segunda-feira, 11 de julho de 2005

Outro fim




Uma vez escrevi sobre isso aqui, sobre o prazer que a dança me dava:

“Eu tenho, sempre tive, um fascínio absoluto pela dança. O que os corpos dizem, o que insinuam, o seu poder traçado na forma como conseguem superar-se, dobrar-se, elevar-se, entrançar-se. A sua fragilidade na forma como às vezes vergam ou se entregam. A dança para mim é isso, é a alma a soltar-se e o corpo o seu veículo, um prolongamento material da sua expressão.”

E falava do Ballet Gulbenkian, que agora morreu. Repentinamente. No auge de um fulgor criativo invulgar, onde novas experiências, coreografias e coreógrafos surgiam temporada após temporada para brindarem um público (crescente e) amante do melhor da dança contemporânea. Com um corpo de baile excepcional e um conjunto de directores artísticos digno de nota. Foi no Grande Auditório que vivi dos momentos que mais me emocionaram, nessa arte que é a dança.

Não sei se a direcção da Gulbenkian fez a opção certa, mas sei definitivamente que não a fez da maneira correcta. Esperemos que o que criou como alternativa em apoios aos bailarinos e a experiências de criação, dê os seus frutos e que esta morte seja então uma espécie de renascimento. Renascimento que desmultiplique a criatividade e faça o público e os obreiros do BG renascerem eles também.

Petição contra a extinção em http://www.petitiononline.com/bg05ext
SC

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