by Carlos José Teixeira on Mon 10 Jul 2006 22:01 WEST
Em entrevista ao “The Independent”, Rageh Omaar, recentemente saído das fileiras da BBC para integrar a equipa da Al-Jazira, acusa os media ocidentais de fraude para com o público. Segundo ele, a apresentação que fazem deste conflito é tendenciosa.
O jornalista de 38 anos de idade afirma que os media não informam suficientemente o seu público da forma como as reportagens e as entrevistas são preparadas. “Alguns de nós somos culpados de fraude para com o público britânico”, explica. “Sinto-me muito incomodado com o facto de não acompanharmos de advertências as reportagens sobre o Iraque, porque não fazê-lo dá-lhes credibilidade.”
Em conversa com vários correspondentes veteranos Omaar ficou a saber que muitos deles não sentem vontade de voltar ao Iraque pois consideram não poder fazer o seu trabalho de forma correcta. “Quando um apresentador anuncia que Rageh Omaar, ou X, fez uma reportagem a partir de Bagdade, isso não é verdade porque eu nunca filmei no local. É demasiado perigoso. E não fui visitar as diferentes regiões porque é demasiado arriscado.” Segundo o jornalista é chegada a altura de os media assumirem as suas responsabilidades confessando que grande parte das imagens foram filmadas por free-lancers anónimos enquanto os jornalistas ocidentais permanecem em segurança na zona verde de Bagdade.
A Al-Jazira difundirá um novo trabalho de Omaar, “Witness”, no qual o jornalista apresentará trabalhos e perfis de colegas geralmente desconhecidos do grande público e ignorados pelas cadeias ocidentais, difundindo trabalhos desde Cuba e, Irão, entre outros, oferecendo assim “aos realizadores do mundo inteiro uma tribuna para se exprimirem.”
Omaar parece estar perfeitamente inserido na sua nova cadeia de televisão. Segundo ele, a Al-Jazira “quebrou o monopólio ocidental” e critica a forma como as cadeias ocidentais caracterizam esta estação. “A Al-Jazira é a porta-voz de Bin-Laden, é uma estação terrorista e, ainda mais escandaloso e delirante, estaria ligada à Al-Qaeda.” Para ele, a reputação não é justa pois a Al-Jazira teve a coragem de “lançar bombas culturais e políticas” num mundo árabe habituado ao peso e à censura. O exemplo que toma é o da denúncia, quando da divulgação das condições dos presos de Abu Grahib, das condições também desumanas das prisões árabes.
Omaar parece assim decidido a ficar pela estação que “não aceitará nenhuma influência. Não se preocupará com o que os outros jornais escrevem sobre ela. O pior já foi dito.”
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