segunda-feira, 12 de abril de 2004

Um texto fundamental que nos faz pensar

Como creio que todos fazemos por aqui na blogosfera, para além de ir escrevendo umas coisas da nossa lavra, visitamos regularmente os blogs da nossa preferência e, quando há um pouco mais de tempo, alargamos a volta a damos um passeio maior. Um blog, por onde costumava passar, era o Gin Tónico, desde que uma vez que lá fui dar por um link e o estilo me agradou. No outro dia reparei que tinha aqui um comentário simpático da Gin e, é irresistível, "amor com amor se paga" de modo que comecei a visitá-los com maior frequência. Em boa hora.
Encontrei lá ontem um magnífico texto, dividido em 3 partes,
aqui , e mais aqui e por último aqui ainda É certo que já tenho lido estas teorias em manuais, também bem escritos e que nos levam a reflectir, mas aqui encontrei um resumo com os pontos fundamentais e quem tiver mais interesse (espero que o tenham) sempre poderá procurar os tais manuais de sociologia da família moderna. Isto é um aperitivo, mas eficiente e bem escrito.
As frases que a própria autora escreveu a bold são as essenciais, mas diz-se lá muita outra coisa de enorme importância. Gostaria de deixar já claro, que nesta apreciação não me coloco na posição da saudosista que "quer voltar ao passado". É absurdo. O criticar-se aspectos negativos do mundo presente é para o melhorar, não para o anular.
Por exemplo, o texto diz esta verdade," Do lado do idoso, havia uma certa lógica nas sociedades do antigamente. Vivia-se até aos 50 anos, o tempo de criar os filhos era a conta justa. Hoje uma pessoa pode perfeitamente viver até aos 80 ou mais anos e a 3ª idade atinge uma dimensão que cobre um quarto e um terço da nossa vida" É certo, mas todos concordamos que é bem melhor termos uns pais velhinhos do que perdê-los aos 50 ou 60 anos. Houve uma melhoria. Mas, agora vamos ver, isso correspondeu a qualidade de vida? Qual a qualidade de vida dos nossos idosos? Os jovens entravam no mundo do trabalho e criavam uma família muito mais cedo. Também é verdade. Mas essa adolescência tardia tem criado necessidades que vão trazer emprego a outras pessoas e criar postos de trabalho. Temos é que nos adaptar.
O que considero que merece muita reflexão são sobretudo os valores. Esta frase, por exemplo, merece uma pausa-reflexão "O trabalho, privado da sua dimensão afectiva de relacionamento [... ] gera gradualmente um deserto onde vemos pouco sentido no que fazemos no emprego, a não ser no dinheiro do fim do mês, na compra de uma TV, na troca do sofá."O modo de encarar o trabalho, privado da sua dimensão afectiva de relacionamento. Isto é fundamental. Havia dantes uma frase que parecia parva " o trabalho dá saúde" ( bem pensado não era tão parva assim, que a inércia causa mesmo depressão...) mas há outra ideia em que acredito, é que o trabalho pode dar satisfação. E isso tem a ver com a atitude com que se trabalha. Tenho encontrado essa atitude por vários sítios e nem sempre é preciso ser um trabalho muito qualificado. Já ouvi uma empregada dizer com grande sorriso: "Olhe como ficou lindo o chão com a nova cera!" Estava contente. Um padeiro a descarregar um enorme cesto de pão comentar" Este está bem cozido! Cheira mesmo bem!" com ar orgulhoso.
Ora isto não se mede pelo dinheiro recebido, ou a importância do estatuto. É o tal prazer que o trabalho pode trazer e que se encontra cada vez menos. Não será tempo de reformular alguns conceitos?
M.L.

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