terça-feira, 6 de abril de 2004

Acerca das papoilas

Vi hoje as primeiras papoilas do ano.
É sabido que o “símbolo” da Primavera costumam ser as andorinhas. Entre nós, é o animal migratório por excelência e quando partem ou chegam as andorinhas é sempre sinal de mudança de estação. É bonito o espectáculo, muito elegantes, em bandos, as andorinhas e a Primavera fazem um lindo par. Mas para mim, o que me faz sentir mesmo no íntimo que vem aí a luz, o sol, os dias grandes, é quando começo a ver papoilas. Sinto uma alegria interior quase sem motivo, para mim é a primavera.
É uma flor muito especial. Completamente selvagem, não há papoilas de estufa, não se compram em floristas. Podia ser um dos motivos de eu gostar tanto, esse toque de rebeldia, de ser mesmo flor do campo.
(É certo que falo disto em Portugal, onde se costuma ver num campo todo verde, entre margaridas, malmequeres, ou outras florinhas silvestres, uma ou outra mancha vermelha. Há países onde se cultivam campos de papoilas com outras intenções que não estéticas, como sabemos.)
Mas não é apenas esse aspecto “selvagem” e popular que me agrada na papoila. Gosto pela sua fragilidade. Gosto pela sua leveza. Por ser uma flor de existência breve. Não há ramos de papoilas envoltos em papel e com laçarote. Não se vêem numa jarra de um dia para outro. E é vermelha. Não há dúvidas quanto a isso, não as conheço de outra cor. Se a flor de Abril não fosse o cravo poderia ser a papoila.

M.L.

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