sexta-feira, 2 de abril de 2004

No poupar é que está o ganho!

Os nossos governantes andam muito poupadinhos. Só numas coisas, é bom de ver. Algumas coisas são mesmo necessidades básicas tal como actualizar a frota automóvel, para os dirigentes claro, que a outra anda uma miséria.
Mas por último, uma das novas ordens teria graça se não fosse as consequências para um normal funcionamento dos serviços.
Até há pouco tempo, quando um aparelho não funcionava, telefonava-se para a empresa de manutenção, o especialista lá aparecia mais tarde ou mais cedo e o problema resolvia-se. Os "serviços centrais" acertavam depois contas deste trabalho.
Mas acontecia que, de vez em quando, o tal especialista que vinha consertar o fax, a fotocopiadora, lá o que fosse, considerava que não havia bem avaria, era qualquer coisa mal feita sem grande importância e cobrava apenas a deslocação. Perante isso, uma bela ideia surgiu na mente dos nossos chefes para poupar uns cobrezinhos – nesses casos, a deslocação passaria a ser paga por quem chamou o técnico! Ou seja, ou é uma coisa séria, com substituição de peças ou talvez uma intervenção demorada, ou então tenham mas é juízo e desenrasquem-se sozinhos!
Não é preciso saber ler os astros para prever o que aí vem. Se uma máquina tiver um problema, daqui para a frente, vai ficar posta em sossego e ninguém lhe mexe. Porque o funcionário, que não sabe o que ela tem, vai pensar “se calhar é sério e vale a pena chamar o especialista... mas se não é? Como é que eu sei? É coisa difícil? Se calhar não é... Ai, Jesus, o que é que faço? Chamo ? Ná, o melhor é ficar assim... Olha não se usa, paciência.”
Brilhante, não será? É assim que se quer uma Administração Pública expedita e de resposta pronta e eficiente. E “as economias” daqui resultantes são risíveis, mas grão a grão vai dar para comprar mais um topo de gama para um senhor ministro.

P.S.
Ideia: e com umas marteladas no tal aparelho se tornasse de facto a avaria mesmo grave? Estava tudo safo!
M.L.

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