quinta-feira, 8 de abril de 2004

Também acho


Encontrei neste blog um texto muito bom, mas como não consegui o endereço certo para o linkar vou reproduzi-lo todo com a "devida vénia" ao autor

Uma percentagem significativa dos portugueses ou nasceram ou foram educados depois do 25 de Abril, e muitos deles encaram aquela data como mais uma data histórica; como sucede com todas as datas históricas, não é raro que encontremos mesmo alguma ignorância.
Pessoalmente considero o 25 de Abril uma data histórica, e que como tal deve ser considerada. Para quem teve que se confrontar com o regime anterior e com todas as suas consequências é, muito provavelmente, a data política mais importante das suas vidas; foi a liberdade, o fim de uma guerra para onde se era mandado sem o direito de a questionar, foi a aquisição de novos valores políticos e civilizacionais, foi um país embriagado pela própria liberdade.
É uma data tão importante que sentimos alguma dor quando um jovem revela pouco conhecimento ou mesmo algum desprezo pela mesma.
Ao contrário do que muitos pensam considero que isso não tem nada de grave, sendo mesmo uma inevitabilidade. Nós, os que com mais ou menos idade já vamos tendo o estatuto de cotas, conhecemos a diferença; os mais jovens ainda bem que não a conhecem.
Mas, mais importante do que conseguirem fazer uma linda redacção sobre o 25 de Abril é que encarem o autoritarismo como um absurdo, e que assumam o direito à indignação como um acto natural da nossa sociedade; e nesse aspecto, sem terem vivido o 25 de Abril e mesmo sem lhe darem a devida importância, são portadores dos seus valores, são os verdadeiros protagonistas da profunda mudança civilizacional que Portugal sofreu graças ao 25 de Abril.
Que se indignem perante o abuso, que se revoltem contra a injustiça, que digam o que a cada momento o que lhes vai na alma, que digam não à subserviência e ao despotismo e, mesmo sem o saber, estarão a interpretar melhor os valores do 25 de Abril do que as gerações que o protagonizaram e que, não rara vezes, são portadores de hábitos e princípios inquinados por um passado de ditadura.

O único acrescento é que eu chamaria Fascismo ao fascismo e não eufemísticamente "regime anterior", mas é apenas um pormenor. O nosso fascismo teve características próprias, mas os valores que o caracterizavam estavam lá...

M.L.

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