Porque é que são sempre os cães pequenos que ladram...?
Lua
terça-feira, 30 de setembro de 2003
segunda-feira, 29 de setembro de 2003
Morder-lhes as calças :-
Os ingleses foram os primeiros. Os espanhóis já fizeram algum barulho. Os norte-americanos estão agora a começar uma longa maratona.
Dos quatro "quadrados dos Açores", já só falta Durão Barroso. A formiga e o anarca já deram o mote.
Terá Durão alguma vez tomado conhecimento de um relatório, onde supostamente estaria provada a existência de armas de destruição maciça no Iraque?
Se sim, por onde pára esse relatório? Se não, qual a motivação que o levou a coordenar a cimeira da "paz" nos Açores?
Continuarei sempre a desconfiar de apresentações em PowerPoint. Ainda mais, quando forem feitas perante audiências ignorantes e submissas.
WatchDog
Petisco
- Wuf!
- Béu.
- Grrrr.
- Caim, caim, caim!!!
- Tem calma. É só para saberes quem manda.
- Já estou mais aliviado. Acho eu...
- Agora vira para cá a nalga para eu cheirar.
- Está bem, mas depois vira tu a tua, que como és muito grande não dá para um 69 olfactivo.
- Ahh. Andas a comer Orlando. Os teus donos têm a mania da poupança e compram dessa treta no Lidl, não é?
- Pois. Eu já me fiz de esquisito e passei dois dias sem comer, mas depois a fome venceu o paladar. Agora habituei-me e já não custa tanto.
- Aconteceu-me o mesmo. Mas aquilo dava-me cá uma volta aos intestinos que acabava por borrar a casa toda, não me aguentava. Agora dão-me Eukanuba. Até uivo de prazer.
- Deixa lá cheirar. Mas... mas... não me cheira a Eukanuba! Cheira-me a torta de chocolate e fiambre.
- Ah, pois é. O Sr. Ventura, o dono do café, estraga-me com mimos. Mas não é todos os dias que o meu dono não deixa porque aquilo dá-me o mesmo efeito do Orlando. Mas sabe tão bem... Agora é só quando ele está distraído a ler o jornal que Sr. Ventura me dá qualquer coisa. Pudera, passo o tempo todo a olhar para a vitrine com cara de fome e o homem tem pena. Deve pensar que não me dão que comer em casa.
- És guloso, já vi. Somos dois. Eu por exemplo adoro manteiga de amendoim.
- Ah sim? Nunca provei.
- Pois é. A minha dona adora que eu lamba aquilo. Ela barra aquilo na... na... bem, está a puxar-me, quer ir embora. Ó dona, só mais um bocadinho...
- Espera aí, barra aquilo aonde? Ei! Diz lá!
- Não consigo, a coleira está-me a esganaaaaaaaaaar.
- Não ouvi! Ladra mais alto!
- Gasp! Gasp!
- Bolas. Não é justo. Toma lá uma dentada, dono!
- Aiii! Porra. Filho da mãe, logo me havia de calhar um cão maluco por 100 contos. Tanto rafeiro a precisar de casa e fui comprar este atrasado mental. Chiça penico! Sorte malvada.
Luis Duarte
- Béu.
- Grrrr.
- Caim, caim, caim!!!
- Tem calma. É só para saberes quem manda.
- Já estou mais aliviado. Acho eu...
- Agora vira para cá a nalga para eu cheirar.
- Está bem, mas depois vira tu a tua, que como és muito grande não dá para um 69 olfactivo.
- Ahh. Andas a comer Orlando. Os teus donos têm a mania da poupança e compram dessa treta no Lidl, não é?
- Pois. Eu já me fiz de esquisito e passei dois dias sem comer, mas depois a fome venceu o paladar. Agora habituei-me e já não custa tanto.
- Aconteceu-me o mesmo. Mas aquilo dava-me cá uma volta aos intestinos que acabava por borrar a casa toda, não me aguentava. Agora dão-me Eukanuba. Até uivo de prazer.
- Deixa lá cheirar. Mas... mas... não me cheira a Eukanuba! Cheira-me a torta de chocolate e fiambre.
- Ah, pois é. O Sr. Ventura, o dono do café, estraga-me com mimos. Mas não é todos os dias que o meu dono não deixa porque aquilo dá-me o mesmo efeito do Orlando. Mas sabe tão bem... Agora é só quando ele está distraído a ler o jornal que Sr. Ventura me dá qualquer coisa. Pudera, passo o tempo todo a olhar para a vitrine com cara de fome e o homem tem pena. Deve pensar que não me dão que comer em casa.
- És guloso, já vi. Somos dois. Eu por exemplo adoro manteiga de amendoim.
- Ah sim? Nunca provei.
- Pois é. A minha dona adora que eu lamba aquilo. Ela barra aquilo na... na... bem, está a puxar-me, quer ir embora. Ó dona, só mais um bocadinho...
- Espera aí, barra aquilo aonde? Ei! Diz lá!
- Não consigo, a coleira está-me a esganaaaaaaaaaar.
- Não ouvi! Ladra mais alto!
- Gasp! Gasp!
- Bolas. Não é justo. Toma lá uma dentada, dono!
- Aiii! Porra. Filho da mãe, logo me havia de calhar um cão maluco por 100 contos. Tanto rafeiro a precisar de casa e fui comprar este atrasado mental. Chiça penico! Sorte malvada.
Luis Duarte
Mais uma Revelação
Aquele cão que aparece na fotografia, não o pequeno labradorzinho "scottex", o grande labrador castanho chocolate chama-se Gramsci. Até aqui tudo bem.
O problema - lamento desiludir os admiradores do caodeguarda - é que o Gramsci, nos seus passeios, costuma fugir de todos os outros cães que simplesmente olhem para ele o que inclui esses seres repugnantes chamados caniche.
FJ
O problema - lamento desiludir os admiradores do caodeguarda - é que o Gramsci, nos seus passeios, costuma fugir de todos os outros cães que simplesmente olhem para ele o que inclui esses seres repugnantes chamados caniche.
FJ
Caniches e organismos geneticamente modificados
"Um caniche é um cão irritante que ladra estupidamente quando menos è preciso".
Ora, um caniche, como nós sabemos, é o resultado de uma interferência abusiva e de mau gosto dos humanos na reprodução animal.
Sabemos também que já há bastantes anos que o homem interfere, talvez também abusivamente, penso eu, na reprodução de organismos para consumo humano.
Estou a pensar nos chamados Organismos Geneticamente Modificados (OGM) que em tempos que já lá vão foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), que é a agência que nos Estados Unidos da América se ocupa da certificação de todos os produtos para consumo humano naquele país.
Ora, a interferência do homen na reprodução animal que originou os atuais caniches não nos pode levar a pensar que os filhos dos filhos dos nossos filhos não possam também vir, à semelhança dos atuais caniches, a "ladrar" estupidamente quando menos for preciso ?
Mais, não estaremos nós, os humanos do início do século XXI, já a "ladrar" mas de forma inaudível ? É uma dúvida.
PS. Um dos argumentos utilizados para a importancia da introdução dos OGM era de que, assim, poderíamos talvez resolver a fome no mundo, atendendo à elevada produtividade que era possível obter na indústria de produção de alimentos, principalmente milho e trigo. Estará a fome no mundo a diminuir? Todos sabemos que não.
M.C.S.
domingo, 28 de setembro de 2003
a metamorfose do cão de guarda
Não vamos pensar que algum político melindrado tenha mandar colocar um açaime no nosso cão maior. Talvez ele precisasse mesmo de se metamorfosear de anjo da guarda de todos nós. Assim seja para o bem da blogosfera.
Pequeno esclarecimento a ch!
Não ch, claro que não acho mal que as Marias possam ir com todos, pelo contrário, acho muito bem! Partindo do principio óbvio, que não seja a “minha” Maria, claro está!
O que não faço, e era ai que eu pretendia chegar, é colocar alguém de guarda ao meu quintal que vá com todos, seja a Maria ou a Antonieta. Servia também a observação para elogiar o bom trabalho do Cão de Guarda, ao serviço da comunidade e que tinha pena que acabasse mesmo que fosse só o formato!
Agora parece que a tarefa fica entregue a todos nós!
A ideia revolucionária não deixa de ser muito boa, assim todos consigamos guardar aquilo que realmente precisa de ser guardado!
Eu da minha parte vou tentar! Vou começar por guardar aquele helicóptero ao serviço dos bombeiros, que servia para fazer visitas turísticas á linda zona de Lamego, organizadas pelo comandante dos bombeiros daquela zona que afirmava com vaidade que cada hora de voo do aparelho custaria 700 contos ao Estado! Conforme excelente reportagem com camera oculta da SIC.
Ao Sr. Presidente da Câmara de Lamego, que ao que parece, não chegou a participar por falta de agenda, fica o aviso: nem se aproxime!... O Cão de Guarda é de todos mas continua a morder !!!
ass: Satellite of Love
O que não faço, e era ai que eu pretendia chegar, é colocar alguém de guarda ao meu quintal que vá com todos, seja a Maria ou a Antonieta. Servia também a observação para elogiar o bom trabalho do Cão de Guarda, ao serviço da comunidade e que tinha pena que acabasse mesmo que fosse só o formato!
Agora parece que a tarefa fica entregue a todos nós!
A ideia revolucionária não deixa de ser muito boa, assim todos consigamos guardar aquilo que realmente precisa de ser guardado!
Eu da minha parte vou tentar! Vou começar por guardar aquele helicóptero ao serviço dos bombeiros, que servia para fazer visitas turísticas á linda zona de Lamego, organizadas pelo comandante dos bombeiros daquela zona que afirmava com vaidade que cada hora de voo do aparelho custaria 700 contos ao Estado! Conforme excelente reportagem com camera oculta da SIC.
Ao Sr. Presidente da Câmara de Lamego, que ao que parece, não chegou a participar por falta de agenda, fica o aviso: nem se aproxime!... O Cão de Guarda é de todos mas continua a morder !!!
ass: Satellite of Love
Estamos a assistir a um momento histórico...
... Porventura este é o primeiro blog mundial que se abre a toda a comunidade blogger e não só. A quem quiser. É espaço público. O que não deixa de acarrretar responsabilidades. Perservem-no. Respeitem-no. Quanto mais o fizerem, mais tempo durará. E para ti caro João, longos parabéns. A idéia é não só GENIAL como completamente ORIGINAL. Tanto que agora me sinto como uma espécie de formiga-cão ou cão-formiga, ... já nem sei !
Ass: Ant-Colony
Ass: Ant-Colony
A Maria e o resto
Não vejo qual seja o problema em a "Maria ir com todos".
A não ser, claro, que os "todos" sejam expressões menores da espécie humana.
ch
Au au
Au au au au au au aua ua ua uaa ua aua uuuuuuuuuuuuuuuu
(tenho um cão que tb é blogger. eu só tenho é q editar)
sábado, 27 de setembro de 2003
Para uma Alimentação Comunitária :-
O Cão de Guarda passa a registo comunitário. Quem quiser brincar com ele, tem que o alimentar também.
As instruções de como o fazer estão na coluna da esquerda. É fácil, mas tenham em conta que o Cão gosta de ração de qualidade. E, por favor, não o envenenem.
Já agora, para os mais curiosos, aqui está a raça que eu sempre achei ser a do Cão de Guarda. Mas raças há muitas, desde que não seja caniche.
sexta-feira, 26 de setembro de 2003
Olho aberto :-
O Cão - ou melhor, o seu dono - anda a passear pela sua casa nova, mas não deixa de estar atento ao que aqui se passa.
E o que aqui se passa é que nunca o Cão de Guarda teve tanta gente para brincar com ele, como nos últimos dias. Quer seja a malta relativa à procura do Quatro meses (uns posts abaixo), quer seja a malta de langton a ver se a fotografia é mesmo a dele, todos querem brincar com o Cão.
E isso é bom, porque o Cão precisa de gente que cuide dele...
Pistas sobre o futuro :-
O futuro do Cão de Guarda não passa nem pela sua privatização, nem pela sua nacionalização.
E nem a Sociedade Protectora dos Animais ficará zangada.
quinta-feira, 25 de setembro de 2003
Eles é que me atiraram um osso! :- (act.2)
O que aqui estava escrito foi para os arquivos da memória. Não me está muito a apetecer manter polémicas em altura de descanso. Tudo o que tinha a dizer, disse-o por email.
Solução a ser trabalhada em laboratório :-
Muitos têm vindo a lamentar o descanso do Cão de Guarda. Alguns, têm mesmo chegado ao ponto de mostrar uma grande revolta perante tal decisão.
A minha irmã, por exemplo, enviou-me o e-mail mais crú e distante que alguma vez recebi vindo dela: «fica aqui o meu protesto», escreveu. Tal e qual. Sem mais, nem menos.
Estou certo, escreveu-o com a mesma intensidade que escreveria a primeira linha de um abaixo-assinado contra a penalização da prática do aborto. E isso fez-me retrair parcialmente.
A minha passagem para a-metamorfose não é certamente a mais pacífica, mas é aquela que permite manter a dignidade do Cão de Guarda, num contexto de menor disponibildade da minha parte.
Como diz o Anarca Constipado, só vale a pena ter cães "quando um gajo tropeça neles vai com o focinho ao chão e os gajos pensam que um tipo tava a fazer-lhes festas".
Além disso, a-metamorfose parece ter alguma qualidade. E não é tão diferente do Cão quanto isso. Pelo menos, a formiga - essa grande referência da blogosfera - assim o acha.
Mas podem descansar os mais incondicionais adeptos do Cão de Guarda. A solução está a ser trabalhada em laboratório e será original.
Para grandes Cães, grandes sacos de comida.
quarta-feira, 24 de setembro de 2003
Redireccionamentos :- (act.2)
Se está à procura de prosas com o mesmo flavor das escritas aqui, vá ao blogue a-metamorfose.
Se está à procura do post Quatro meses, vá dois posts abaixo.
NR. Tenho recebido vários protestos pelo descanso do Cão de Guarda. Eu sei que as pessoas gostam muito de lhe atirar uns ossos e de vê-lo correr por aí às mordidelas, mas o bicho está cansado. Há-de voltar a correr um dia, mas agora precisa de descansar. Além disso, é sempre possível brincar com ele aqui. É uma brincadeira mais suave, mas sempre é melhor que nada.
terça-feira, 23 de setembro de 2003
O descanso do Cão de Guarda :- (act.2)
O Cão de Guarda vai descansar durante alguns dias, porque o dono anda a bloggar noutros cantos da blogosfera, mais especificamente aqui.
Mandem um email se as saudades forem muitas.
Até breve.
NR1. a sofrer actualizações fictícias enquanto se arruma a casa...
NR2. a-metamorfose vai ganhando forma...
segunda-feira, 22 de setembro de 2003
Quatro meses :-
Há precisamente quatro meses, Paulo Pedroso estava a ser, pela primeira vez, interrogado pelo juíz Rui Teixeira no âmbito do processo que se convencionou chamar “Casa Pia”.
Hoje, encontra-se detido no Estabelecimento Prisional de Lisboa, sem que sobre ele tivesse sido formada qualquer acusação.
Há quatro meses, o Estado Português e os seus Cidadãos viram o deputado Paulo Pedroso responder da forma que lhe era exegível, ao pedido de audição feito pelo Ministério Público.
Não fosse a nossa curta história de prática democrática, e teríamos assimilado como “natural” a inteira disponibilidade de Paulo Pedroso em ser ouvido no Tribunal de Instrução Criminal; teríamos assimilado como “natural”, o seu pedido de não recusa do levantamento da imunidade parlamentar; e teríamos assimilado como “natural”, a sua inequívoca afirmação de uma inocência “desacreditada na opinião pública”.
Mas não o fizémos. A nossa des-educação em torno de valores como transparência, igualdade e responsabilidade, levou a que muitos de nós visse aí um acto de modernidade; um acto de heroísmo, no universo do serviço à causa pública. E é isso mesmo que o foi. Não pelo acto em si, mas pela ausência de referências passadas.
Com isso, Portugal tornou-se, há quatro meses, mais exigente e mais democrático.
Só que, durante os últimos quatro meses, o Estado Português e os seus Cidadãos não têm respondido na mesma linguagem, com a mesma dignidade e com a mesma maturidade democrática, ao apelo de Paulo Pedroso.
Jornalistas, políticos e figuras do Estado têm contribuido de forma irresponsável para uma ridícula degenerescência em torno do que aconteceu-ou-não-aconteceu na Casa Pia.
A sociedade portuguesa, por seu lado, tem discutido o indiscutível. Tem brincado às telenovelas com jovens de cara tapada; tem versado tecnicalidades e assumido responsabilidades laterais. Tem confiado na infinidade do tempo, e tem agido muito pouco.
Ao longo deste tempo todo, um só juíz – repito: um só juíz – achou válido o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público. E durante o mesmo período, o Estado Português não foi capaz de resolver uma contradiçao de termos: justiça sem recurso.
Com isso, Portugal tem sido, nos últimos quatro meses, assustadoramente medíocre.
A atitude de Paulo Pedroso, há quatro meses, não foi uma atitude fora do seu tempo. Foi, isso sim, uma atitude fora do seu espaço.
É que, neste tempo, já há muitos países por esse mundo fora, onde se teria respondido ao apelo de Paulo Pedroso na mesma linguagem em que ele foi feito: a linguagem da democracia socio-genética; da democracia enraizada.
domingo, 21 de setembro de 2003
Cidadão do Mundo :-
Nos primeiros 30 minutos do telejornal da RTP1 de ontem, ouvi Paulo Portas falar, em Ponte de Lima, sobre processos disciplinares a militantes do CDS/PP. Ouvi Paulo Portas falar sobre nação e tradição; sobre o "povo português que é trabalhador e se sabe divertir". Ouvi Paulo Portas falar sobre a sua presença nas festas, enquanto Ministro de Estado.
Nos primeiros 30 minutos do telejornal da RTP1 de ontem, vi Kofi Annan tocar percussão, na sede das Nações Unidas, ao lado do Ministro-Guitarrista Gilberto Gil. Vi Kofi Annan falar do Mundo e dos seus cidadãos. Vi, através das palavras de Kofi Annan, Sérgio ser aplaudido de pé.
Será que há alguma forma de eu deixar de ser cidadão de Portugal e passar a ser, exclusivamente, cidadão das Nações Unidas?
NR. Este post foi também publicado aqui.
sábado, 20 de setembro de 2003
Os "efeitos colaterais" de Isabel :-
Costuma-se dizer que as sondagens online não são "científicas". Mas, numa sociedade como a norte-americana, onde quase todas as pessoas que têm telefone têm, também, acesso à internet, não estarei muito longe da verdade se afirmar que as sondagens online são tão "científicas" como as realizadas por telefone.
´
Sei que tal afirmação cheira um bocadinho a provocação, mas, de uma forma tecnico-suave, 50 mil pessoas a responder a uma pergunta na internet, deve ser suficiente para colocar o ruído estatístico ao nível do verificado numa sondagem realizada por telefone a mil pessoas. Ou não?
Vem isto a propósito da sondagem que a CNN.com está a levar a cabo durante o dia de hoje, e à interpretação que podemos fazer - ou não - dos resultados da mesma.
À pergunta "What was this week's top news story?", 83% responderam "Furacão Isabel". 83% eram, quando eu vi os resultados, quase 40 mil pessoas (endereços IP, é o termo mais correcto). Em segundo lugar, com pouco mais de 4 mil votos (9%) está a história em torno dos "87 mil milhões de dólares que George W pediu à nação para continuar a guerra ao terrorismo". Em terceiro, com 5%, a demissão do boss da bolsa de Nova-Iorque. E em quarto, com 3%, a possibilidade das eleições "antecipadas" da Califórnia serem... adiadas.
Ou seja, não tivesse sido o furacão Isabel, e George W estaria certamente a ver o seu pedido não ser muito bem aceite pelos norte-americanos. Ou melhor, o pedido não foi bem aceite, mas Isabel funcionou claramente como anestésico das críticas. Pelo menos, até para a semana, quando já não se fizerem sentir os ventos ciclónicos.
sexta-feira, 19 de setembro de 2003
Trans-atlanticismos de direita :-
Nunca os governos de Portugal e dos EUA foram tão "amiguinhos" como actualmente. E, também, nunca Portugal e os EUA tiveram governos tão à direita como os de agora.
Subtilmente, a amizade Portas-Rumsfeld parece estar a produzir alguns frutos para a direita portuguesa mais tradicional e radical.
Então não é que a edição deste ano do "CIA factbook" tem, no fim da secção dedicada a Portugal, uma chamada sobre disputas internacionais que reza «Portugal has periodically reasserted claims to territories around the town of Olivenza, Spain.»
Vindo do nada, Olivença tornou-se, assim de repente, a Caxemira da Ibéria.
O bailado de Isabel (6) :-
19 de Setembro 08:00
tempestade tropical (ventos de 65 km/h)
40.3N 79.5W
34 km/h NNW
Kitty Hawk, Carolina do Norte [imagem: MSNBC]
Isabel perdeu o "estatuto" de furacão e é agora uma tempestade tropical, ainda suficientemente forte para fazer alguns estragos lá mais para norte.
Nestas latitudes, inundou toda a linha costeira da Carolina do Norte e da Virgínia; deixou centenas de milhares de pessoas sem energia eléctrica durante várias horas; provocou prejuízos de milhares de milhões de dólares e, até agora, 14 mortos. Pelas experências anteriores, este número irá, infelizmente, ser maior: muitas pessoas, ansiosas por regressar a casa, irão tentar atravessar estradas inundadas por rios, ou irão tentar afastar árvores e cabos eléctricos caídos. 60% das vítimas dos furacões resultam de acidentes que ocorrem nos dois dias seguintes à tempestade.
Aqui, vamos regressando à normalidade. Se não fossem algumas árvores caídas, não nos aperceberíamos que os braços de Isabel passaram por aqui perto. Está um dia de Sol igual aos de Lisboa e é altura de regressar ao "ground state".
quinta-feira, 18 de setembro de 2003
O bailado de Isabel (5) :-
18 de Setembro 13:00
categoria 2 (ventos de 160 km/h)
34.9N 76.1W
28 km/h NW
[imagem: NOAA]
Os ventos fortes já cá chegaram. As árvores são agora a maior ameaça. Numa terra onde há centenas de vezes mais árvores do que pessoas, é o mesmo que dizer uma grande ameaça. Talvez só minorada pelo facto de, no Inverno passado, ter havido uma enorme tempestade de gelo que destruiu muitas das que estavam mais frágeis.
Estamos sem luz e o acesso à internet é agora feito por modem. O rádio a pilhas também serve para nos mantermos informados.
Acho muito interessante a fotografia que aqui posto. Repare-se que é claramente visível, a noroeste, a dispersão da tempestade devida à interacção da massa do furacão com a placa continental.
O bailado de Isabel (4) :-
18 de Setembro 11:00
categoria 2 (ventos de 160 km/h)
34.4N 75.7W
28 km/h NW
[imagem: The Weather Channel]
Os furacões são fenómenos muito previsíveis. Mas, mesmo assim, não deixa de ser interessante constatar quão precisa foi a previsão, avançada há 5 dias, de que Isabel iria chegar à costa da Carolina do Norte na tarde de quinta-feira.
Os furacões - também chamados de tufões ou ciclones, noutras regiões do mundo - são fenómenos de larga escala temporal e espacial. São gigantescas massas de ar que se formam nos oceanos e se vão alimentado, ao longo de vários dias, das correntes quentes dos trópicos, até perderem toda a sua energia ao interagirem com as massas continentais.
Essa larga escala temporal e espacial torna-os objectos poderosos, mas "domesticáveis" - têm um enorme poder de destruição, mas é possível prever com grande antecedência o seu comportamento. E isso é um ponto a nosso favor.
Ao contrário, os tornados são fenómenos de pequena escala temporal e espacial. Pequenas perturbações locais na atmosfera, levam à formação de tornados, os quais nunca duram mais do que umas dezenas de minutos, e não se propagam por mais do que alguns kilómetros. Com ventos que podem atingir os 500 km/h (os de um furacão nunca passam dos 250 km/h), os tornados são fenómenos temíveis devido à sua imprevisibilidade.
A Natureza é uma coisa curiosa. Imagine-se um fenómeno com a dimensão de um furacão e a imprevisibilidade de um tornado. Ou um vírus contagioso como o ébola, mas com um período de incubação igual ao do HIV. Ou, ainda, um animal com a capacidade reprodutora de uma tartaruga gigante e "armado" com uma inteligência humana.
Às vezes, fico com a impressão que o "Anthropic Principle" faz todo o sentido.
A minha costela turca :-
Andei durante semanas a hesitar, mas hoje arranjei coragem e entrei. Ia morrendo de susto quando li o que por lá se escreve. Há dias em que me apetecia ser turco.
quarta-feira, 17 de setembro de 2003
Mensagens codificadas (3) :-
O meu blogue preferido "liga-me", mas não me "linka".
Descobri que o Nietzsche & Schopenhauer não é escrito por quem eu pensava. Ou será? O meu cérebro está num estado de elevada degenerescência.
O Adufe deu início a uma rúbrica, por causa de uma pergunta que aqui foi feita: Quem é que imagina que Paulo Portas possa verdadeiramente acreditar no "milagre de Nossa Senhora de Fátima"?
O Filipe Nunes voltou finalmente a postar; o Miguel Cabrita diz que alguns dos posts que aqui se publicam são um pouco caniches; a Mariana Vieira da Silva anda a chamar as coisas pelos nomes; e o Pedro Adão e Silva foi fazer surf para o Bali, quando as ondas por aqui estão muito maiores. Relativiza-se Portugal.
NR: No seguimento de um post anterior, a tradução para inglês do Cão de Guarda, feita automaticamente pelo Google, passa a estar disponível na Coluna Invertebrada, à esquerda.
Gatos de Schrödinger (3) :-
A computação quântica é uma ideia que anda a borbulhar na cabeça de físicos e matemáticos desde a altura do Feynman. E nos últimos anos, tem vindo a fazê-lo muito mais intensamente.
Mas embora ainda estejamos longe da transição de fase, o certo é que já há alguns textos que conseguem descrever, em linguagem clássica, o que é que se entende por computação quântica. Um deles é este, escrito por Jacob West do Caltech.
O bailado de Isabel (3) :-
16 de Setembro 23:00
categoria 2 (ventos de 180 km/h)
28.5N 71.7W
11 km/h NNW
[imagem: Earth Observatory, NASA]
A intensidade dos ventos parece ter diminuido consideravelmete nas últimas horas, embora se espere que possa vir a aumentar novamente, antes de Isabel chegar a terra na tarde de quinta. Tudo depende da forma como decorrer a interacção entre duas massas gigantes de ar: aquela associada ao furacão e a da corrente de ar quente do Golfo que é presença constante, durante o verão, na costa este norte-americana.
O estado de emergência foi hoje à tarde declarado pelo Governador da Carolina do Norte. Cerca de 100 mil pessoas já foram evacuadas dos Outer Banks e outras tantas poderão vir a sê-lo a qualquer momento. Há zonas em que a evacuação é obrigatória e outras em que ainda é voluntária.
Hoje tínhamos à porta de casa, uma folha impressa com uma série de instruções e regras de como proceder no caso de o furacão atingir fortemente esta zona. Perante o cenário pouco provável de termos que evacuar, já sabemos que nos virão bater à porta para zarparmos em direção a Oeste. O depósito do carro já está cheio.
Todos estes "preparativos" são feitos com uma enorme serenidade e apoiados por uma impressionante rede pública de gestão de informação e de decisão. Enganam-se muito os que pensam que não existem estruturas públicas eficientes nos EUA. Sobre isto, escreverei um dia mais tarde. Há muito para se dizer sobre o assunto. Muito, mesmo.
À tarde comprámos alguma comida enlatada e várias garrrafas de àgua - os garrafões de um galão já estavam esgotados. A isso juntámos uma garrafa de Merlot tinto da Califórnia e 250 gramas de um paio único. Não há nada como uma tarde de chuva intensa a meio da semana. Já só falta escolher o CD. Legião Urbana? ...
terça-feira, 16 de setembro de 2003
Os neurónios do Pacheco Pereira :-
A discussão em torno da quantidade de neurónios activos no cérebro de Pacheco Pereira despertou-me imensa curiosidade.
Primeiro, porque não é todos os dias que a discussão política atinge tão elevada elaboração linguística. Quero dizer, a expectativa é que os políticos se chamem nomes uns aos outros, e não que elaborem a sua argumentação com recurso a palavras complicadas como "neurónio".
Segundo, porque o porta voz do CDS/PP terá dito que Pacheco Pereira só utiliza "metade dos neurónios" de cada vez que se refere a Paulo Portas. E isso fez-me deitar no sofá e elaborar uma questão profunda: Quanto é que é "metade dos neurónios". Será um? Serão dois? Ou 50 mil milhões?
Por fim, esta polémica leva-me a questionar sobre quantos neurónios terá Paulo Portas activos, quando fala "a Portugal e aos Portugueses".
Começemos pelo princípio. A palavra "neurónio" pertence a uma categoria muito restrita de palavras que perderam, por completo, o sentido na elaboração semântica do discurso político português. Entre outras, enquadram-se aí palavras como "inteligência"; "gestão"; "visão"; "planeamento"; "investimento" e "inovação".
Mas o recurso recente à palavra "neurónio" deixou-me optimista. Depois de já na passada semana o presidente do IEP se ter referido à "teoria do caos" para justicar a queda de uma ponte no IC19, já faltará concerteza pouco para termos o Manuel Monteiro a falar de "quarks", ou o Bagão Félix a falar de "buracos negros".
Mas se é verdade que a nossa relação com as palavras parece estar a melhorar, o mesmo já não se poderá dizer da nossa relação com os números.
Dizer "metade dos neurónios" é vago. Muito vago, até. E se a metade do Pacheco Pereira for maior do que a totalidade do Pires de Lima? Ou se um quarto dos neurónios do primeiro forem tantos como a média ponderada, pelos anos de militância, do número de neurónios de todos os dirigentes do CDS/PP? Será que 75 mil milhões é um número suficiente para se poder falar de Paulo Portas? Ou serão precisos 80 mil milhões? E já agora, qual é o papel das sinapses nesta história toda?
Por último, não queria deixar de fazer referência ao cérebro de Paulo Portas.
Ao contrário de dirigentes como Pires de Lima, ou Nobre Guedes, Paulo Portas tem muitos neurónios e muitas sinapses. Tem, aliás, muitos mais do que os necessários para produzir os discursos elementares que faz sobre nação, defesa, justiça, imigrantes e solidariedade social.
E é isso que faz dele um político perigoso. Ele sabe exactamente - ao contrário de muitos dos que o rodeiam - que aqueles são discursos elementares que pretendem ressonar com os instintos mais básicos da sociedade portuguesa.
Quem é que imagina que Paulo Portas possa acreditar verdadeiramente no "milagre de Nossa Senhora de Fátima"?
O bailado de Isabel (2) :-
15 de Setembro 23:00
categoria 3 (ventos de 195 km/h)
26.1N 70.2W
11 km/h NW
[imagem: NASA]
Estamos a chegar ao ponto sem retorno. Entre o furacão e a costa dos EUA já só quase existe a corrente do Golfo - uma corrente de ar quente que servirá como potencial alimentador da tempestade. Esta é a noite em que todas as borboletas terão que bater as asas para afastar Isabel.
Amanhã é dia para se começar a tomar algumas precauções, se se confirmar o mais provável. Àgua engarrafada e comida enlatada, é o mais importante. O depósito do carro cheio com gasolina, algum dinheiro na carteira, uma lanterna, um rádio a pilhas, o telemóvel e o portátil com as baterias carregadas, completam a lista.
Embora a mais de 200 km da costa, o sítio onde nos encontramos poderá vir a sentir, com alguma intensidade, os efeitos de Isabel. Mas nada que se compare com aquilo que sentirão as gentes do mar; com aquilo que já sentem. As ondas começam a crescer. É preciso olhar pelos barcos...
Dog of Guard :-
Há uns meses, encontrei uma edição norte-americana de um livro escrito há 150 anos por dois portugueses.
José da Fonseca e Pedro Carolino, escreveram, em 1855, um livro original e ousado para a altura. Com o longuíssimo título "O Novo Guia da Conversação, em Portuguez e Inglez, em Duas Partes: The New Guide of the Conversation, in Portuguese and English, in Two Parts", o livro pretendia ser um guia de vocabulário português e inglês, destinado aos estudantes portugueses da época.
A edição norte-americana, que tive a sorte de encontrar, é de 2001 e tem o sugestivo nome "English as She is Spoke". O mais inesperado, é que esta não é a primeira edição deste livro nos Estados Unidos. De facto, já é - que eu saiba - a terceira. A questão que se põe é saber porque é que este livro obscuro despertou, e continua a despertar, tanto interesse nos Estados Unidos.
Embora tenha sido escrito com todas as boas intenções do mundo, o livro é uma autêntica obra de arte no que à má tradução diz respeito. José da Fonseca e Pedro Carolino tiveram a visão de editar um livro de vocabulário português e inglês. Só que... não tinham dicionário de inglês-português, nem percebiam patavina de inglês.
Na altura, o mundo francófono era a referência dos intelectuais, pelo que o livro foi escrito com a ajuda de dois dicionários: um de português-francês e outro de francês-inglês. Claro que não demorou muito tempo até que este se tornasse uma referência do humor não intencional.
Poucos anos depois da sua primeira edição (Paris, J. P. Aillaud), o livro foi editado nos Estados Unidos com prefácio escrito pelo famoso Mark Twain. Escreveu este: «Nobody can add to the absurdity of this book, nobody can imitate it successfully, nobody can hope to produce its fellow; it is perfect, it must and will stand alone: its immortality is secure». E assim o é, 150 anos depois.
E por falar em traduções. Que tal a tradução automática que o Google faz do Cão de Guarda?
segunda-feira, 15 de setembro de 2003
O bailado de Isabel (1) :-
15 de Setembro 17:00
categoria 3 (ventos de 200 km/h)
25.6N 70.0W
13 km/h NW
[crédito da fotografia: NOAA]
Desgraçadas borboletas! Ao que tudo indica, o Isabel vai chegar à costa este dos EUA lá para quinta-feira à hora de almoço. Embora tenha perdido potência nos últimos dias, não deixa de ser preocupante saber que o fará com ventos próximos dos 200 km/h. E, infelizmente, vai fazê-lo num dos sítios mais bonitos e frágeis da costa este norte-americana: os Outer Banks, na Carolina do Norte.
Por lá, ainda há praias extensas e selvagens; e tartarugas gigantes. Os Outer Banks são a terra de pescadores bravos como já há poucos. E são o cemitério de barcos do Atlântico - o Vera Cruz VII afundou lá em 1903 e o Oriente quatro anos depois. Na lindíssima vila de Ocracoke, viveu o pirata Barba Negra até ao dia em que foi morto a mando do governador inglês da Virgínia. Os Outer Banks são uma terra do mar. E como todas as terras do mar, são uma terra frágil.
De todos os sítios onde Isabel poderia terminar o seu bailado, os Outer Banks são o que menos o merecia. Por serem únicos. Pode ser que ao se aproximar, Isabel se aperceba da sua singularidade. E decida então ir terminar o bailado nas profundas àguas do Atlântico.
sábado, 13 de setembro de 2003
Volto já :-
Volto na segunda à noite.
Entretanto, espero que esta coisa, de nome Isabel, não tenha a veleidade de se dirigir para estas bandas enquanto eu estiver blogosfericamente ausente.
E, já agora, há um pedido de desculpas a fazer à formiga. Pelo encontro falhado da passada quinta-feira, no "El Farol" de Santa Fé.
Mas fica a promessa de que por lá passarei na próxima semana. Para que possamos falar do deserto a 2 mil metros de altitude e dos índios que por lá ainda vivem. E, ainda, da mais bela sala de ópera do mundo e das galerias de arte da Canyon Road. Pelo meio, teremos que falar da ciência que se faz lá para os lados do "Santa Fe Institute" e do "Los Alamos National Laboratory". E, enquanto falamos destas coisas todas, podemos ir comendo umas tapas e bebendo uma sangria. No fim, à sobremesa, poderemos tentar decidir sobre que "efeito borboleta" será necessário provocar, para que uma frequência de ressonância seja gerada nos cérebros de alguns dos dirigentes políticos portugueses...
Até para a semana.
[crédito da fotografia: NOAA]
sexta-feira, 12 de setembro de 2003
"Onzes" de Setembro (2) :-
O adufe chama a atenção para uma frase infeliz no meu post anterior.
No segundo parágrafo, afirmo "Sem nada que o fizesse prever, o Público decidiu evocar a passagem dos 30 anos sobre o golpe de estado militar no Chile." Obviamente que a primeira impressão com que se fica é a de que eu acho que não era expectável a referência, por parte da comunicação social, à passagem dos 30 anos sobre o violento golpe de estado militar no Chile.
Infelizmente, a minha intenção não era essa, embora assim o possa parecer. No seguimento do que está escrito no primeiro parágrafo do post anterior, aquilo que eu pretendia afirmar era: «Andávamos nós aqui na blogosfera a discutir a questão do Chile e dos Estados Unidos e de repente acordamos e o jornal Público faz referência aos dois acontecimentos». É nesse sentido que eu considero "inesperado"; no sentido em que se repetiu na biosfera a polémica iniciada na blogosfera. Sobre isto, assumo que as palavras possam não ter sido as mais bem escolhidas.
Mas o adufe ficou incomodado com outras afirmações feitas no mesmo post. Só que sobre essas não há retorno possível.
A referência legítima, por parte da comunicação social, aos 30 anos do "11 de Setembro" do Chile, não siginifica que se possa construir uma ponte simbólica entre um edifício-sede do poder militar americano destruído por um atentado terrorista, e um general chileno assassino apoiado pelo mesmo poder 30 anos antes. Essa simbologia de que terá sido feita "justiça" é o que está estampado na capa do Público. É isso que eu considero uma "pornográfica tentativa de sedução" dirigida a uma certa esquerda em que não me revejo. E, se calhar, é também a essa simbologia que o Pacheco Pereira se refere e até é capaz de ter razão.
"Onzes" de Setembro :-
Pois é. Aquilo que se pensava ser exclusivo da blogosfera utrapassou as fronteiras cibernáuticas e foi parar direitinho à biosfera; mais propriamente à capa do jornal Público de ontem.
Sem nada que o fizesse prever, o Público decidiu evocar a passagem dos 30 anos sobre o golpe de estado militar no Chile. E fê-lo com honras de primeira página. Na mesma página, note-se, onde é evocada a passagem dos dois anos sobre os atentados terroristas em território norte-americano.
As reacções não se fizeram esperar. Alguma direita, sente-se ofendida com a referência ao General Pinochet. E alguma esquerda, só não se manifesta, porque foi apanhada de surpresa e não estava à espera de tamanha prenda.
Mas a capa do jornal Público é tudo menos inocente e "politicamente correcta". É, aliás, uma grande provocação. Porquê fazer capa com as fotografias de Pinochet e do Pentágono, se os símbolos máximos de um e de outro "11 de Setembro" são o palácio de La Moneda e as torres do World Trade Center?
A substituição de símbolos civis por militares não foi, obviamente, acidental. Foi, até, um gesto muito malandro. Ao fim e ao cabo, foi o poder militar americano - que se pensava imbatível, mas cuja sede máxima aparece na fotografia da capa com a fachada caída - que ajudou Pinochet a destituir um governo de legitimidade democrática.
E isto é um claro piscar de olhos à esquerda, como há muito não se via lá para os lados da Rua do Viriato. Só que pela esquerda que me toca, não aceito tão pornográfica tentativa de sedução.
P.S. É simplista a afirmação de que o dia de ontem foi sentido de forma diferente, em sítios diferentes. Mas não há forma alguma de lutarmos contra o relativismo, no que toca a emoções. Para duas crianças suecas, o dia de ontem foi trágico. E não teve nada a ver com o Chile ou com os Estados Unidos. Teve sim a ver com um assassinato inexplicável. O assassinato de uma mulher, ministra sueca dos negócios estrangeiros e adepta incondicional da adesão da Suécia ao euro.
quinta-feira, 11 de setembro de 2003
quarta-feira, 10 de setembro de 2003
Quem é que os compreende? :-
Investimentos :-
«If you think education is expensive, try ignorance.»
Derek Bok, antigo Presidente da Universidade de Harvard.
terça-feira, 9 de setembro de 2003
Gatos de Schrödinger (2) :-
Ora aqui está uma excelente forma de pôr esses processadores Pentium a laborar em nome da Humanidade.
A ideia é simples: Os modelos que descrevem as alterações climáticas na Terra são matematicamente muito complexos. De tal forma complexos, que é necessário recorrer aos mais rápidos supercomputadores do mundo para os resolver.
Só que estes, para além de terem que resolver as horrorosas equações diferenciais dos modelos, têm também que analisar os dados referentes às milhentas observações de indicadores climáticos que são feitas diariamente lá em baixo (cima?) na biosfera. E isto é muito penoso, mesmo para o mais rápido supercomputador do mundo.
Por outro lado, os muitos milhões de computadores pessoais deste planeta passam a maior parte do tempo a vegetar. Quer dizer, ler um post no Cão de Guarda não é propriamente vegetar, mas também não exige assim tanto esforço como isso ao Pentium-zinho que por aí têm.
Pois bem, seguindo a ideia original dos caçadores de extraterrestres (SETI) e inspirados pelo sucesso de muitos outros projectos, os tipos das alterações climáticas lembraram-se de pedir ao mundo para utilizar os PCs de cada um de nós na análise dos Gigabytes de informação que eles andaram a recolher por esse planeta azul fora.
O lançamento público da coisa é só dia 12, mas por aqui pode-se ir aprendendo mais.
Ops :-
As imagens do Cão de Guarda não estão disponíveis, porque o servidor onde elas estão alojadas está em baixo. Regresse mais tarde para as ver. Entretanto, passe uma vista de olhos pelos outros posts.
The day after :-
Nenhum discurso de George W terá tido um impacto tão negativo junto dos norte-americanos, como o de ontem à noite.
Pela primeira vez, os nove candidatos às primárias do Partido Democrata foram unânimes em criticar a administração Bush na gestão da crise do Iraque. E, também pela primeira vez, a crítica parece estar a ressonar muito bem com uma cada vez mais ansiosa sociedade norte-americana.
Diz-se que são "pornográficos" os 87 mil milhões de dólares que o Presidente está a pedir para continuar a “guerra ao terrorismo”. Ainda para mais, quando comparados com o completo desinvestimento em matérias internas delicadas.
Diz-se, também, que o falhanço total por parte da diplomacia norte-americana na construção de uma rede de apoio internacional à gestão da crise do Iraque, irá penalizar os Estados Unidos por longos anos. Claro que por cá ninguém acredita - nem nunca acreditou - que Inglaterra e Estados Unidos possam ser consideradas uma força multinacional. E nem com os GNR portugueses à mistura se deixará de pensar em unilateralismo.
Diz-se tudo isto na rádio, nos jornais e na internet; e sente-se um cheirinho no ar a complicações lá para os lados do conservadorismo republicano.
Exclusivamente por curiosidade, transcrevo algumas das coisas que ouvi nos corredores durante o dia de hoje:
«Was he on TV?"
«I have to remember to vote next time.»
«I swear I saw the strings coming out of his arms...»
«He makes use of a language nobody understands.»
«If this country was a business, he would be in jail.»
«$87 billion more? For what?»
«I'm glad I didn't listen to it.»
segunda-feira, 8 de setembro de 2003
Bushalidades ou o minimalismo repetitivo :-
Depois de quase termos morto a televisão cá de casa, hoje foi dia de a reanimarmos.
Há alguns meses, fartinhos das campanhas pró guerra da CNN, decidimos que seria altura de ceder o sinal por cabo exclusivamente aos computadores. Não tivesse sido a ameaça de nunca mais vermos os jogos de basketball universitário que recomeçam em Janeiro, e a tal caixinha dos milagres ter-se-ia tornado o objecto mais ostracizado por estas bandas.
Mas, dizia eu, hoje foi domingo de Páscoa para as ondas Hertzianas. Recorrendo a uma antena digna de um museu de história do século XX, e com a dificuldade inerente à existência de uma multitude de frequências, os canais lá foram sendo resintonizados. Primeiro, o canal da Universidade. Depois, as sucursais locais da CBS, da ABC, da NBC e por aí adiante. Um canal hispânico pelo meio e, finalmente, a sucursal local desse bastião do reaccionarismo, mais conhecido por FOX.
A ocasião justificava o esforço. Afinal, George W iria discursar perante a Nação sobre os recentes desenvolvimentos da guerra no Iraque e da batalha contra o terrorismo, pelo que decidimos seria altura de voltar a ouvi-lo. Já tinham passado alguns meses desde a última vez que o tínhamos feito, pelo que esperávamos estar mais tolerantes.
Puro engano, claro está.
George W disse hoje exactamente as mesmas coisas que disse no dia 12 de Setembro de 2001. E exactamente as mesmas coisas que disse no dia 13 de Setembro de 2001; e em Dezembro de 2001; e em Junho de 2002; e em Março de 2003. As mesmas coisas, sem tirar nem pôr: «War on terror (…) fought on many fronts in many places»; «We will spend what is necessary (…) to make our nation more secure.»; «This will take time and require sacrifice»; «I have directed Secretary of State Colin Powell to introduce a new Security Council resolution (…)»; «We’ve been tested (…) and the dangers have not passed.»; «We are serving in freedom’s cause (…)»
O meu amigo Ryan – um americano de gema do estado de Nova Iorque – disse-me, poucos meses depois do 11 de Setembro, «o melhor é desligar sempre que o W falar. Assim, poderemos fazer de conta que temos um presidente consistente com os valores que a América representa». Devia ter seguido o aviso à risca.
Embora as palavras - sempre as mesmas - de George W possam ter sido necessárias e oportunas no dia 12 de Setembro de 2001, o certo é que elas estão hoje profundamente desadequadas das reais necessidades norte-americanas: revitalização económica; luta contra o desemprego, pobreza e exclusão social; reinvestimento na educação; defesa do ambiente. Além disso, essas mesmas palavras têm servido de suporte a políticas McCarthy-istas de restrição às liberdades individuais, as quais têm o seu expoente máximo no chamado Patriot Act: um autêntico mimo de estados-polícia, adorado por uns e odiado por outros.
A amplitude de sensibilidades políticas nos Estados Unidos é hoje maior do que terá alguma vez sido depois da guerra do Vietname. E os discursos minimalista-repetitivos de George W, como o de esta noite, têm vindo a contribuir, e muito, para essa polarização.
A nossa televisão, essa, vai voltar a um quase total descanso, pelo menos até Novembro de 2004, regressando aqui e ali sempre que houver um jogo de basketball.
Osso de escabeche (2) :-
New York Cheesecake
Ingredientes para a Massa: Bolachas Digestive moídas (1 chávena) [os mais gulosos podem usar bolachas Oreo]; açúcar (3 colheres de sopa); manteiga (3 colheres de sopa).
Ingredientes para o Recheio: Queijo cremoso, tipo Philadelphia, à temperatura ambiente (1 kg); açúcar (1 chávena); farinha (3 colheres de sopa); ovos (4); sour cream (1 chávena) [em substituição pode ser usado 1 queijo fresco batido com natas, ou 1 iogurte]; extracto de baunilha (1 colher de sopa).
Tempo de preparação: 100 minutos.
Custo: 10 a 12 euros.
Dificuldade: ** [de *fácil a ***difícil].
Preparação da Massa: Derrete-se a manteiga e juntam-se as bolachas moídas e o açúcar. Este preparado serve para forrar o fundo e os lados de uma forma de fundo móvel com 25 cm de diâmetro. Leva-se ao forno pré-aquecido (180 ºC) durante aproximadamente 10 minutos, até secar.
Preparação do Recheio: Bate-se bem o queijo cremoso com o açúcar e a farinha a velocidade média. Adicionam-se os ovos um a um, batendo bem depois de cada adição. Juntam-se o sour cream (ou substituto) e o extracto de baunilha. De seguida, deita-se este recheio sobre a massa que forra a forma e leva-se ao forno durante uma hora, a 180 ºC. Desliga-se o forno e deixa-se repousar durante 30 minutos. Depois de arrefecer, desenforma-se e, se se desejar, cobre-se a superfície com doce de framboesa ou morango.
Sabe melhor frio e no dia a seguir.
sábado, 6 de setembro de 2003
Mensagens codificadas (2) :-
O blog de esquerda escreve uma nota de boas-vindas ao Cão de Guarda que é uma ode à simpatia. E, como se tal não bastasse, vai ao ponto de transcrever o que aqui foi escrito sobre o filme 11'09''01. Quem parece não ter gostado muito foi um dos seus leitores, que comenta a transcrição sem nunca chegar a perceber que o texto em causa é, tão só, uma memória descritiva. Mas, que mais se poderia esperar vindo de alguém que se diz leitor assíduo disto? Já nem nas mais recônditas zonas do Alabama se conseguem encontrar "pérolas" deste calibre.
A formiga de langton tem um amigo belga - ou português a viver na Bélgica - que a visita pela calada da noite. Tenho quase a certeza que esse amigo belga da formiga é o mesmo que por aqui se tem passeado frequentemente nos últimos dias. É bom ter amigos assim: BlogoFiéis.
O País Relativo linkou o Cão de Guarda nas suas páginas, categorizando-o como "blogue à esquerda". Devo confessar que isto me deixou um bocado à rasca inicialmente. Tentei perceber o porquê de tal adjectivação, e só depois de uma demorada e atenta releitura das minhas notas é que o consegui. Não tem rigorosamente nada a ver com os textos serem ou não de esquerda. Tem só a ver com o facto de eles serem bons. "É como ter o Figo a jogar pela ou contra a nossa equipa", deverão ter pensado.
NR: Alguém viu o Bernardino Soares na inauguarção da festa do Avante? Ia jurar que o tinha visto ontem à noite a servir às mesas do restaurante onde fui jantar, bem longe da Atalaia. Muito longe, mesmo.
sexta-feira, 5 de setembro de 2003
quinta-feira, 4 de setembro de 2003
Darwinismos :-
É um axioma das teorias da evolução, o facto de que a diversidade genética é uma mais-valia das espécies, tendo sido essa a forma encontrada pela Natureza para permitir uma resposta eficiente às veleidades do ambiente. Nesse contexto, faz sentido afirmar que não há objectos genéticos criados pela Natureza que sejam irrelevantes.
Mas, o mesmo já não poderá ser dito no que a seres artificialmente gerados diz respeito. O caniche - uma raça inventada pelos humanos para responder a anseios inexplicáveis - é o expoente máximo do non-sense genético.
Tudo isto vem a (des)propósito de um artigo que me foi dado a conhecer pelo meu amigo Zé - o inocente instigador do Cão de Guarda. O artigo, publicado no DN de hoje e assinado por Santana Lopes, é uma balofice de conteúdo. São dois parágrafos escritos com base na técnica literária da reprodução do acessório e do inútil. Dois parágrafos em que o autor fala de si, dos media, da política, da política e dos media, da política e de si, de si e dos media.
“Pedro Santana Lopes” - como certamente se auto-referirá todas as manhãs ao espelho - é um retrocesso evolutivo; uma de-sofisticação do género.
Um homem que assenta as suas convicções políticas em referências constantes a um longínquo congresso do pê-pê-dê--pê-esse-dê, onde o que de mais terá feito foi sentar-se ao lado de Sá Carneiro. Um homem que eleva a sua imagem, fazendo-se mostrar ao lado de mulheres que mais parecem caniches de fala fácil. Um homem que possui o dom da multiplicação das palavras irrelevantes de cada vez que fala ou escreve. Um homem que acredita na sua autoridade intelectual, porque escreve em ene jornais e fala em ene televisões e debita disparates em ene rádios. Um homem que gere a câmara municipal da capital de um país europeu como se fosse um centro comercial de vaidades. Um homem que acredita que irá ser presidente da república de um país que se quer moderno e inteligente. Tal homem, só poderá ser um equívoco da espécie.
Um perigoso equívoco, though.
Mensagens codificadas (1) :-
Ah..., como seria bom saber escrever sobre futebol como o fazem Frederico & Artur. Mas - enorme consolo! - saboreio guloso o facto indesmentível de que jogo melhor do que qualquer um deles; muito melhor, até. E sinto as nuvens, por ainda só terem passado 2 anos desde a última grande conquista nacional... Ops, terei libertado fantasmas antigos?
Em resposta à angústia do Miguel Cabrita: Não será o clustering um mecanismo de defesa perante a mudança de escala? Porquê ter medo de uma blogosfera grande, se ela será sempre - independentemente do seu tamanho - a soma de pequenas blogosferas? Será a blogosfera um invariante de escala com dimensão fractal?
Fico extremamente satisfeito com o insucesso das negociações entre o Glória Fácil e o Terras do Nunca, relativas a um tão blogado merging. A bem da produção local; contra as grandes superfícies de consumo.
NR: Tenho a sensação que a BlogoSondagem não está a funcionar muito bem. Espero que os tipos da Pollhost.com saibam o que se passa. Entretanto, continuem a votar. Vejam os resultados antes de votar e tentem perceber se o vosso voto foi, ou não, contabilizado. Se não o tiver sido, ladrem-me um e-mail. Thanks.
quarta-feira, 3 de setembro de 2003
Síndrome de Olivença :-
O encontro ocasional entre dois portugueses, a 5 mil kilómetros de distância de Portugal, revela sempre a mesma estrutura de diálogo:
- Olá, por aqui?
- Sim pá, estive agora a dar uma aula e vou ter uma reunião.
- E as coisas, estão a correr bem?
- Estão... muito bem, até.
[Silêncio prolongado. Altura para procurar o caminho de fuga mais curto.]
- Quando é que vais a Portugal?
- Vim de lá agora...
- Ah! Eu sou capaz de lá ir no Natal. É mais barato.
- Eu desisti de ir no Natal. Não tenho tempo nenhum para mim. Passo o tempo todo a visitar primos que não sabia que tinha.
- Pois é, eu também.
- Olha, temos que jantar um dia destes.
- Está bem, pá. Manda-me um email para combinarmos.
- OK.
[Segundo silêncio longo. Reafina-se a pontaria para o percurso de fuga. É agora, ou mais 10 minutos de conversa.]
- Eh pá, estou atrasado para uma reunião. Até à próxima, pá.
- Adeus, pá.
Ufa... Agora é esperar mais dois meses até reencontrar este de novo.
Da BIOsfera à blogosfera :-
É de papel,
o foguetão que me lançou na blogosfera.
De papel pardo resistente;
com listas grossas horizontais
de um verde igual ao da floresta dos meus sonhos.
Tem a palavra "mundo" escrita a negro-cósmico;
e três pequenos motores de hidrogénio líquido.
No ocaso de cada dia-Terra,
desenha trajectórias curvilíneas,
pelo meio das estrelas coladas no céu.
Olhando o azul em baixo,
procura a diferença e a igualdade,
a justiça e a liberdade,
na construção das fronteiras humanas.
Depois,
quando pela enésima vez o Sol se põe,
aproveita a micro-gravidade,
e adormece a ver outros mundos crescer.
É um foguetão de papel,
às riscas verdes,
com três motores pequenos de hidrogénio líquido
e a palavra "mundo" escrita a negro-cósmico,
aquele foguetão que me lançou,
devagarinho,
na blogosfera.
Florida ballot (2) :-
Lançamos hoje de novo um desafio em forma de BlogoSondagem aos leitores do Cão de Guarda.
À pergunta "A blogosfera é de... ", espera-se que respondam em consciência e bem informados. O boletim de voto encontra-se na "Coluna Invertebrada", do lado esquerdo do Cão de Guarda. Já agora, na mesma coluna, tentem encontrar o que Bush & Companhia ainda não conseguiram.
Relativamente à BlogoSondagem-piloto que ontem se deu por terminada, os resultados à pergunta "Quem é mais caniche?", foram os seguintes: Depois de uma enorme incerteza nos últimos dias - tendo-se chegado a utilizar o recurso ao número de bíblias e de imagens de Nossa Senhora de Fátima que cada um tem na sua mesa de cabeceira -, Paulinho das Feiras e Bagão dos Pobres acabaram por terminar empatados com 29% dos votos cada um. Em terceiro lugar, ficou aquele que todos - incluindo ele - pensavam iria terminar em primeiro: Santana Flopes não foi além de uns inexpressivos 17% de votos expressos, tendo relegado para quarto lugar quem acabou por ser prejudicado pelo facto de já não haver co-incinerização em Portugal: Sousa Santos reuniu 11% dos votos dos cidadãos da blogosfera. Em quinto, posicionaram-se ex-aequo Tufas, o verdadeiro, e Inha Caras Jardim, com uns residuais 5% de votos cada. José W Fernandes passou por completo ao lado desta BlogoSondagem, não tendo reunido um único voto.
Os resultados foram validados pela Comissão Blogosférica de Eleições e serão rectificados pelos tribunais superiores portugueses num prazo mínimo de 25 anos.
terça-feira, 2 de setembro de 2003
11'09''01 - September 11 :-
11'09''01 é uma manta de retalhos cinematográfica. São 11 produções independentes, cada uma com a duração exacta de 11 minutos e 09 segundos. Relata-nos 11 visões diferentes sobre o mesmo acontecimento: o 11 de Setembro.
Mostra-nos a sua relativa importância junto de um grupo de crianças afegãs refugiadas no Irão; ou ainda, o impacto que teve junto de membros da liga das mulheres de Sebrenica, na Bósnia-Herzegovina.
É cómico - e trágico -, quando retrata a aventura de 5 rapazes à procura de Bin Laden, que julgam ter visto a passear-se pelas ruas da sua cidade natal, no Burkina-Faso.
Dá-nos a conhecer um manifesto político sobre liberdade e justiça, através de uma carta escrita por um chileno - refugiado em Londres - ao povo americano, relatando os acontecimentos de terça-feira, 11 de Setembro, ... de 1973, no Chile.
É intensamente gráfico, segundo a produção mexicana.
Tem o seu expoente máximo através de Sean Penn: uma extraordinária metáfora sobre percepção e realidade. Sobre os mundos revelados pela luz projectada - com a queda das torres do World Trade Center - em sítios onde antes havia sombra.
Penso que em Portugal ainda só é possível vê-lo em festivais de cinema e vídeo. Mas vale a pena estar atento.
segunda-feira, 1 de setembro de 2003
Outdoors :-
Vou ali juntar-me à formiga de langton e ajudá-la a destruir outdoors. Todos. Regresso amanhã à noite. Espero. "Dot"
O paradigma da diferença :-
O jornal Público publica hoje dois artigos de opinião que ilustram o que de mais sério e interessante, e o que de mais boçal e rídiculo, pode ser afirmado relativamente a processos de renovação partidária.
Mas, mais interessante, é o facto de o excelente artigo de José Neves antecipar aquilo que está escrito, mais abaixo, no inenarrável artigo de Paulo Penedos. Reza assim: «(...) paradigmática de uma cultura intelectual de debate que transversa várias culturas políticas, da esquerda à direita. Para essas culturas políticas, criadas sobre o axioma de que os fins são distintos dos meios, a representação do mundo só pode ser dialéctica. Ou estão connosco ou estão contra nós.»
A leitura de José Neves sobre o processo de [contradictória] renovação do PC é um excelente manifesto de modernidade. E é mais amplo do que se propõe; sublinha a cada vez maior importância e oportunidade das organizações sociais longitudinais, lançando um claro aviso de que a modenização [renovação] do PC - ou de qualquer outro partido político - só poderá ser feita no quadro de um maior movimentismo, de um maior representativismo.
O artigo de Paulo Penedos é da altura dos descobrimentos. É desadequado, boçal e roça o rídiculo de quem se quer mostrar como o mensageiro da boa moral politico-partidária. E, em alguns momentos, chega mesmo a fazer uso de uma linguagem de "trazer por casa", dirigida a uma classe política dinossáurica e em vias de extinção.
Talvez valha a pena reproduzir aqui as últimas palavras de cada um dos artigos.
José Neves: «Por isto, para os comunistas, a única opção de poder é a de um comunismo mais movimentista do que nunca.»
Paulo Penedos: «(...) convoque [Ferro Rodrigues] um congresso extraordinário e parta para a disputa das eleições europeias com a casa arrumada e com um projecto mobilizador para Portugal e para os portugueses!»
Desconfio sempre quando um texto acaba com as palavras "Portugal", "portugueses" e com um ponto de exclamação. E, são raros os textos que acabam com a palavra "movimentista".
Re: Thank you! :-
Um aviso aos mais incautos dos que regressam hoje de férias, ansiosos por se colarem ao monitor do computador a ler as últimas do Cão de Guarda.
Cuidado com os e-mails cujo subject seja parecido com Re: Your details; Re: Thank You!; Re: Your Application. Se aparecerem escritas coisas do género Please see the attached file for details, e se o attachement for um ficheiro com extensão pif, então estão, muito provavelmente, na presença de um vírus ou de um worm. Não abram essas mensagems e apaguem-nas imediatamente (algumas são chatas de apagar no Outlook Express e só é possível fazê-lo através do webmail do servidor). Finalmente, corram um programa de antí-virus para verificar que nada ficou contaminado.
Depois, com a serenidade que estas ocasiões exigem, instalem o Linux por cima do Windows e digam "bye-bye Bill Gates".
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