terça-feira, 14 de setembro de 2004

Separação de águas

A lógica é uma coisa engraçada. Uma espécie de ginástica do pensamento. E a propósito da dificuldade em definir limites para certas categorias dei por mim a pensar que só há um modo de dividir seja o que fôr em 2. Vamos ver se pensam como eu: Uma pessoa ou está a dormir ou está acordada. Está suja ou está limpa. Está a mentir ou a dizer a verdade. Uma coisa é nova ou usada. É pesada ou leve. É simples ou complicada. Errado, não é verdade? Com este tipo de exemplo, entra logo pelos olhos dentro que há um número infinito de categorias entre os dois pontos. É que separar águas é quase impossível!
E aqui vem o truque da lógica. É acrescentar a palavrinha NÃO. Já está. Divisão perfeita: o novo e o não-novo, o simples e o não-simples, a mentira e a não-mentira, o pesado e o não-pesado.
Mas agora vem a pirueta do pensamento que a lógica não abrange: falta a definição exacta do primeiro conceito. O que quer dizer “novo” ? O que é exactamente “sujo”? Lá vamos outra vez na montanha russa, sem uma indiscutível definição todo o raciocínio se desmorona. De facto a linguagem e a comunicação é bem difícil!
M.L.

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