Em Lisboa, a memória do que foi segue o destino de tornar-se virtual. Pisá-la, é em crescendo um jogo levemente descuidado de pequenos saltos de betão em betão, que apaga e devolve à escuridão pedaços de estória(s) que a terra fixou. Camada após camada, em pequenos tremores, como se à modernidade fosse sendo proibido conter o que está para trás, aquilo que a constrói.
São diárias e tristes as notícias que nos dizem dessa perda, alzheimer induzida por quem os destinos lhe toma. Erguem-se paredes aflitas onde Garrett viveu outrora, abatem-se ruínas islâmicas estacionadas por baixo de D. João, e até as más memórias vão por fim desaparecer.
Quando a cidade já pouco souber de si, estará perdida. Até os anjos em trapézio sabem do privilégio vital que é lembrar o que em nós antecedeu.
SC
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