quinta-feira, 4 de setembro de 2003

Darwinismos :-


É um axioma das teorias da evolução, o facto de que a diversidade genética é uma mais-valia das espécies, tendo sido essa a forma encontrada pela Natureza para permitir uma resposta eficiente às veleidades do ambiente. Nesse contexto, faz sentido afirmar que não há objectos genéticos criados pela Natureza que sejam irrelevantes.

Mas, o mesmo já não poderá ser dito no que a seres artificialmente gerados diz respeito. O caniche - uma raça inventada pelos humanos para responder a anseios inexplicáveis - é o expoente máximo do non-sense genético.

Tudo isto vem a (des)propósito de um artigo que me foi dado a conhecer pelo meu amigo Zé - o inocente instigador do Cão de Guarda. O artigo, publicado no DN de hoje e assinado por Santana Lopes, é uma balofice de conteúdo. São dois parágrafos escritos com base na técnica literária da reprodução do acessório e do inútil. Dois parágrafos em que o autor fala de si, dos media, da política, da política e dos media, da política e de si, de si e dos media.
“Pedro Santana Lopes” - como certamente se auto-referirá todas as manhãs ao espelho - é um retrocesso evolutivo; uma de-sofisticação do género.

Um homem que assenta as suas convicções políticas em referências constantes a um longínquo congresso do pê-pê-dê--pê-esse-dê, onde o que de mais terá feito foi sentar-se ao lado de Sá Carneiro. Um homem que eleva a sua imagem, fazendo-se mostrar ao lado de mulheres que mais parecem caniches de fala fácil. Um homem que possui o dom da multiplicação das palavras irrelevantes de cada vez que fala ou escreve. Um homem que acredita na sua autoridade intelectual, porque escreve em ene jornais e fala em ene televisões e debita disparates em ene rádios. Um homem que gere a câmara municipal da capital de um país europeu como se fosse um centro comercial de vaidades. Um homem que acredita que irá ser presidente da república de um país que se quer moderno e inteligente. Tal homem, só poderá ser um equívoco da espécie.

Um perigoso equívoco, though.

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