(ou já te converteste às luzes natalícias?)
… As lágrimas corriam-lhe enquanto se ouvia A Internacional.
Mas Ruža era crente. À medida que se aproximava o Natal, ela fazia sempre algo, ora limpava o pó, ora trocava os cortinados, ora ia ao cabeleireiro, ora vestia melhor as crianças, mas ele limitava-se a olhar, carrancudo. Sabia o que se estava a passar. Dois ou três dias antes do Natal chamava-a junto de si e dava-lhe um sermão: «Na minha casa o Natal não se festejará. Eu decidi-me uma vez por todas e não quero fazer como alguns. Lá fora é comunista, mas em casa parece a catedral de Zagrebe. Mas tu, perfeitamente, se queres o Natal, leva as crianças para casa da tua mãe ou para casa da minha. Festeja quanto quiseres, mas não me metas nisso.» E Ruža pegava nas crianças e um ano festejava em casa da mãe, outro na da sogra. A certa altura, aparecia, como passando por acaso, também Ivo T., vestido como num dia normal, sentava-se à mesa, como que por acaso bebia e petiscava, felicitava aqueles que festejavam e sublinhava: «A liberdade religiosa é garantida no socialismo.»
zé
segunda-feira, 20 de dezembro de 2004
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