quarta-feira, 7 de junho de 2006

As Trevas do Silêncio e a Cumplicidade da Indiferença

É pelo mais fraco, pelo indefeso, pelo seu amordaçamento, violação dos seus direitos, pela sua exclusão que começa o assassínio de um Estado de Direito, a Democracia, a Humanidade.
É sempre em situações de crise que estas tendências tomam forma, em nome da “defesa da Liberdade”, da “manutenção da Ordem”, dos “direitos dos Trabalhadores”.
Nessas alturas, todos os prisioneiros, todos os acusados, deixam de ter direitos. Todos são suspeitos de ameaçar essas Liberdades e Garantias, de violar os sagrados direitos dos “cidadãos de origem”.
Parafraseando Sérgio Godinho, “inocentes são culpados de outros crimes”.
É por essas alturas que surgem as ameaças externas: os imigrantes que roubam o trabalho aos nacionais, que provocam insegurança. Os homossexuais que criam lóbis de pressão. Os religiosos que manipulam o Povo. Os políticos que cedem a pressões internacionais e se tornam traidores da Nação.

Esta ordem das coisas tem sido possível até agora pelo silêncio, pelo nosso silêncio. Pela nossa passividade de pessoas trabalhadoras que apenas querem que a sua vidinha corra.
É um silêncio cúmplice.

As argumentações habituais que legitimam toda essa “tomada de posição” por parte dos representantes de uma extrema-direita em ascensão tomam já forma adivinhando as crises de valores, de segurança, de emprego que irão escalar.
Devemos, firmemente, deixá-los saber que em nenhum caso se justificará o abuso, o vexame, a ilegalidade, a perseguição, os espancamentos, a morte, as “noites de cristal, os ghettos, as repatriações… a solução final. Porque não somos bárbaros. Porque somos Democratas. Porque somos Humanos.
Acabar com o silêncio é a única forma de evitar a derrocada final, de evitar as formas últimas de exclusão.
Não podemos esquecer-nos da forma como o nacional-socialismo se legitimou: pela negação da universalidade dos direitos do Homem usando e abusando das “crises sociais dos trabalhadores”, da “invasão imigrante”, do “controlo judeu”, acabando por legitimar assim a opressão, a escravatura, o extermínio dos “Untermenschen”.

Devemos estar atentos e não ceder a provocações de “lutas” que encapotam desavergonhadamente os mais hediondos crimes.
Quem viu o trabalho exibido pela RTP, ficou com a ideia do que movimenta essas massas… ou não.
O dirigente da FN Portugal foi hoje detido por posse de armamento e vai a tribunal.
Justiça ou Publicidade?
Aguardemos. Mas não serenamente.
Deixar os comentários em Untermenschen e Untermenschen II.

[CJT]

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