segunda-feira, 1 de setembro de 2003

O paradigma da diferença :-


O jornal Público publica hoje dois artigos de opinião que ilustram o que de mais sério e interessante, e o que de mais boçal e rídiculo, pode ser afirmado relativamente a processos de renovação partidária.

Mas, mais interessante, é o facto de o excelente artigo de José Neves antecipar aquilo que está escrito, mais abaixo, no inenarrável artigo de Paulo Penedos. Reza assim: «(...) paradigmática de uma cultura intelectual de debate que transversa várias culturas políticas, da esquerda à direita. Para essas culturas políticas, criadas sobre o axioma de que os fins são distintos dos meios, a representação do mundo só pode ser dialéctica. Ou estão connosco ou estão contra nós.»

A leitura de José Neves sobre o processo de [contradictória] renovação do PC é um excelente manifesto de modernidade. E é mais amplo do que se propõe; sublinha a cada vez maior importância e oportunidade das organizações sociais longitudinais, lançando um claro aviso de que a modenização [renovação] do PC - ou de qualquer outro partido político - só poderá ser feita no quadro de um maior movimentismo, de um maior representativismo.

O artigo de Paulo Penedos é da altura dos descobrimentos. É desadequado, boçal e roça o rídiculo de quem se quer mostrar como o mensageiro da boa moral politico-partidária. E, em alguns momentos, chega mesmo a fazer uso de uma linguagem de "trazer por casa", dirigida a uma classe política dinossáurica e em vias de extinção.

Talvez valha a pena reproduzir aqui as últimas palavras de cada um dos artigos.
José Neves: «Por isto, para os comunistas, a única opção de poder é a de um comunismo mais movimentista do que nunca.»
Paulo Penedos: «(...) convoque [Ferro Rodrigues] um congresso extraordinário e parta para a disputa das eleições europeias com a casa arrumada e com um projecto mobilizador para Portugal e para os portugueses!»

Desconfio sempre quando um texto acaba com as palavras "Portugal", "portugueses" e com um ponto de exclamação. E, são raros os textos que acabam com a palavra "movimentista".

1 comentário:

Anónimo disse...

Por que nao:)