sábado, 20 de setembro de 2003

Os "efeitos colaterais" de Isabel :-


Costuma-se dizer que as sondagens online não são "científicas". Mas, numa sociedade como a norte-americana, onde quase todas as pessoas que têm telefone têm, também, acesso à internet, não estarei muito longe da verdade se afirmar que as sondagens online são tão "científicas" como as realizadas por telefone.
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Sei que tal afirmação cheira um bocadinho a provocação, mas, de uma forma tecnico-suave, 50 mil pessoas a responder a uma pergunta na internet, deve ser suficiente para colocar o ruído estatístico ao nível do verificado numa sondagem realizada por telefone a mil pessoas. Ou não?

Vem isto a propósito da sondagem que a CNN.com está a levar a cabo durante o dia de hoje, e à interpretação que podemos fazer - ou não - dos resultados da mesma.

À pergunta "What was this week's top news story?", 83% responderam "Furacão Isabel". 83% eram, quando eu vi os resultados, quase 40 mil pessoas (endereços IP, é o termo mais correcto). Em segundo lugar, com pouco mais de 4 mil votos (9%) está a história em torno dos "87 mil milhões de dólares que George W pediu à nação para continuar a guerra ao terrorismo". Em terceiro, com 5%, a demissão do boss da bolsa de Nova-Iorque. E em quarto, com 3%, a possibilidade das eleições "antecipadas" da Califórnia serem... adiadas.

Ou seja, não tivesse sido o furacão Isabel, e George W estaria certamente a ver o seu pedido não ser muito bem aceite pelos norte-americanos. Ou melhor, o pedido não foi bem aceite, mas Isabel funcionou claramente como anestésico das críticas. Pelo menos, até para a semana, quando já não se fizerem sentir os ventos ciclónicos.

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