada e com todas as referências possíveis [mantendo alguma personalidade do blog de origem], é possível fazer algo de engraçado.
O exemplo não é o mais imparcial [o blog é meu] mas dá para ver qualquer coisa.
Acerca de situações a evitar existiriam também muitos exemplos mas decidi que este blog não os publicitará.
[ categorias ]: ,
[ cjt ] às 14:44 link do post comentar adicionar aos favoritos
Blogosfera - Motivações Básicas II

"Ser jornalista é, antes de mais, pensar. Tentar perceber, encontrar pontes, pontos de ancoragem, entre o que surge como objecto e uma perspectiva própria.
Filtrar em si aquilo que se noticia ou reporta, verter a voz no que faz".
Fernanda Câncio, Para que serve um jornal, DN, 21.7.2006"

A TV dá notícias pela rama, elegendo o sensacionalismo em detrimento da profundidade e da reflexão e apostando tudo na força das imagens? Eis os jornais a diminuir o tamanho dos textos, a segmentá-los em pedacinhos mais deglutíveis, a carregar-se de fotos e infografias como se esse mimetismo não fizesse mais que assumir e apressar a derrota. As pessoas estão cada vez mais ignorantes e lêem cada vez menos? Dêmos-lhes cada vez menos que pensar e menos que ler".Idem, Ibid.
via "Jornalismo e Comunicação"

A Informação Alternativa
O blog informativo é, por excelência, o mais difícil de manter. A sua actualização constante, a sua periodicidade, tornam-no uma ocupação a tempo inteiro.
O seu objectivo principal parece ser o de fazer chegar a informação que não aparece noutros meios ou de desenvolver temas com mais profundidade, recolhendo matéria diversa. Este tipo de blog, no entanto, não consegue, na maioria das vezes, escapar ao cunho marcadamente pessoal do autor sendo, por vezes, apenas mais um blog de opinião.
Não raras vezes, e à semelhança dos restantes orgãos informativos, limita-se apenas a fazer copy-paste da notícia e a despachar uma ou outra opinião sobre o assunto.
A diferença está, uma vez mais, na assinatura e na responsabilidade que esta implica. Nada me impede de ter um blog supostamente informativo que divulgue notícias temperadas a meu gosto. Essas notícias, de uma forma ou de outra, irão parar a um motor de busca qualquer e, dada uma procura de artigos acerca de um determinado assunto, uma qualquer pessoa deparará com o meu escrito, por exemplo, no Google.
Está no meio, o que a fará diferente das outras em termos de fidelidade ao tema, de objectividade? Eu, [ cjt ], sou tão fidedigno como qualquer outro que assine com três iniciais? Eu, Carlos José Teixeira, serei tão autorizado a divulgar objectivamente a notícia e a tecer considerações acerca desta? Claro que sim.
A democratização do sistema informativo [se podemos considerar um sistema] é, neste contexto, um problema. Se eu opto por canalizar informação, devo claramente indicar a sua proveniência e se acho que devo tecer um comentário, devo fazê-lo esclarecendo que este não faz parte da notíca.
A maioria dos blogs de carácter informativo não cumprem estas regras. Limitam-se a divulgar uma qualquer notícia recorrendo à cópia e, mesmo referindo a sua origem [o que acontece em bastantes casos por intermédio de link e não como na "caixa acima"], não se coibem de dar as suas opiniões ainda no corpo do artigo, tornando este uma mera opinião mas de forma que, muitas das vezes, não se distingue muito bem o que é notícia e o que é opinião.
A motivação básica deste bloggers "jornalistas" é a de obterem feedback polémico que sustente as suas caixas de comentários, os seus e-mails e os pay-per-click. Não deve ser confundida com a dos blogs realmente informativos que, apesar de serem milhentos a expor a mesma notícia, não misturam alhos com bugalhos.
A destes últimos parece ser a de realmente oferecerem canais alternativos onde a notícia possa ser aprofundada, desenvolvida e discutida. A opinião cabe ao leitor e só a este.
[ categorias ]:
[ cjt ] às 08:14 link do post comentar adicionar aos favoritos

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

daqui a 23 horas


apareçam nas roulottes do Alto dos Moinhos para atestar o estômago antes dos 5 a 1

tudo o que deve saber sobre a Dia D (II)


também pode ver logo na RTP1

parabéns Mariana, Bernardo, João, Miguel A, Miguel G



tudo o que deve saber sobre a Dia D


o melhor será perguntar ao Hugo

o meu pai (II)

recordo-me de o meu pai sempre ter dito que ficaria chocado quando o Freitas do Amaral elogiasse o Álvaro Cunhal. que pensará ele do elogio do Jerónimo de Sousa ao ex-MNE?

Foi um Erro. Pronto. De certeza não foi propositado. Pronto.

Ia jurar ter visto o post publicado ainda agorinha mesmo. Agora já cá não está.
Naturalmente deverá ter existido um qualquer problema que eu, ignorante das informáticas cousas, não ouso sequer vislumbrar.
Não fosse este um blog saudavelmente livre e escrito por pessoas de bem, e pensaria que talvez me tivessem apagado o artigo sem sequer avisarem [para o que bastaria seguir o link e lá deixar mensagem ou e-mail...]
Mas como eu sei, tenho a certeza de que ninguém que aqui escreva seja capaz de fazer uma estupidez dessas, vou fazer de conta nunca ter aqui publicado a resenha do [ a grande fábrica de vento ] e não vou embarcar em teorias de hacker à Abrupto ou coisa que o valha.
Deve ter sido um erro. Lamentável. Foi um erro, foi o que foi. Lamentável.
Pronto.
[cjt]

[ anti-blog ]

Segunda-feira, 21 de Agosto de 2006

Blogosfera - Motivações Básicas I
O Mundo conhecido está recheado de blogs. Há blogs para todos os gostos e feitios, desde o blog da menina que regista publicamente as entradas do seu diário secreto ao maduro que anda por aqui a ver se dá numa de sedutor passando, claro está, pelas mais vistosas e suculentas bundas importadas directamente do Brasil e pelos sagrados vídeos pornográficos feitos por amadores. Também há os que não fazem absolutamente nada e que, à falta de projecto consistente, teimam em fundar blogs por aqui e por ali, matando-os logo de seguida por manifesta incapacidade de alimentar a besta, caso deste vosso dedicado escriba. Por fim, há os casos sérios de bloguística sapiência e maturidade, casos raros de longevidade lúcida e os seus opostos, casos de longevidade gágá mas que, ainda assim, mantêm os seus clientes pregados ao monitor fazendo comentários por dá cá aquela palha, mesmo que o assunto de um post seja tão merdoso como um "emoticon".
Andy Warhol deixou-nos em testamento o cronómetro da Fama a que cada um de nós tínhamos direito. A professora da série dos idos 70, "Fame", deixou-nos o pensamento "a Fama paga-se". Nota-se que tanto um como a outra não chegaram a conhecer a Internet.
Actualmente a Fama pode durar anos e, cada vez mais, cada um de nós tem direito a ela. Gratuitamente. A blogosfera está agora repleta de seres que se contradizem e que, estou convencido, começam a sofrer de dissociações de personalidade: cada um dos seres da blogosfera tem a sua realidade dividida entre o meio físico, onde cada passo que dá depende das condições da envolvente, e o meio do "media", onde um "nickname" lhe dá poderes extraordinários, poderes que lhe permitem ser quem deseja ser. Sem responsabilidade de maior.
Claro que há excepções e honrosas: existem os que escrevem na tentativa de serem, realmente, um canal de informação alternativa, uma escola, um romance... mas são poucos quando comparados com a autêntica galáxia de inutilidade que este meio apresenta.
Creio que, na maioria dos casos, o blog é uma personalidade secreta, daquelas que se ostenta apenas num determinado meio e que não se mostra em casa. E isso é triste.
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[ cjt ] às 14:57 link do post comentar

Proposta do [ anti-blog ]
A proposta do [anti-blog] é simples: tentará demonstrar que não é difícil criar um blog completamente inútil.
Esta demonstração pretende desmistificar a ideia segundo a qual apenas as mentes mais esclarecidas têm a capacidade de se revelarem totalmente inúteis, provando que o disparate está ao alcance de qualquer um.
As ferramentas utilizadas nesta demonstração são básicas: a descarada falta de inspiração do autor, os restantes blogs e uma enorme quantidade de tempo a dispender em exercícios de estilo completamente inúteis. Trata-se, assim, de um estudo perfeitamente credenciado e que, chegado o tempo, será constituído em tese de doutoramento sob o título "Da Imensidão De Inutilidades Que Podem Ser Encontradas Na Belogoesfera E Da Necessidade Espiritual Dos Tais 15 Segundos De Fama Que O Andy Prometeu Ao Pessoal - A Farsa Da Intelectualidade Caseira E As Inspirações Dos Mais Grandes Da Nossa Praça".
Por agora estamos conversados, a seguir se ditarão algumas considerações prévias.
categorias:
[ cjt ] às 14:42 link do post comentar

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

qu’é qu’é isto?



quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Morte [002]
É tarde, sabes?
Avançar no caminho, a esta hora, torna-se penoso. É já toda uma idade de corridas sem refúgio nem descanso. As pernas ressentem-se com facilidade, agora, e não obedecem como era costume.
Gostaria de ficar mais um pouco mas os olhos não querem acompanhar os teus movimentos, recusam-se a aceitar a luz que propagas. É pena, decerto, mas inevitável.
Haverá outras oportunidades. Agora deixo-te. Guarda-me.
[ CJT ]
Frase matinal

"[...] as Palavras parecem uma "arma" desigual. Parecem, não são. Cada palavra inquieta, cada palavra revoltada é uma palavra a menos, em nome de guerras a mais. "
[Eta]
Abrupto Hacker Blog Falso Conspiração [II]

À hora do fecho da redacção cumpre-me informar que não se verificou o desejado "Efeito Viagra" neste belogue.Tal falhanço poderá significar várias coisas:1 - Já não interessa a ninguém o caso da falsificação do belogue de JPP2 - Aquilo está definitivamente arranjado3 - Isto não adianta nada, o melhor é eu tentar escrever alguma coisa de jeito.Em todo o caso, não é o que se passa com o "Abrupto" que, conforme podemos ver no "Blogómetro" continua, a esta hora, comodamente instalado num saboroso terceiro lugar mesmo ali entre "O vizinho [M18] - Só carne de primeira" e o "Apanhadas na Net", numa lista encimada pelo incontornável "Aqui é só Gatas".
[ CJT ] ligações a este post [ comentar ]
onde está o vinho?

É o grito desesperado de Fernando Maurício muito bem explicado por polegar sangrento no seu post e comentário final [a ler também] e que termina com a constatação lúgrube e certeira de que "Realmente o mundo está todo fodido".
E está.
Parecendo que não, a constatação de Maurício e a sua pergunta não são descabidas. Bastará olhar para o que se passa em Canãa, a preterida libanesa em favor da nazarena, onde o vinho faltou nas bodas e onde falta agora, mais que nunca; bodas de sangue que não param.
Onde está o vinho? perguntam os milhões que assistem, tomam parte, são parte, que morrem, que ficam estropiados, desolados, desalojados, Onde está o vinho?, o vinho que um suposto deus resolveu arranjar à última hora para que a festa continuasse.
Não há vinho? Não há Deus? Não há Boda?
Há sangue.
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Abrupto Hacker Blog Falso Conspiração

Pois começa assim a minha experiência do "Efeito Viagra". Começo por falar no belogue "Abrupto" de JPP que, como sabemos é o belogue de um ilustre que calha de ser um dos mais lidos da belogoesfera.
Aparentemente este belogue tem sofrido ataques de um hacker [anglicismo para ácaro] e conseguiu ter um clone, um Falso Abrupto com o mesmo endereço e tudo.
Segundo JPP, tal situação configura-se, sem sombra para dúvidas, numa conspiração contra o intelectual da nossa praça cujos motivos obscuros não puderam, contudo, ser ainda apurados.
Se isto não me garante ainda um "Efeito Viagra", não sei o que faça a não ser englobar este post numa categoria mais alternativa e de conotação sexual e terrorista.
Entretanto, quem parece estar no bom caminho para auiliar JPP [e a nós que não teremos que apanhar com ele] é o "Apdeites" que já vai no 4º post acerca do assunto e que apresenta algumas sábias palavras acerca deste [sábias que devem ser, na medida que eu não percebo patavina do assunto - e quando eu não percebo é, de certeza, transcendente ao comum dos mortais].
Bom, agora vou preparar-me para o volumoso aumento de tráfego que este belogue irá, decerto, conseguir.
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efeito viagra

Sigo aqui as pisadas de Paulo Querido que faz experiências com o Google e restantes na tentativa de demonstrar o Efeito Viagra.
No entanto, quero acrescentar que a ideia não é nova. Eu próprio, há já alguns anos, tive uma "campanha" contra os tops do SAPO em que construí diversos belogues com títulos como "Delírios Anais", "Confissões de um Casal Depravado", "Freiras Gulosas", entre outros, e que iam dar directamente ao "Blog de Alterne" [entretanto desaparecido e que não tem nada a ver com o actual] tendo, quase de imediato, ascendido aos primeiros lugares do podium.
No entanto desta vez não vai ser assim conforme poderão ver a seguir.
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Adeus, Gi
by
Carlos José Teixeira on Wed 02 Aug 2006 08:47 WEST

Não lhe conhecemos a cara, apenas o nome e a desconfortável situação de ter nascido num corpo estranho, coisa que à maioria de nós ultrapassa o sentido.Nascida Gisberto, deu em Gisberta por opção firme e contrariando o mundo. Talvez tenha sido essa opção que a fez viver a vida que viveu, talvez tenha sido essa que lhe tenha provocado a morte. E não foi uma morte normal, foi violenta, de excessiva violência.Foi espancada, violentada e atirada a um poço, sabe-se que ainda viva, por um grupo de jovens atiçados por motivações que só a psicologia e a psiquiatria entendem.Não vou aqui tecer considerações muito vastas acerca do assunto mas vejo-me obrigado a pensar na vítima primeira, a Gisberta e na vítima segunda, a sociedade.Gisberta morreu. Está morta para sempre, facto incontornável provado pelo corpo analisado na morgue. Os miúdos que cometeram este hediondo crime foram julgados e condenados a penas de semi-internato por períodos de relativa duração, como o são todas as durações e, por fim, a instituição que os abrigava irá ser, ao que parece, objecto de processo.O que está mal neste panorama?O que está mal é a forma como se diz a qualquer puto que poderá, a partir de agora, espancar, violentar, assassinar, profanar o cadáver de qualquer transexual, bicha, drogado, preto, arrumador, velho, indigente, sem-abrigo, que a pena não há-de ser grande coisa. É a forma como se diz a qualquer meliante que, de ora em diante, poderá usar crianças para concretizar assaltos e danos, ataques, seja o que for.O que está mal é ficarmos a saber que a Lei, serva da Justiça, e que deveria ser a garantia de que todos somos, efectivamente, iguais, apenas serve para nos informar que nós, a sociedade, estamos tão mortos como a Gisberta.
Agora vamos todos esquecer Gisberta se é que alguma vez a lembramos. É que ela nunca apareceu na televisão... existirá?
Adeus, Gi.
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Qana
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Carlos José Teixeira on Mon 31 Jul 2006 09:08 WEST

Era menino quando ouvi falar de Qana, eu e todos os que comigo andavam na catequese. Chamava-se, por essa alturas, Canãa e era o local onde Cristo teria operado o seu primeiro milagre, milagre feliz, de transformar a água em vinho para que as bodas pudessem continuar. Existe alguma polémica acerca do verdadeiro local referido por S. João - os israelitas afirmam que o local será um outro, na Galileia, próximo de Nazaré onde JC passou a infância e os peritos bíblicos parecem dar razão aos judeus.
Seja esta ou outra, Canã não é mais o local onde alegremente se transforma água em vinho, é antes o local onde se transforma vida em sangue que mancha as ruas empoeiradas dos bombardeamentos.
Em 1996, as forças armadas israelitas perpetraram um ataque à região que se saldou em 105 mortos, três dos quais seria capacetes azuis da ONU e os restantes civis que se refugiavam na área fugindo dos bombardeamentos às suas aldeias. A operação "As Vinhas da Ira", que se saldou em 200 mortos e 400 feridos entre as forças da ONU e civis libaneses. 600 incursões aéreas e 23.000 obuses mais tarde, israel deixou no chão regado de sangue 175 mortos e 351 feridos, na sua maioria civis.
Agora, um bombardeamento que tudo leva a crer ter sido planeado, mata 57 pessoas, crianças incluídas.
É uma falácia pensar que a guerra é feita por e para militares e considero uma falácia ainda maior o termo "danos colaterias". Nunca houve, nunca há-de haver uma batalha que não tenha a mórbida contabilidade da previsão das baixas militares e dos civis mortos, estropiados, desalojados. Esta é a realidade.
Não há guerras limpas, o cenário dantesco atinge todos os que lá estão. Apenas os que, sentados em obscuros gabinetes gerem os títeres descarnados da opressão dos Povos e do assassínio de crianças, escondidos em tenebrosas ondas de fumo de charutos cubanos - é assim que os imagino - podem furtar-se a estas visões aterradoras.
Eles e nós que, sentados frente ao televisor, fingimos a consternação politicamente correcta e passamos as imagens para um canto recôndito do nosso cérebro assim que começa o nosso concurso televisivo preferido.
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A Causa das Coisas [Parte I]
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Carlos José Teixeira on Mon 31 Jul 2006 08:16 WEST

Fontes: Courrier Internacional por Fernando Madrinha, José Gil, Robert Fisk, Ari Shavit, Hani Al-Masri, Sever Plocker

Em 1953 Ben Gurion diria que “A menos que mostremos aos árabes que há um alto preço a pagar pelo assassínio de judeus, nós não iremos sobreviver”. Foi a partir desse momento que Israel adoptou o à-vontade com que pretende vingar-se da mais pequena provocação.
Durante os quase seis anos após o processo de paz de 2000 e o desmoronamento do plano de desocupação israelita para 2006, a estratégia israelita concentrou-se apenas no isolamento e no fecho das suas portas – o muro. Ao tirá-los da vista, desapareceria assim o mal estar de estarem, os próprios israelitas, fartos de toda a situação sem fim aparente à vista, conforme refere Ari Shavit. Mas essa estratégia não era assim tão primária e tinha factores a serem igualmente tomados em consideração como a demografia prestes a explodir, a ameaça existencial que pesava sobre o estado judaico e a ocupação sem futuro e, finalmente, na consciência perfeita de não existir uma parceiro palestiniano que os auxiliasse a sair dessa encruzilhada.
A desocupação originou a desordem absoluta em vez de criar uma nova ordem palestiniana, não criando uma estrutura política de consenso e estabilização do Médio Oriente e gerando o caos político inflamatório do conflito.
A Israel interessa agora isolar e destruir o Hezbollah, baluarte político-militar de um Líbano dependente.
As reacções desproporcionadas do exército israelita comportam já um saldo significativo de mortes numa proporção de um para 25 [sendo 25 as mortes de árabes, na sua esmagadora maioria civis inocentes, contra uma morte de um soldado israelita] e são, por si, um factor da escalada de violência nos territórios em conflito. A cada escalada do Tsahal, corresponderá sempre uma acção retaliatória do lado árabe. E o Tsahal é sempre desproporcionado na sua agressão.
A sociedade ocidental continua a aceitar placidamente expressões como “guerra”, “conflito regional”, “proporção de meios militares”, “âmbito territorial”, “duração prevista”, deixando assim que o número de vítimas libanesas aumente de dia para dia.
As críticas ao exército israelita, algumas feitas por judeus que apelidam o seu próprio estado de “Estado terrorista” ou as de Ahmadinejad que apelida esse estado de “nazi”, não poupam a antevisão de “danos colaterais” comuns a todas as guerras, quer queiramos, quer não.
É preciso insistir que a libertação de 1.3 milhões de palestinianos do jugo dos ocupantes israelitas é a única solução digna Mesmo agora, após as retaliações e ataques do Hezbollah que só servam aos opositores da desocupação, é necessário insistir que essa solução é a única adequada.
Entretanto, a opinião mundial deixa andar a situação em nome de uma suposta guerra contra o terrorismo e demais propaganda e aceita serena uma situação que acha normal e parte de uma guerra tradicional, com tudo o que de pior aí possa acontecer, uma guerra em que não se faz distinção entre alvos civis e alvos militares.
“Toda a gente vê uma dificuldade na questão entre árabes e judeus. Mas nem toda a gente vê que não há uma solução para esta questão. Nenhuma solução. Nós, enquanto nação, queremos que esta terra seja nossa; os árabes, como nação querem que esta terra seja deles.” diria, a propósito, o mesmo Ben Gurion citado pela “Time”. Isto demonstra cabalmente as motivações íntimas de Israel que parece, assim, não entender possível uma relação entre judeus e árabes no território. Como se fosse uma sina, indelével.

Esta agressão israelita provoca o apoio palestiniano às acções do Hezbollah contra Israel pois consideram ser esta a segunda frente que os aliviará dos seus sofrimentos. O Hezbollah, por seu turno, afirma querer a libertação dos prisioneiros palestinianos.
Na realidade, a população árabe acha que se todos os países árabes se empenhassem tanto como o Hezbollah, os resultados seriam muito mais concretos e favoráveis à sua causa.
No entanto, é nosso dever questionarmos o Hezbollah se este mediu realmente as consequências do seu acto ao sequestrar dois soldados israelitas, ao matar outros oito e, finalmente, a efectuar ataques com mísseis contra o território israelita.
O governo de Ehud Olmert tem usado estes actos como justificação para impor a resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que prevê o desarmamento do Hezbollah. Com isto, Israel poderá ainda provar ser o único senhor da região e que pode dela fazer o que muito bem entender, inclusivamente prolongar o actual estado das coisas indefinidamente. Ao transformar esta situação numa guerra regional, conseguiria assim tomar como cenário o dossier iraniano e as possíveis sanções contra Teerão. Assim, logo à partida, faria desaparecer a Palestina dos noticiários em horário nobre.
Por seu lado, o Hamas deveria repensar o facto de ter colocado o poder nas mãos de terceiros [Hezbollah, Síria e Irão] depois de não ter conseguido formar um governo estável e de ter provocado a reocupação da Faixa de Gaza ao ter sequestrado o cabo Gilad Shalit.
Como nos relembra Hani Al-Masri no seu artigo para o “Al-Ayyam” de Ramallah, “Tal como a Fatah, tem que evitar colocar todos os ovos no cesto de Washington, que está cada vez mais alinhado com Telavive, o Hamas tem que evitar entregar a causa palestiniana a potências regionais que só iriam explorá-la segundo os seus interesses.”
A entrega das negociações sobre os presos palestinianos e libaneses ao Hezbollah será, realmente, a melhor opção do Hamas? Ou irá complicar ainda mais as coisas?

De Telavive chega a opinião de que o governo de Olmert foi arrastado contra a sua vontade para uma guerra de duas frentes. Dada a impopularidade do executivo que Olmert lidera, não iria ser limitando-se a ameaças verbais que ele restabeleceria a confiança dos israelitas e ainda menos a sua força de dissuasão. Com um ponto fraco ameaçado, resta a Israel escolher entre a palavra e os actos.
Como aponta Sever Plocker em artigo para o “Yediot Aharonot” de Telavive, “Israel está confrontado com uma declaração de guerra de duas organizações terroristas: o Hamas sunita, a sul, e o Hezbollah xiita a norte. Ambos se recusam a reconhecer o direito à existência do nosso Estado. Ambos estão implantados nos territórios de que retiramos unilateralmente: Gaza [Agosto de 2005] e sul do Líbano [Maio de 2000]. Ambos sublevam multidões e testam a capacidade do exército e da população civil israelita de suportar a pressão. Se conseguirem sair de cabeça erguida desta guerra e puderem brandir o estandarte da vitória, isso significará simplesmente o fim do projecto sionista.”

Segundo José Gil, a “Guerra Israelo-Libanesa”parece ser uma metáfora. O consentimento prévio deste conflito por parte dos americanos é agora evidente. Esta é uma guerra sem declaração, sem invasão do território, com retaliações desproporcionadas, com o objectivo de extermínio de um grupo fundamentalista e extinção de um estado terrorista.
Esta guerra teve início no momento em que as negociações de paz mediadas pelos egípcios estava a finalizar e com provável sucesso. O interesse no falhanço das negociações tem possíveis interessados, o Hezbollah e a ala dura do Hamas, bem como a direita israelita.
Israel quer anular a pressão do eixo Teerão-Síria-Hezbollah-Hamas. Já que nem Israel nem os Estados Unidos podem atacar directamente o Irão, lançam-lhe um aviso e testam-lhe as capacidades político-militares. Provocam assim Teerão até que este ponha as suas garras de fora mas sem adoptar uma clara demonstração de força perante os EUA e Israel. Isto poderia assumir rapidamente a escala de conflito mundial.
Assim, Israel está em posição de força para negociar com Teerão e com uns fundamentalistas islâmicos enfraquecidos.
Mas, como os EUA no Iraque, Israel não pode pensar que o fundamentalismo palestiniano está definitivamente vencido e que a paz poderá finalmente surgir. Esse foi o erro americano.
No fim das contas, o Líbano que erguia agora a cabeça após todos os anos de conflito acabou, uma vez mais por pagar o preço mais alto.

Robert Fisk, por seu lado, descreve o processo no “The Independent” da forma seguinte:
“É uma questão síria. Eis a assustadora mensagem emitida por Damasco, a 12 de Julho, quando autorizou os seus aliados do Hezbollah a franquear a Linha Azul das Nações Unidas no sul do Líbano, a matar três soldados israelitas, a capturar dois outros e a exigir a libertação de presos libaneses detidos em Israel. Em poucas horas, o Líbano que começara a acreditar na paz deu consigo uma vez mais em guerra. Israel atribuiu a responsabilidade por estes incidentes ao governo libanês como se, impotente e minado pelas dissensões confessionais, este estivesse em condições de controlar o Hezbollah.”
Quem dirige o Líbano, na realidade, parece ser o presidente Bashar al-Assad, a partir de Damasco. A Síria tem assegurado o seu papel de mediadora do descontrolo a que esta guerra há-de chegar, altura em que Israel irá propor um cessar-fogo e em que todas as potências se dirigirão então para Damasco e não para Beirute, Damasco, a verdadeira capital do Líbano.
No entanto este plano acarreta riscos que começam já a tornar-se visíveis. Ehud Olmert envia o Tshal para o Líbano perdendo mais soldados. Infringindo as regras das Nações Unidas no Sul do Líbano, o Hezbollah ataca e atrai as esperadas represálias dos três ramos do exército israelita que flagelam, em simultâneo, um território debilitado de um país perigoso. Em Beirute muitos libaneses assistem escandalizados aos desfiles do Hezbollah que celebram o ataque relizado na fronteira, demonstrando assim a mais completa impotência da Administração libanesa.
Esperemos que estas acções não se precipitem numa escalada sem retorno.
Todos os partidos desta contenda sabem já as regras por que se gere este jogo e têm consciência de como irá acabar. À semelhança de Janeiro de 2004, de 1985 ou de 1982, as trocas de prisioneiros acabarão por se concretizar. Resta, até lá, definir a cruel contabilidade dos necessários mortos e estropiados.
O Hamas retirou o seu nome da conjuntura quando, a 12 de Julho, o seu porta-voz no Líbano negou existirem acções concertadas entre este movimento e o Hezbollah. Mas o facto é que o Hezbollah lançou o seu ataque na altura em que as sanções contra o eleito governo do Hamas tomaram efeito e o exército israelita iniciou as operações em Gaza. O Hezbollah tirará, com toda a certeza, partido de toda essa frustração.
“Entretanto, muitas pessoas – entre as quais políticos libaneses – consideram que o filho de Hafez al-Assad, Bashar, não possui nem a sabedoria nem o entendimento do poder que o pai possuía. Não esqueçamos que a Síria é um país cujo ministro do interior se terá suicidado, no ano passado, e cujos soldados tiveram que, na mesma época, abandonar o Líbano, quando Damasco foi suspeito de ter ordenado o assassinato de Rafik Hariri, o antigo primeiro-ministro libanês. Hoje, tudo isto pode parecer fora do contexto. Mas uma coisa é certa: Damasco continua a ser a chave de tudo.”

Segundo Ari Shavit, o logro da desocupação dos territórios da Palestina potenciaram o já há muito esperado, a Intifada. Segundo o seu artigo no “Ha’aretz” de Telavive, “Desta vez trata-se de uma Intifada de mísseis Qassam e Katiuchas, dos túneis subterrâneos e dos sequestros, do Hamas e da Hezbollah, apoiada pelo Irão e pela Síria. Essa Intifada está prestes a infligir ao unilateralismo israelita aquilo que a Intifada das pedras infligiu à ocupação israelita: a sua desqualificação. Esta Intifada não significa forçosamente que a desocupação não seja uma opção, que nenhuma retirada irá conduzir à estabilidade. Nenhum muro será alguma vez suficientemente alto para manter os zelotas afastados das nossas casas e o conflito longe dos nossos filhos. Nada pode isolar a avenida israelita do Médio Oriente que a rodeia.”
Israel terá, mais tarde ou mais cedo, que terminar com a ocupação e partilhar o território. Não há, no entanto, uma forma simples de o fazer.
Ainda segundo o mesmo Ari Shavit, “Será preciso voltar a pôr em funcionamento a nossa obra e reflectir em novas pistas. Israel tem uma necessidade desesperada de um novo conceito diplomático, de um novo conceito estratégico, de uma Quarta Via.”

Não há solução aparente à vista e Israel teme que qualquer mínima vitória dos movimentos islamitas liberte os demónios aos quatro ventos árabes. É portanto essencial que Israel destrua as duas organizações e as obrigue a aceitar um cessar-fogo em posição de fraqueza.
No entanto, não deve esquecer que os golpes desferidos a estas organizações, por vezes, deixam-nas refortalecidas em vez de enfraquecidas.
Pergunta Sever Plocker se “Estaremos assim tão nostálgicos de um passado que tantas vidas humanas custou? Fará sentido submeter a pressão máxima as populações xiitas do Líbano para que estas façam pressão sobre Beirute, para que Beirute faça pressão sobre Damasco, para que depois a Síria faça pressão sobre o Irão e para que, finalmente, Teerão faça pressão sobre o Hezbollah e este último sobre o Hamas? Nos anos 90 Israel já testou, sem êxito, estas reacções em cadeia, aquando das suas ofensivas massivas no sul do Líbano.”


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Abrupto, claro.
by
Carlos José Teixeira on Thu 13 Jul 2006 01:51 WEST

LÁ VAMOS CANTANDO E RINDO...
Próxima agenda nacional: férias. Férias a seguir a férias, porque isto do Mundial foram também férias. Duvido que este festival de "auto-estima" não dê lugar a uma maior depressão. E não demorará muito tempo.
Os fogos continuam a bom ritmo, matando pelo caminho. Mas, como foram chilenos a maioria dos mortos, sem estarem embrulhados nas cores verde-rubras, não haverá muita comoção. Lá por Outubro, com as primeiras chuvas, com os meninos a ir para a escola, os engarrafamentos, a insuportável banalidade do dia a dia, a bolsa a apertar, as dívidas para pagar, como acontece sempre estas euforias vão azedar-se em múltiplas irritações. E como é que podia deixar de ser assim? O que é que construímos para ser diferente? Onde é que trabalhámos para ter mais? Onde é que poupámos para os dias maus? O que é que aprendemos para nos melhorarmos?
Para onde foi o tempo? A culpa será certamente dos "políticos", como é costume.Volto à minha velha imagem: parece o Titanic, com a orquestra a tocar e a maioria dos viajantes convencida de que é mais um concerto, mais um jogo, mais um Rock in Rio, tudo está bem, curte-se esta cena boa, amanhã se verá. Mais uma cerveja, mais um cachecol, mais uma bandeira, mais um "às armas" que "nós até os comemos!". E a água gelada a subir no porão, atingindo primeiro os da "terceira classe", mas subindo sempre. Sempre.
[in Abrupto, José Pacheco Pereira]
...
De: Carlos José Teixeira
Enviado por: googlemail.com
Para: jppereira@
Data: 13/07/2006 00:56

Assunto: Acerca do "LÁ VAMOS CANTANDO E RINDO..."
Curiosa, a sua analogia do Titanic e muito bem empregue [como lhe é próprio].
O problema, caro JPP, é que chegada a água ao compartimento da primeira classe - altura em que soam os apitos e os escaleres são baixados com toda a pressa - já a terceira e a segunda estão afogadas há muito...
O que resta então? Uma primeira classe que não terá mais nada a fazer senão boiar placidamente durante algum tempo até que um qualquer barco de pesca calhe de passar - declaradamente impune - por águas territoriais. Não se julgue, no entanto, que seja coisa digna de se ver, a dos infelizes náufragos que, sem terem quem lhes sirva o champanhe gelado e borbulhante com que se banqueteiam nas "tendas VIP" tão em voga, ver-se-ão reduzidos uma vez mais à infame condição de pedintes em "vernissages" europeias de brigadas do croquete. Os da segunda e terceira rapidamente serão esquecidos e depressa serão substituídos... à velocidade que desaparecerão dos "prime-times" que se ocuparão, uma vez mais, das escandaleiras substitutas do saudoso "pão e circo" tão amplamente distribuído. E os subsídios, a prorrogação dos prazos, o D. Sebastião, virão.
Que fazer, então?
Enveredar pela recuperação económica? Questionar uma agenda de farsa política e económica? Reconquistar a confiança política dos [alguns] eleitores? Tornarem-se, definitivamente, honestos e transparentes?
Façam o que fizerem, que não vão a banhos, diz-se que os afogados têm a mania de voltar e puxar ao fundo os que se aventuram em trágicas águas.
Cumprimentos,
Carlos José Teixeira
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Filantropias e "Empreendorismo Social"
by
Carlos José Teixeira on Thu 13 Jul 2006 01:46 WEST

São os olhares de Tiago Azevedo Fernandes nos artigos publicados sob os títulos Filantropia e o "empreendorismo social" a focarem visões relacionadas com o tema Liberal-Comunismo, escarrapachado lá mais abaixo.
Valha-me o tempo e hei-de fazer um "digest" das fontes lá publicadas.
Para já, vão lá e leiam esses e os outros.
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Depois de Zarqawi
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Carlos José Teixeira on Thu 13 Jul 2006 00:35 WEST

"A nossa nação muçulmana surpreendeu-se ao saber que o valente cavalheiro, o leão da Jihad e o homem de decisão e rectidão, Abu Musab al-Zarqawi, tinha morrido numa operação americana vergonhosa. Esperamos que Deus o receba entre os mártires". "O estandarte não foi derrubado, foi apenas transferido de um leão do Islão a outro". "Vamos continuar, com a permissão de Deus, a luta contra vós e os vossos aliados em todos os lugares... No Iraque, Afeganistão, Somália e Sudão, até que acabemos com seu dinheiro, matemos seus homens, e vocês voltem para casa como perdedores, como na Somália". “Zarqawi matava todo aquele que fizesse parte dos cruzados, contra os muçulmanos, não importava quem fosse, independentemente de sua crença ou seu clã".
Foram estas algumas declarações de Osama Bin Laden divulgadas num site da organização terrorista que lidera.No último dia 23, o número dois da Al Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, comprometeu-se a vingar a morte de Zarqawi, chamado de "emir dos mártires". Na fita de vídeo divulgada pelo canal "Al Jazira", Zawahiri pediu aos "mujahedin" (combatentes islâmicos) do Iraque que continuassem a luta contra as tropas americanas no país.



1. E a vida continua

Zarqawi
A fotografia do cadáver de Abu Mussab al-Zarqawi correu o mundo como troféu da caça à famigerada rede terrorista Al-Qaeda.
Zarqawi conseguiu, com eficácia, lançar uma contra a outra as duas principais correntes religiosas islâmicas recorrendo a estratégias de violência extrema como atentados em grande escala como o perpetrado contra a Mesquita de Ouro em Samarra, Fevereiro passado. Tão importante é esta situação que começou a falar-se no “efeito Zarqawi” como maior potenciador do afastamento de muçulmanos do radicalismo que a própria “campanha de democratização” americana.
Zarqawi tinha frequentes confrontos com Bin Laden acerca da forma de actuação, tendo sido mais que uma vez chamado à atenção de que este tipo de estratégia – os ataques a xiitas - iria, mais tarde ou mais cedo, trazer para a organização. Zarqawi não o ouviu.

Apesar de não ter uma estatura como a de Bin Laden, detinha bastante influência na organização. Utilizava o Iraque como base de desestabilização do Médio Oriente e, desde Novembro passado, exportava o terrorismo como fez na Jordânia ao explodir três hotéis geridos por americanos. Conseguiu ainda explorar eficazmente a frustração sunita sentida pelo fim do seu período de dominação do Iraque, cólera que se faz sentir a nível mundial dados os conflitos explícitos ou latentes que se verificam entre as duas correntes religiosas.
Arábia Saudita, Bahrain, Líbano, Paquistão, Turquia, são alguns dos pontos do globo onde estas diferenças poderão assumir proporções desastrosas. Refira-se ainda que grande parte dos territórios “barril de pólvora” são produtores de petróleo.
O National Couterterrorism Center informa que os homens de Zarqawi operam pelo menos em 40 países tendo ligações com 24 organizações extremistas tendo conseguido infiltrar um grande número de agentes no Afeganistão por forma a expandir os actos de violência contra o governo e as forças da Nato, informação adiantada pelos serviços secretos afegãos.

Continuidade
É certo que a organização terrorista de Bin Laden ficou debilitada com a perda de uma rede eficaz como a de Zarqawi. No entanto, não é de considerar que não hajam ou não venham a haver terroristas com igual ou superior capacidade à do recentemente abatido líder. É, portanto, uma questão de substituição, pura e simples. As motivações continuam… e agravam-se.
Uma das principais causas de a continuação das actividades terroristas poderem continuar é a sistemática ignorância ocidental no que se refere à compreensão do que é, realmente, a “jihad”.
Os americanos sabiam que Zarqawi circulava em terreno iraquiano há bastante tempo, já antes da invasão norte americana, mas Bush optou por divulgar a ideia de que as suas actividades estariam ligadas a Saddam Hussein, estabelecendo entre este e a Al-Qaeda uma ponte, uma ponte imaginária. Com o que Bush não contou foi com a insurreição que este vinha preparando.
Distraídos com a sua mentira, os americanos chegaram a deixar escapar duas boas oportunidades de o capturar na sua base, na zona curda do Iraque. Não passou muito tempo sem que se apercebessem da sua real importância, altura em que, ainda assim, optaram por divulgar a imagem de Zarqawi como sendo um líder de um pequeno grupo de terroristas.
Entretanto, assiste-se já à formação de novos terroristas e a mais ataques no estrangeiro. Toma-se conhecimento de células em vários países, como no Canadá onde foram presos 17 conspiradores na cidade de Toronto.

Autismo
Mas as autoridades e os media continuam a classificar as acções como “terrorismo jihadista”, modelo-chave que se apressaram a catalogar e que serve como pau para toda a colher: para a hierarquia da Al-Qaeda, para os iraquianos de Zarqawi, para os terroristas de Londres, para os de Madrid.
Insistem assim em ignorar a complexidade da questão que ultrapassa meras entradas em catálogos: as autoridades de Madrid referem uma possível ligação dos terroristas ao grupo de Zarqawi, alguns dos autores do atentado em Londres teriam sido formados no Paquistão, os recentes detidos em Toronto tinham ligações ao grupo iraquiano.

Facilidade
É um movimento social que a “jihad” se prende. As organizações terroristas são apenas uma ferramenta. São oportunistas e adaptáveis. São os nossos preconceitos que alimentam o seu sucesso, o nosso autismo preso em esquemas e organizações rígidas.
As nossas armas são a flexibilidade e a inovação, pelo menos tantas como as deles…

[“1. E a vida continua” contém adaptações de excertos do artigo de Daniel Benjamim e Steven Simon para o “The New York Times”]

2. A opção política
Segundo o “Al-Hayat”, a chave para o sucesso da operação que derrubou o líder terrorista deveu-se à sua associação com os sunitas no poder em Bagdade que deixaram de proteger Zarqawi. Para tal, aparentemente, terão utilizado a estrutura de poder em construção objectivando lugares a ocupar.
De qualquer forma é claro que esta operação foi somente possível porque muitos iraquianos se cansaram de olhar para o lado enquanto crimes hediondos eram praticados, crimes que não se enquadram nos seus objectivos nacionais, contrários ao pan-islamismo preconizado por Zarqawi.
Todavia, será conveniente recordar a Bush, acrescenta o jornal, que Zarqawi estava já derrotado politicamente no Iraque pelos sunitas… não vá eles esquecer-se.

3. A história futura
Sabemos que os atentados no Iraque têm tido a participação de suicidas vindos de Beirute, mais de mil árabes entraram no país para cometer atentados dessa espécie e entre eles, palestinianos de campos de refugiados no Líbano.
Sabemos que o apoio aos senhores da guerra na Somália não é eficaz contra os islamitas que, a partir de Mogad´scio já conseguiram organizar dois grandes atentados no Quénia e na Tanzânia, em 2001.
Sabemos que os Talibãs afegãos enviam regularmente felicitações pelos ataques às forças da coligação de ocupação do território iraquiano e que se reagrupam actualmente no Baluquistão com o apoio das autiridades.
Sabemos das células espalhadas pelo mundo.
O que não sabemos, afinal?

Consequências
O tipo de terrorismo actual praticado pelas organizações como a Al-Qaeda não é possível sem um treino adequado. Este tipo de eficácia é consequência directa do apoio e treino dos dirigentes e formadores dessas organizações por parte dos países ocidentais.
Os EUA têm a sua grande fatia desse bolo entalada na garganta:
No Afeganistão apoiaram os talibãs para expulsar os soviéticos, na Somália apoiaram um senhor da guerra contra os islâmicos, e por aí fora…
São simplesmente jogadas de apoios militares, tácticos, que cobrem os interesses políticos de poder na região.
O tipo de terrorismo actual é, simplesmente, consequência de não sabermos manter princípios básicos de honestidade política.

Futuro
A Al-Qaeda espalha já a sucessão pelos principais canais de informação, publicita-a e, sobretudo, coloca-a em prática.
A guerra da fé contra a guerra dos números – números económico-financeiros, números de efectivos armados, números de barris de petróleo – irá continuar a ser uma guerra terrorista e sem quartel sem conseguir obter a mínima compreensão ocidental acerca das motivações e das estratégias estupendamente flexíveis e adaptáveis aos mais variados contextos operacionais. Assistiremos ao aumento de demonstrações de força e de efectivos militares nas regiões afectadas assegurando a manutenção do “bem” e a derrota do “mal”. Assistiremos, por fim, ao recrudescimento das acções em grande escala nos territórios do Médio Oriente e, sobretudo, nos países “infiéis”.
Ou então, se tudo correr bem, assistiremos ao desenrolar de negociações políticas e sociais com as organizações que apoiam ou colidem com os grupos terroristas, criaremos grupos de pressão que lhes reduzam o espaço.
Para tal é essencial a transparência. Nos processos, na informação, na criação de oportunidades de negociação que não sejam espartilhadas por obscuros poderes económicos ou militares.
Talvez, um dia.




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Da Propaganda à Prepotência Arrivista
by
Carlos José Teixeira on Tue 11 Jul 2006 03:07 PDT

é um interessante post do Biranta no Sociocracia.
A focar sem reticências as hipocrisias da comunicação, as dualidades da linguagem, as "boas-vontades" difundidas em "prime-time" e os obscuros interesses dos que, encapotadamente, colaboram com as mais sinistras potências.
A ler, AQUI.
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Liberal-Comunismo
by Carlos José Teixeira on Tue 11 Jul 2006 00:57 WEST


Slavoj Zizek, London Review of Books [via COURRIER INTERNACIONAL]

Desde 2001, Davos e Porto Alegre são as cidades gémeas da globalização. Na elegante estância suíça de Davos, a elite mundial dos patrões, chefes de Estado e personalidades mediáticas reúne-se, sob forte vigilância policial, para o Fórum Económico Mundial, a fim de nos convencerem (e a eles mesmos) de que a globalização contém em si o seu próprio antídoto. Em Porto Alegre, um porto subtropical brasileiro, uma contra-elite defensora de uma globalização alternativa tenta persuadir-nos de que a globalização capitalista não é o nosso destino e que “outro mundo é possível”, para retomar o slogan inicial. Mas, desde há dois anos, as reuniões do Fórum Social fazem cada vez menos títulos de primeira página.
O que aconteceu Às grandes figuras de Porto Alegre? Uma coisa é certa: alguns passaram para Davos. Hoje, os que dão o tom ao Fórum Económico Mundial são o grupo de empresários que se definem ironicamente como “liberais-comunistas” e não aceitam oposição entre Davos e Porto Alegre. A acreditar neles, podemos ter o bolo capitalista mundial (prosperar nos negócios) e comê-lo (defender causas anticapitalistas, tais como a responsabilidade social, a ecologia, etc.). Não há necessidade de Porto Alegre: Davos pode passar a Porto Davos.
Quem são, então, esses liberais-comunistas? Os suspeitos do costume: Bill Gates e George Soros, os administradores do Google, da IBM, da Intel e do eBay, bom como os filósofos da corte, como Thomas Friedman (editorialista do “The New York Times”). Os verdadeiros conservadores de hoje, garantem eles, pertencem não apenas à velha direita, com o seu ridículo apego à autoridade, o seu gosto pela ordem e o seu patriotismo exacerbado, mas também à velha esquerda, perpetuamente em guerra contra o capitalismo. À esquerda e à direita, combate-se num teatro de sombras, a mil léguas das novas realidades. Na nova linguagem truncada dos liberais-comunistas, a palavra-chave desta realidade é “smart” (vivo, esperto). Ser “smart” é ser dinâmico e nómada, inimigo da burocracia centralizada, acreditar no diálogo e na cooperação contra a autoridade central, jogar na flexibilidade contra a rotina, pôr a cultura e o saber contra a produção industrial, privilegiar as trocas espontâneas e a autogestão dos sistemas contra as hierarquias imobilistas.
Bill Gates é o protótipo daquilo a que ele chama o “capitalismo sem fricções”, a sociedade pós-industrial e o “fim do trabalho”. Os programas informáticos estão a levar a melhor sobre o material e os jovens “nerds” (informáticos obcecados) sobre o velho director de fato preto. Nas sedes das novas empresas há pouca disciplina aparente: antigos “hackers” reinam como mestres, fazem jornadas de trabalho muito longas, bebem bebidas gratuitas num enquadramento esverdeado. Por trás de tudo isso está a ideia de que Gates é um marginal subversivo, um antigo “hacker” que tomou o poder e se disfarçou de administrador respeitável.
Os liberais-comunistas são quadros superiores que fazem renascer o espírito de contestação ou, para formular as coisas de outra maneira, uma espécie de tortuosos da contracultura que tomaram de assalto grandes empresas. A sua doutrina é uma versão modernizada da “mão invisível” de Adam Smith: o mercado e a responsabilidade social não são antagónicos, podem ser conciliados com vantagens mútuas. Como diz Friedman, já não é preciso ser-se um bandalho para fazer negócios: a colaboração com os assalariados, o diálogo com os consumidores e o respeito pelo ambiente são a chave do sucesso. Oliver Malnuit fez recentemente o levantamento dos dez mandamentos dos liberais-comunistas, na revista francesa “Tecnikart” (nº99, 25 de Janeiro de 2006), lista essa de que se segue um resumo:
Darás tudo (programas de livre acesso, fim dos direitos de autor); não facturarás senão os serviços adicionais, o que fará de ti rico.
Mudarás o mundo em vez de te contentares em vender coisas.
Terás sentido de partilha e responsabilidade social.
Serás criativo: privilegiarás o “design”, as novas tecnologias, as ciências.
Dirás tudo: não terás segredos, sacrificarás tudo ao culto da transparência e da livre circulação da informação; toda a Humanidade deve colaborar e dialogar.
Nunca trabalharás: os empregos fixos, das 9 às 17, não são para ti; para ti é a comunicação “smart”, dinâmica, flexível.
Voltarás para a escola: praticarás a formação permanente.
Serás uma enzima: não contente em trabalhar para o mercado, criarás novas formas de colaboração social
Acabarás pobre: redistribuirás as tuas riquezas por aqueles que delas necessitam pois possuis mais do que alguma vez poderás gastar.
Tu serás o estado: as empresas devem trabalhar em parceria com o estado.
Os liberais-comunistas são gente pragmática, recusam qualquer atitude doutrinária. Já não há classe operária explorada, apenas problemas concretos a resolver: fome em África, o destino das mulheres muçulmanas, violência fundamentalista. Não há nada de que os liberais-comunistas gostem tanto como de crises humanitárias: permitem-lhes dar o melhor deles mesmos. Assim que estala uma crise dessas em África, em vez de se porem com discursos anti-imperialistas, encontram em conjunto a melhor maneira de resolver o problema: pôr os indivíduos, os governos e as empresas ao serviço do interesse colectivo, agitar as coisas em vez de esperar toda a ajuda dos estados, abordar a crise de uma maneira criativa e original.
Os liberais-comunistas gostam de recordar que certas multinacionais não respeitaram as regras do “apartheid” no seio das suas próprias companhias. Abolir a segregação no seio da empresa, dar o mesmo salário a brancos e pretos pelo mesmo trabalho; eis um exemplo perfeito de imbricação entre o combate político e os interesses económicos, na medida em que as mesmas empresas prosperam agora na África do “pós-apartheid”.
Os liberais-comunistas adoram o Maio de 68. Que explosão de energia e criatividade juvenis! A ordem burocrática feita em estilhaços! A vida económica e social recebeu um tal impulso, depois de terminadas as ilusões políticas! Os que tinham idade para participar andavam na rua a contestar e a combater. Hoje, mudaram eles próprios, a fim de mudarem o mundo e revolucionam as nossas vidas à séria. Marx não tinha dito que todas as sublevações políticas não eram nada se comparadas com a invenção da máquina a vapor? Não teria ele dito hoje: o que são os combates anti-globalização comparados com a expansão da Internet?
Os liberais-comunistas são, sobretudo, verdadeiros cidadãos do mundo, gente boa que se preocupa com o resto do planeta. Inquietam-se com o fundamentalismo, o populismo e a irresponsabilidade de certos gigantes do capitalismo. Sabem bem que os problemas de hoje têm “causas profundas”: a pobreza e o desespero em grande escala geram o terrorismo fundamentalista. O objectivo dos liberais-comunistas não é ganhar dinheiro, mas mudar o mundo (e, de caminho, enriquecer ainda mais). Bill Gates é hoje o maior benfeitor individual da história da Humanidade. Estende o seu amor ao próximo dedicando milhões de dólares à educação, à luta contra a fome e o paludismo, etc. No entanto, as riquezas que se querem distribuir, têm que ser ganhas (ou, como diriam os liberais-comunistas, têm de ser criadas). E aí é que está o busílis. Para ajudar as pessoas, justificam-se, têm de obter os meios para o fazerem. E a experiência prova que a empresa privada é, de longe, a forma mais eficaz. Os métodos estatistas centralizados e colectivistas deram provas da sua ineficácia. Regulando a actividade das empresas, exigindo-lhes impostos desmedidos, o Estado mina a sua própria razão de ser: dar uma vida melhor ao maior número de pessoas, ajudar os que têm necessidade.

Dar sentido ao sucesso económico

Os liberais-comunistas não querem ser simples máquinas de lucros: querem dar um verdadeiro sentido às suas vidas. São contra as religiões de antigamente, apesar de serem adeptos da espiritualidade, da meditação não confessional (é sabido que o budismo prefigura as ciências cognitivas e o poder da meditação pode ser cientificamente medido). Fizeram da responsabilidade social e da gratidão o seu credo: são os primeiros a reconhecer que a sociedade os favoreceu incrivelmente, que lhes permitiu desenvolver os seus talentos e criar riqueza. Por isso, consideram ser seu dever dar contrapartidas à sociedade e ajudar as pessoas. O sucesso económico ganha assim todo o sentido.
Não se trata de um fenómeno inteiramente novo. Recordemos Andrew Carnegie que recrutou um exército privado para reprimir os movimentos sociais dentro das suas empresas metalúrgicas, o que não o impedia de redistribuir boa parte da sua fortuna para causas educativas, culturais e humanitárias, provando que, apesar de ser um homem de ferro, nem por isso deixava de ter um coração de oiro. Também os liberais-comunistas de hoje dão com uma mão o que tiram com outra.
Encontra-se hoje nas prateleiras americanas um laxante de gosto achocolatado cuja publicidade contém esta recomendação paradoxal: “Sofre de prisão de ventre? Coma muito deste chocolate!” Por outras palavras, coma uma coisa que, em si, é um factor de prisão de ventre. Reencontramos esta estrutura do laxante de chocolate na paisagem ideológica actual. E é isso que torna insuportável um personagem como George Soros. Ele encarna uma exploração financeira feroz aliada ao seu próprio antagonismo: uma preocupação humanitária pelas consequências sociais catastróficas de uma economia de mercado descontrolada. A rotina quotidiana de um Soros é aldrabice em dois actos: consagra metade do seu tempo de trabalho a especulações financeiras, a outra metade a actividades “humanitárias” (financiar actividades culturais e democráticas nos países pós-comunistas, escrever ensaios, etc.) que compensam os efeitos das suas próprias especulações. As duas faces de Bill Gates são exactamente como as duas caras de Soros: de um lado, um homem de negócios implacável, que esmaga ou compra os concorrentes para construir um quase-monopólio; do outro, o grande filantropo que faz questão de lembrar: “Para que serve terem computadores se as pessoas não têm o que comer?”.

Segundo a ética liberal comunista, a procura do lucro tem por contrapartida a caridade, que faz parte do jogo. A exploração económica dissimula-se por detrás dessa máscara humanitária. Os países desenvolvidos não cessam de “ajudar” os países não-desenvolvidos, inclusive através de créditos, recusando-se assim a reconhecer o verdadeiro problema: a sua cumplicidade e responsabilidade na miséria do terceiro Mundo. Para tudo o que se enquadra na oposição entre “smart” e “não-smart”, a ideia-chave é deslocalizar. Exporta-se a face escondida (e indispensável) da produção – o trabalho especializado e hierarquizado, a poluição – para países do Terceiro Mundo “não-smart” (países invisíveis do mundo capitalista). A prazo, o liberal-comunista sonhava exportar o conjunto da classe operária para as “sweat shops” (oficinas com efectivos mal pagos do terceiro Mundo).
Não tenhamos ilusões: hoje, os liberais-comunistas são o único e verdadeiro inimigo de todas as lutas progressistas. Todos os outros – fundamentalistas religiosos, terroristas, burocracias corruptas e ineficazes – são o produto de situações locais contingentes. Ora, é precisamente por quererem resolver todos estes desvios secundários do sistema global que os liberais-comunistas encarnam o que não funciona neste sistema. Pode revelar-se tacticamente necessária uma aliança com os liberais-comunistas para lutar contra o racismo, o sexismo e o obscurantismo religioso, mas não podemos esquecer do que são capazes.
Em “La crainte des masses” (O medo das massas, editora Galilée, 1997, inédito em português), Etienne Balibar distingue dois modos de violência excessiva, opostos mas complementares, no capitalismo de hoje: a violência objectiva (estrutural), inerente às condições sociais do capitalismo mundial (a criação automática de excluídos e indivíduos descartáveis, dos desempregados aos sem-abrigo) e a violência subjectiva dos novos fundamentalistas étnicos e/ou religiosos (racistas, em suma). Apesar se poderem combater a violência subjectiva, os liberais-comunistas são agentes dessa violência estrutural que exacerba a violência subjectiva. O mesmo Soros que dá milhões para financiar a educação destruiu a vida a milhares de pessoas com as suas especulações e assim as condições para uma escalada da intolerância que denuncia.

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