A palavra é o desejo do espaço e o espaço do desejo
para que tudo o que em nós é confuso e vago
se transforme em leve arquitectura
com janelas para o mar ou campos ondulados
Não sabemos de onde vem esse desejo incandescente
se é do sangue da terra ou de um voluptuoso vento
e por isso ignoramos se o que escrevemos coincide
com o que em nós se cala numa intérmina neblina
Mesmo quando a palavra é tranparente e nua
nunca elimina esse silêncio de montanha imersa
e assim o que nunca foi dito ficará não dito
tão inatingível como a monótona claridade do dia
António Ramos Rosa
SC
terça-feira, 17 de janeiro de 2006
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