sexta-feira, 30 de abril de 2004

Para Dolores (Ibárruri, "Pasionaria")

(de Rafael Alberti)

Dolores, ya llegó el dia:
El pueblo no te ha olvidado.
Gandera de valentia,
que por ti el pueblo ha gritado:
!Más vale morir de pie
que vivir arrodillado!

Acaba hoje o MÊS de Abril



Tinha decidido, para mim mesma, durante tudo este mês de Abril colocar todos os dias aqui uma gravura alusiva à Revolução do dia 25.
Hoje acabo com o símbolo que nos tornou conhecidos por todo o lado. Foi a Revolução dos Cravos. Possam eles não murchar é o que mais desejo.
M.L.

quinta-feira, 29 de abril de 2004

as eleições do ACP


nunca pensaria em votar nas eleições do ACP, como nunca pensei em votar nas eleições para a ordem dos Economistas (só quando uma das candidaturas propuser a extinção da dita). mas como um dos candidatos, provavelmente o vencedor, deve pensar que por ser presidente da maior associação portuguesa não deverá ter problemas com a justiça, fui votar noutra lista que não a A - ou pensava ir votar: sou sócio há menos de um ano, não tenho direito a voto. se ainda fosse por nunca ter chamado o serviço de reboques, por não ter seguro ACP ou por não comprar pacotes turísticos do ACP, por não ter um porta-chaves do ACP nem ler a revista do club, ainda aceitava, agora 1 ano cativo? nem o PS, que é um partido, exige tanto


O menino e o soldado



Teria sido esta imagem que inspirou o mais famoso poster do 25 de Abril?
Aqui está tudo mais ao vivo, menos trabalhado, mas o sorriso é o mesmo e a confiança entre a criança e o militar é linda!
M.L.

quarta-feira, 28 de abril de 2004

As paredes falaram por todo o país




Este até não é grande coisa, mas os melhores murais foram deste partido. Podia não se gostar da mensagem mas o impacto era excelente.
M.L.

terça-feira, 27 de abril de 2004

Uma chama que é flor




Ainda estamos em Abril, pelo calendário...
M.L.

segunda-feira, 26 de abril de 2004

Sempre Abril

Não foi ontem, foi há 25 anos:


Mas ontem também foram muitos...
M.L.

domingo, 25 de abril de 2004

Unite Against Fascism

FESTA!!!!!!!!!!!!!!!


FOI....hoje!



Chegámos!!!!!
Hoje é mesmo 25 de Abril!
Estamos em FESTA!
M.L.

25 DE ABRIL, LIBERDADE E DEMOCRACIA. Porque Abril é... Revolução

MADRUGADA DE CONSPIRAÇÃO

MANHÃ DE LIBERDADE

DEMOCRACIA


VIVA O 25 DE ABRIL!

sábado, 24 de abril de 2004

Hoje é véspera!

Faltam poucas horas mas muito poucos o sabem.




As flores tinham sido colhidas.
Os soldados estavam nos quarteis.
A "senha"estava decorada.
O povo continuava a sua vida sem saber que muito em breve TUDO ia ser diferente.
Tudo a postos era a última noite da ditadura. Ia acabar a "longa noite" de quase meio século.
M.L.

sexta-feira, 23 de abril de 2004

Imprensa Livre

Ainda só tinham passado dois dias:



Finalmente escrevia-se sem censura.
Ainda custava acreditar que cada um só era responsável perante a sua consciência!
M.L.

quinta-feira, 22 de abril de 2004

A Guerra tinha acabado!!!

Foi assim:



O povo anónimo e os militares.
O sonho era o mesmo.
Tinha acabado a guerra e a ditadura.
Um mar de alegria!!

M.L.

quarta-feira, 21 de abril de 2004

Continuamos em Abril




Mais imagens.
Enquanto os lembrarmos, eles continuam vivos.
A memória é a maior homenagem.
Não esqueceremos!
M.L.

terça-feira, 20 de abril de 2004

Outras recordações

Para nunca se esquecer



São imagens já se viram muitas vezes mas não são demais. É que é preciso nunca esquecer. Foi há pouco tempo ainda e já há quem ache que nem sabe nem se importa... Que são águas passadas. Foram águas muito fortes, uma inundação.
M.L.

segunda-feira, 19 de abril de 2004

"Adeus, até ao meu regresso”

Frequentei este blog, mantido aberto com grande generosidade pelo seu “criador” durante quase 3 meses. Tenho-me divertido muito. Agora surgiu-me uma proposta irrecusável e estou de malas feitas para outro blog. Saiu do ovo a semana passada, chama-se Afixe em honra do seu criador, cujo nick começou por ser “Afixe um comentário” e foi perdendo os apelidos com o passar do tempo. Mas foi aqui que ganhei o gosto (ia dizer o vício) por esta escrita tão especial. Acho que ainda cá vou voltar de vez em quando.
E vou mesmo voltar todos os dias, até ao fim do mês, porque fiz uma espécie de promessa a mim mesma de colocar uma imagem todos os dias de Abril a lembrar o 25.
Portanto, até ao final do mês vou ser visita diária. Daí em diante só por saudades.
Mas convido-vos a todos a darem um saltinho ao Afixe
Beijinhos para todos
M.L.

O mistério do "Estranho caso dos cartazes duplicados"


Guerra dos Cartazes? Guerra dos Cartões?
Nestas questões de eleições e preparação para as mesmas existem umas personagens com um papel importantíssimo que são os publicitários. Campanhas de marketing, assessores de imagem, e figuras com profissão cujo nome não sei, nem me interessa saber, constituem chaves decisivas para um bom ou mau resultado eleitoral. É a lei da concorrência aplicada à política partidária. Inicialmente este aspecto chocou-me, na minha inocência, mas entendi logo que é assim mesmo e não há cá conversas românticas.
Ora nesta linha de pensamento, está-se a passar um fenómeno que me deixa muito perplexa.
Há algum tempo, surgiram uns outdoors com uma imagem de uma mão, presumivelmente de um árbitro/eleitor, empunhando um cartão amarelo onde estavam enunciadas algumas das promessas eleitorais que os candidatos PSD/PP tinham feito há 2 anos e ... não tinham chegado a cumprir. Enfim, era uma ideia. Melhor do que a dos outros cartazes, de triste memória, que aparentemente tinham sido apenas ideia da concelhia do PS onde acusavam a autarquia de Lisboa de não fazer coisas que não seriam mesmo da sua competência. Estes cartazes, dos cartões amarelos, não sendo uma ideia genial, ...enfim, passavam.
Agora, aparecem, mesmo lado a lado, outros rigorosamente iguais, onde o cartão é vermelho, assinados pelo PSD/PP. Olhando com mais atenção, vê-se que a mensagem é que se não fossem eles Portugal tinha recebido o tal cartão vermelho da Europa. Para além da ideia ser arrevesada, e de leitura difícil porque quem passa distraído o que conclui é que é uma segunda mensagem do PS agora a mandar o governo para a rua, parece ser algo de semelhante a um plágio! Mas isso é possível? Um criativo publicitário pode ter uma ideia e outro copiá-la?
Neste mundo já tenho visto muita coisa, mas esta é das mais estranhas. Houve 2 ideias coincidentes rigorosamente no mesmo minuto? Quando deram por isso já os cartazes estavam feitos? Era muito caro fazer outros? Isto são ideias que me vão ocorrendo a ver sde entendo alguma coisa.
É que eu não tenho nada contra o futebol, em doses razoáveis. Mas, ver o país todo, praias até, transformado em estádio como a publicidade ao Euro o mostra, e agora a futebolite já transbordar para a política parece-me que me apetece acreditar em Teorias da Conspiração e imaginar que a nossa terra foi invadida por alliens que andam a gozar connosco. Só pode!
M.L.

Mais uma recordação

Este foi um período de grande sonho



Quando o mundo tinha os olhos postos em nós.
E pelos bons motivos. O que se tinha passado aqui era um caso invulgar, uma revolução sem sangue.
M.L.

domingo, 18 de abril de 2004

História Contemporânea

Cheguei agora do cinema.
Este filme, fui vê-lo a conselho de uma colega que sabia que eu tinha gostado imenso de dois outros, canadianos, passados há uns meses no Quarteto e com a particularidade de sendo dois filmes distintos, fazerem uma continuação. Refiro-me a “A Queda do Império Americano” e “A Invasão dos Bárbaros”. Acho que lá mais para baixo lhes dediquei um post, porque gostei muito e achei a ideia genial de, com vinte e tal anos de intervalo, encontrar os mesmos actores e agarrar as mesmas personagens.
Desta vez a colega enganou-se. Não tem nada a ver com o outro exemplo. Trata-se de um único filme, simplesmente como leva seis horas a ser exibido está dividido em duas partes. E é italiano o que marca toda a diferença.
Será muito forçado fazer comparações, mas este está mais na linha do “1900” do Bertolucci. Aliás tudo se interliga, porque o título do filme “La Meglio Gioventù” é tirado de um conjunto de poemas de Pasolini, também um realizador de culto (pelo menos para mim)
À chegada encontramos dois irmãos no finalzinho da adolescência e, ao fim de umas horas passadas na sua companhia, despedimo-nos já de um avô, embora acabado de casar. Ao longo desta vida e das que lhes estão associadas passa a história da Itália, da Europa, do Mundo. Está lá tudo. Esperanças, lutas, coragem, resignação, conformismo. Perspectivas femininas e masculinas do mundo. Discussão de estereótipos. O ponto de vista de crianças e de velhos. Opções contrárias perante o mesmo desafio. A sociedade e a forma de encarar a doença mental. Ao longo daquelas horas recordamos todas as canções que foram famosas ao longo de 40 anos...
É uma Itália viva, - futebol, máfia, acidentes naturais como as cheias, crise, desemprego, desunião em famílias. Muitas dúvidas sobre o certo ou errado – uma mãe que deixa a filha para seguir as Brigadas Vermelhas. Achou que lutava melhor pela filha daquele modo? O pai de um médico morre de cancro. Onde está a ciência, nestas horas? Uma mulher, mãe e professora, grandes olhos tristes, 4 filhos adultos e sempre boa profissional e disponível apesar de em permanente discussão com o pai. Tantas mulheres como esta que conhecemos!
Violência, terrorismo, crimes de colarinho branco. Como defeito, achei que um dos irmãos, Nicola, possivelmente o protagonista se é que os há neste filme, é talvez excessivamente perfeito! Os possíveis erros que comete são-no por excessivo respeito pela vontade dos outros. A violência complicada do irmão Matteo que não encontra caminho virando-se para si mesmo, é vista também como uma fuga por alguém que lhe diz: “Já sei porque gostas tanto de livros. É que eles podem fechar-se quando queremos. A vida não!” Ele decide que pode não ser assim. E é também uma grande história de amor, como se adivinha. Mas é sobretudo uma lição de História.
Já viram que isto é apenas um enunciado de pontos importantíssimos que o filme foca. Não é uma crítica, são as minhas impressões. Muito vivas ainda. E também um conselho: se vivem em Lisboa percam/ganhem ( ? ) duas noites ou duas tardes e vão ao King. Saem de lá mais ricos.
M.L.

ERRES


É engraçado como uma ideia manhosa, como a de realçar a noção de Evolução que nos remete para os tempos bafientos do Marcelismo e "conversas em família", acabou por ser despoletadora de tantas outras ideias criativas. Li no Blog do Miguel Vale de Almeida este post muito sugestivo.
Viram o que pode ser um R ?
Revolta
Renascimento
Recriar
Raio de Sol ( ou de luar)
Rebeldia
Razão
Realidade
Reclamar e também Reconciliar
Reconhecer
Reflectir
Recusar

Bem, fico por aqui mas passo-vos o jogo de imaginação.
Pode ser bem estimulante!
M.L.

Sem censura, sem lápis azul!!!

Um dos primeiros jornais não censurados:



Ó jovens do meu país, imaginem por momentos o que era viver-se com uma mordaça invisível. Era tanta a falta de ar... Hoje pode-se respirar graças ao que se passou há 30 anos.

sábado, 17 de abril de 2004

A internet é mesmo misteriosa (para quem não sabe )

Quando penso que consigo mexer-me mais ou menos neste mundo mágico, pumba, apanho com um balde de água fria que é para não me pôr com manias e demasiado convencida que não faz bem à saúde!
Vem isto a propósito da mudança de nick que um dos fundadores do Blog Afixe decidiu efectuar e do facto de eu ter tentado, primeiro fazer um link completo num comentário e, quando vi que não resultou, pelo menos decidi escrever
este endereço muito convencida que copiando o endereço se chegava lá onde eu queria.
Não senhor! Quando lá voltei havia reclamações e com muita razão.
Bem, na falta do livro amarelo, estou a tentar linkar aqui o que queria mostrar. Pelas tais artes mágicas que não domino, aqui parece que dá.
Ou seja, a verdadeira História do Rei Merovee e o que mais se quiser saber...
M.L

Adoro a minha cidade!

Como já aqui referi sou mesmo de Lisboa, nascida e criada cá. E vou contra a moda, afirmando que gosto mesmo muito desta minha terra. Claro que gosto de passar uns fins de semana, de vez em quando, lá no campo o que também tem as suas vantagens mas é porque sei que depois volto “para casa”. E a quem tem a desgraça de trabalhar aqui e viver nos arredores, só posso dizer que ficou com o pior dos dois mundos possíveis. Porque exactamente esta cidade é mais linda é mesmo ao fim de semana.
Se evitarmos cautelosamente Centros Comerciais ( mas quem é a pessoa de bom-senso que o não faz?) o passearmos por estas ruas serenas e com pouco trânsito é um dos grandes prazeres da vida.

O entardecer nesta terra tem uns tons mágicos como raramente se vê noutros locais. Como se passou mais de um século já tinha atrevimento para “pastichar” o Cesário e dizer
“Nas nossas ruas, ao anoitecer,
há tal tranquilidade, tal melancolia,
que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia,
despertam-me um desejo absurdo de sonhar”

Fui a uma matinée de um filme que passa em dois dias tão grande é (amanhã, depois da segunda parte venho aqui falar dele, de certeza!) e, por um lado para saborear o filme enquanto e o ia recordando, e por outro porque o dia estava lindíssimo, dei por mim a andar sem destino durante cerca de duas horas... Foi um prazer sensual, a suavidade do ar, as cores dos prédios, os sons abafados, parecia que todos os meus sentidos eram acarinhados ao mesmo tempo.
E hoje reconciliei-me com muita coisa. Cá para baixo, depois de um post onde também falava de Lisboa com alguma acidez em relação às obras, num comentário o Dias chamava a atenção para o facto de que as obras são necessárias. Bom, hoje ainda continuo a achar que podiam ser bastante mais aceleradas, mas creio que até com isso me reconciliei. Realmente gosto desta terra e morro de saudades sempre que tenho de viver longe dela!
M.L.

Um assunto muito sério


Eu acredito que este post apesar de um tom ligeiro não foi escrito a brincar. Tenho a maior simpatia pelo BdE e nunca acreditaria que iam brincar com uma coisa tão séria, apesar de ter sido escrito de um modo, para o meu gosto, demasiado leve.
Eu estou preocupadíssima. Não, não tenho nenhuma criança desta idade, mas acho que se justifica um esclarecimento muito sério e muito claro aos pais. Quase sempre os técnicos de saúde utilizam termos, que são rigorosos e exactos – o que está certo porque são cientistas – mas devem levar em conta que quando estão a falar para leigos, falar assim é o mesmo que não dizer nada. Minto. É pior do que não dizer nada! Porque quando não se entende o que nos dizem entra-se ainda mais em pânico.
Parecia-me da maior importância que, ao menos desta vez, os media procurassem alguém que soubesse dizer em palavras de duas sílabas o que se está a passar com os meninos atacados por uma infecção tão grave, tão grave, que mata mesmo. A dor de perder um filho é a maior dor do mundo! Sente-se como qualquer coisa “contra-natura”, um absurdo, um erro divino. É dos tais assuntos que só quem o viveu tem o direito de falar dele.
E agora tenta-se explicar que não é uma epidemia, etc, etc. Sim senhor, não é epidemia porque ainda não atingiu o número de casos que justifiquem o nome. Então esperamos que se chegue lá? Não devemos espalhar o pânico. Concordo inteiramente! Mas as pessoas só controlam o pânico com uma informação onde possam confiar. Onde é que ela está?
E depois, um aspecto aparentemente comezinho: se os meninos não vão para os infantários, ficam em casa. As mães tomam conta deles, não é? Como vão reagir os patrões destas mães? Pessoas que só ganham quando trabalham, por exemplo. E ficando em casa já não há perigo de contágio? Não poderá a família ficar toda doente?
SOS ! Informação correcta precisa-se com muita urgência!
M.L.

Mais imagens mas sempre Abril

O Carmo há 30 anos!





Continuamos em contagem decrescente.
O 25 está mais próximo, as memórias continuam.

M.L.

sexta-feira, 16 de abril de 2004

Poetas em pequenino...




Copiado de um email que me mandaram e não resisto a partilhar

"Silêncio é o Barulho baixinho!..."
Sara Peixoto, 3 anos

"Um livro tem palavras que fazem sonhos."
Joana Cruz, 3 anos

"Poesia é uma coisa que não é a mesma coisa mas é igual"
Beatriz Bruno Antunes, 4 anos

"Este gelado até inverna as mãos."
Gonçalo Gonçalves, 4 anos

"Estou com tosse. Engoli frio um dia."
Inês Fernandes, 4 anos

"Eu faço magia quando abraço o meu pai".
Cláudio Almeida, 4 anos

"Quando o ar cheira bem é porque os autronautas no espaço estão
a comer rebuçados
."
Gustavo Almeida, 5 anos

"O céu à noite é um lençol com estrelas."
Gustavo Almeida, 5 anos

"O Amor é o dobro."
João Cassola, 5 anos

"Os namorados são amigos de casamento"
Areana Semedo, 6 anos

Não acham que isto nos faz pensar?

M.L.


E não se pode exterminá-los?

Não é novidade nenhuma a não ser para os completamente distraídos, que a politica social ( ? ) do actual governo, se fosse avaliada em graus Celsius, estaria bastante abaixo do zero. Neste momento a palavra de ordem é congelar.
Não só não se abrem praticamente nenhumas estruturas novas de resposta a necessidades sociais ou da família (quando muito “reciclam-se” algumas, já existentes, com novas fachadas) como se vai passando para a mão do privado, sob variadas capas, organismos que sempre tinham sido respostas públicas e custa imaginar que o deixem de ser. Há poucos dias, estava numa reunião com várias pessoas que tratavam de projectos na área da infância, quando uma deles a referir-se a determinada instituição, teve um acto falhado que provocou um ataque de riso contagiante. Para quem entrasse desprevenido, seria um verdadeiro espectáculo ver dúzia e meia de pessoas com idade para terem juízo, sem serem capazes de parar de rir. E tudo porque alguém, candidamente, em vez de dizer, como tinha imaginado, que os nossos superiores pretendiam "extinguir" determinado serviço, tropeçou na palavra e disse “...como querem exterminá-lo” Podem imaginar a galhofa que por ali foi. Todos fomos contribuindo com algumas brilhantes ideias para transfigurar o ministro Bagão em Schwarzenegger.
Foi das vezes em que saímos daquela malfadada sala mais bem dispostas. Claro que ficou tudo como das restantes vezes, que é como quem diz, um bocadinho pior, mas ao menos saímos a limpar lágrimas de riso, que é o que se leva desta vida.
À espera do elevador ainda se dizia baixinho “E não se pode exterminá-los?” e todos sabíamos a quem nos referíamos.
M.L.


Foi há 30 anos

Foi capa de revista



Era uma revista de referência. Teve um papel fundamental durante anos.
Não vamos esquecer.
M.L.

quinta-feira, 15 de abril de 2004

Boas notícias ?

Ontem, uma amiga chamou-me a atenção para
esta notícia que me tinha escapado. Como ambas temos amigos a trabalhar e investigar lá fóra fomos ler isto com atenção. Mas, pelo menos na área dela, a amiga de que mais gosta parece que tem publicados três ou quatro artigos ( que na zona onde está o critério de publicação é exigente) de modo que chegar aos 100 vai demorar alguns anitos.
Por outro lado, orientar 10 doutoramentos, no estrangeiro, também parece um critério um bocadinho exigente... E depois que condições de trabalho e investigação é que vão ser dados? O que eu conheço no ensino superior não deixa prever nada de aliciante, ou o quadro vai mudar radicalmente. Será que a senhora secretária de estado pensa que as pessoas vão lá para fóra por ser moda, por snobismo? Nós ficaríamos bem contentes se os nossos amigos pudessem voltar, mas não com esta medida, que parece uma fachada e das menos convincentes. Vamos a ver.
É claro que há ainda esta magnífica e brilhante interpretação dos Marretas Assim já as coisas podem fazer algum sentido.
Se não, a ideia com que ficamos é que pode ser que voltem alguns senhores já suficientemente idosos para gostar de terminar os seus dias ao sol de Portugal, mas certamente não com a intenção de fazer investigação...
M.L.

Ora viva o fair-play!!!

Numa voltinha pela blogosfera, num Blog que costumo visitar e a respeito do qual, por vários comentários anteriores, tinha as minhas fortes convicções sobre os gostos clubísticos do blogger encontrei
este pedacinho de humor.
Acho que posso rir das desgraças alheias uma vez que o meu próprio clube também ainda não é desta que chega ao título. (apesar daquelas frases moralizantes de que... matematicamente, etc e tal...
Pois. Matematicamente. Acho que o melhor também será passarmos á playstation!
M.L.

Com o 25 de Abril veio a Paz




Foi uma das primeiras vitórias : a conquista da Paz

M.L.

quarta-feira, 14 de abril de 2004

Também me dava jeito o número da lotaria...

O ano passado, quando durante o verão o país ardia, no meio de toda aquela consternação eu disse, muito convencida : “Uma aposta que quando isto passar, depois de chegarem as primeiras chuvas, nunca mais se vai fazer nada?” Pois é. Era mesmo fácil de adivinhar! Devia dedicar-me a tentar adivinhar o primeiro prémio da lotaria.
Ele há coisas na nossa terra que quase nos custam a acreditar. Que o ano passado foi um ano terrível, é um facto. Não foi apenas aqui que aconteceram fogos impressionantes, todos vimos imagens de grandes incêndios em vários países e sabemos que o clima deste planeta está a mudar, e não para melhor Pronto. Se calhar há muita outra gente com responsabilidades, se calhar os países mais desenvolvidos deveriam pensar nas consequências de certas políticas que tomam levianamente, se calhar mesmo países com mais recursos do que nós também foram atingidos. Ouvi tudo isso, e concordo. Costuma-se dizer que da primeira todos caem mas da segunda cai quem quer... Ou seja, por outras palavras, uma primeira vez podemos ser apanhados de surpresa ( ? ) mas daí para a frente é mesmo puro desleixo, para não lhe chamar crime. E isto já é dito com alguma boa vontade, que desde que me lembro sempre ouvi falar de incêndios de Verão, com maior ou menor dimensão... E confirmo que algumas das causas que motivaram os incêndios do Agosto passado continuam perfeitamente activas: as matas por limpar, os aceiros impedidos, o lixo acumulado. Basta aparecerem outra vez meia dúzia de incendiários para o que restou das nossas matas desaparecerem.
Como era lindo e verde o meu país!

M.L.

Ainda e sempre Abril

Outra imagem com 30 anos



As armas, os civis, as flores, a esperança era a mesma!
Para que nunca se esqueça.
M.L.

terça-feira, 13 de abril de 2004

Que vergonha!

Há coisas que me incomodam. Que me incomodam mesmo muito. Não é a primeira vez que aqui refiro os enormes mal-entendidos que estão sempre a surgir quando há referências a essa mole indefinida e confusa que dá pelo nome de Administração Pública, ou Função Pública. São 2 blocos antagónicos. Quem trabalha no privado a considerar que “os outros” são um bando de calaceiros que não fazem nenhum, vivendo dos impostos que a malta da privada paga, e quem trabalha para o Estado a achar que é desconsiderada e mal paga e que todos a odeiam ( além de que também paga impostos, como é óbvio, é uma espécie de patrão de si mesmo no pior sentido). Raramente é referido que “funcionário público” é mais do que a senhora do guichet, - é o professor, o enfermeiro, o polícia, o médico. E é certo que “as senhoras do guichet” funcionam com uma horrorosa burocracia, mas não há nada mais hierarquizado do que o raio da Função Pública. Para se mexer um dedo o chefe tem de pedir ao chefe, que peça ao chefe, que vai pedir a outro chefe e entretanto já não vale a pena mexer o dedo. Onde quero chegar é que o que está mal, muito, muito mal é o sistema das chefias e a sua avaliação, que tem muito de partidário e muito pouco de técnico/profissional.

Esta manhã ia perdendo a cabeça por uma questão completamente ridícula. Ia a passar e esbarro com 2 senhoras com um ar meio desesperado em conversa com uma funcionária também com uma expressão desamparada. “Que se passa?”, quero saber. As desgraçadas tinham ido à Loja do Cidadão fazer uma pergunta sobre a ajuda que podiam ter em relação a um “Lar para Idosos” e tinham sido recambiadas para ali. Devo esclarecer que o serviço onde estávamos não tinha rigorosamente nada a ver com a questão. As senhoras, que não conheciam Lisboa, tinham feito uma enorme caminhada a pé e ali estavam completamente perdidas.
Devo reconhecer que eu também não fazia ideia da resposta. Nem era nada normal que soubesse. Mas naquele momento só podia levá-las para o meu gabinete, sentá-las comodamente e agarrar-me ao telefone até lhes resolver o problema. Era o mínimo. Mas atenção, ainda não eram 9 da manhã, pelo que o mais que conseguia obter eram telefonistas... Contudo a minha vergonha era tanta, pela imagem que a F.P. dava, que às tantas lá lhes arranjei um Nescafé, e tanto insisti que consegui finalmente que as recebessem num local confirmado e com hora confirmada. O ridículo desta história é que o meu tempo é proporcionalmente muito mais caro do que o da primeira pessoa que as atendeu mal. Eu tenho é vergonha na cara, e não olho para o relógio a ver as horas a que saio.
Nota – Também trabalho na função pública.
M.P.

E mai nada!

Não consegui fazer um link directo para este post do Cibertúlias mas está tudo dito.
Para quê mais conversas?

Chiça!
Uma simples palavra dita por um dos "heróis" da GNR põe por terra um ano de ilusão do Governo sobre a presença e participação portuguesa no Iraque: «Voltar? Chiça!»


Simples e directo. Tudo o mais são tretas.

M.L:

"Como são diferentes os Blogs em Portugal"

Uma coisa que li por aqui parece-me ser aqui lá para baixo onde diz "os blogs são uma feira de vaidades" fez-me reflectir neste fenómeno dos "nossos" blogs. Nesse post a Gin dizia que tinha pedido ao filho de 17 anos para a ajudar a criar o blog e ele lhe respondeu qualquer coisa do tipo "Blogs? Essas coisas para uns tipos preguiçosos e convencidos que não querem participar em chats, porque aí são um entre muitos? Não me interessa nada.". A frase chamou-me a atenção porque tenho encontrado esse tipo de reacções negativas em gente muito novinha ou, por outros motivos, em pessoas mais idosas.
Os muito jovens não entendem, nem querem entender, o que é um blog. A comparação com o chat, que já tenho ouvido mais vezes, revela isso mesmo. Ora um chat é um chat e um blog é um blog. Não pretendo criticar os chats, podem ter a sua graça embora, conversa por conversa, prefira ao vivo e a cores. Para mim não há nada com uma conversa entre amigos, vendo as expressões, ouvindo o tom de vós, com o calor que a presença viva transmite. É outra animação, gosto muito e nunca abdicarei. Mas a frase do filho da Gin, tenho-a ouvido num tom desdenhoso e trocista que me surpreende. Porquê esse desdém? Sentirão a existência dos blogs como uma imitação falsa do seu modo de comunicar?
Do lado dos mais velhos, aderem com muito mais facilidade a este esquema, mas custa-lhes um bocado participar com comentários. Tenho alguns amigos que me vêm aqui ler (e sei-o porque depois fazem referências a coisas que disse) mas nunca escrevem nada. Quando faço esse reparo justificam" Não sei o que hei-de dizer..." como se fosse necessário um grande discurso, que nem a caixa de comentários comportava!
Por outro lado, parece-me que este caso, com a dimensão que cá tem,só mesmo na nossa terra. Um pais tão pequeno com milhares de blogs a funcionar! Tenho amigos na América do Sul ou na Dinamarca e, pelo que dizem, o fenómeno aí nem tem quase expressão. Ouviram falar, mas vagamente. Dá que pensar, não é? O que é que existe em Portugal que é diferente dos outros (sem ser o Barnabé)? Lemos menos jornais? Não vamos tanto ao pub? Queremos trocar informações, mais do que os outros? Gostamos de falar de nós mesmos?
Questões a que não sei responder.
M.L.

As paredes continuaram a festa

Outra imagem de Abril



Mais um mural.
Mais uma vez as palavras se tornaram cor e forma, as emoções foram mais fortes.
Naqueles dias acabar a guerra era uma prioridade.
Paz sim, guerra não! Já tinha morrido muita gente, era hora de dialogar.
M.L.

segunda-feira, 12 de abril de 2004

Coisas pequeninas e agradáveis


Acho que tenho bom feitio.
A modéstia que nos ensinam em pequeninos diria que não o devia proclamar, mas é mesmo uma verdade. Tenho bom feitio. Não me irrito por dá cá aquela palha, tento resolver as coisas a bem e tenho uma cara que faz com que, invariavelmente, num grande grupo me escolham à primeira para me perguntar qual a linha de metro que um inexperiente deve tomar, qual o melhor caminho para qualquer lado, ou se o autocarro já passou. Cara de informadora, salvo seja.

Mas venho agora do supermercado com a auréola a deitar estrelinhas. Bati o meu prório record. Informei uma senhora que procurava um produto que o tinham mudado de sítio; deixei que 2 pessoas me passassem à frente na bicha (pediram, é claro...), li um preço e aconselhei outra senhora que “não-tinha-os-óculos” (entenda-se que não sabia ler), mas para terminar as boas acções, numa girândola, num corredor dei com um senhor que estava com os braços completamente cheios de mercadorias que iam desabar de um momento para o outro. Como boa samaritana avisei: “Olhe que isso vai cair ! É melhor arranjar uma caixa!” e enquanto o dizia agarrei num caixote de cartão vazio que ali estava ao pé e coloquei-o por baixo, no exacto momento em que tudo começava a cair. O senhor ficou-me a agradecer durante 5 minutos e a olhar para mim como se eu fosse a fada azul.
Ganhei o dia. Sabe mesmo bem ser “fada Azul” ! E afinal não custa mesmo nada.
Já viram o brilho da minha auréola?
M.L.

Um texto fundamental que nos faz pensar

Como creio que todos fazemos por aqui na blogosfera, para além de ir escrevendo umas coisas da nossa lavra, visitamos regularmente os blogs da nossa preferência e, quando há um pouco mais de tempo, alargamos a volta a damos um passeio maior. Um blog, por onde costumava passar, era o Gin Tónico, desde que uma vez que lá fui dar por um link e o estilo me agradou. No outro dia reparei que tinha aqui um comentário simpático da Gin e, é irresistível, "amor com amor se paga" de modo que comecei a visitá-los com maior frequência. Em boa hora.
Encontrei lá ontem um magnífico texto, dividido em 3 partes,
aqui , e mais aqui e por último aqui ainda É certo que já tenho lido estas teorias em manuais, também bem escritos e que nos levam a reflectir, mas aqui encontrei um resumo com os pontos fundamentais e quem tiver mais interesse (espero que o tenham) sempre poderá procurar os tais manuais de sociologia da família moderna. Isto é um aperitivo, mas eficiente e bem escrito.
As frases que a própria autora escreveu a bold são as essenciais, mas diz-se lá muita outra coisa de enorme importância. Gostaria de deixar já claro, que nesta apreciação não me coloco na posição da saudosista que "quer voltar ao passado". É absurdo. O criticar-se aspectos negativos do mundo presente é para o melhorar, não para o anular.
Por exemplo, o texto diz esta verdade," Do lado do idoso, havia uma certa lógica nas sociedades do antigamente. Vivia-se até aos 50 anos, o tempo de criar os filhos era a conta justa. Hoje uma pessoa pode perfeitamente viver até aos 80 ou mais anos e a 3ª idade atinge uma dimensão que cobre um quarto e um terço da nossa vida" É certo, mas todos concordamos que é bem melhor termos uns pais velhinhos do que perdê-los aos 50 ou 60 anos. Houve uma melhoria. Mas, agora vamos ver, isso correspondeu a qualidade de vida? Qual a qualidade de vida dos nossos idosos? Os jovens entravam no mundo do trabalho e criavam uma família muito mais cedo. Também é verdade. Mas essa adolescência tardia tem criado necessidades que vão trazer emprego a outras pessoas e criar postos de trabalho. Temos é que nos adaptar.
O que considero que merece muita reflexão são sobretudo os valores. Esta frase, por exemplo, merece uma pausa-reflexão "O trabalho, privado da sua dimensão afectiva de relacionamento [... ] gera gradualmente um deserto onde vemos pouco sentido no que fazemos no emprego, a não ser no dinheiro do fim do mês, na compra de uma TV, na troca do sofá."O modo de encarar o trabalho, privado da sua dimensão afectiva de relacionamento. Isto é fundamental. Havia dantes uma frase que parecia parva " o trabalho dá saúde" ( bem pensado não era tão parva assim, que a inércia causa mesmo depressão...) mas há outra ideia em que acredito, é que o trabalho pode dar satisfação. E isso tem a ver com a atitude com que se trabalha. Tenho encontrado essa atitude por vários sítios e nem sempre é preciso ser um trabalho muito qualificado. Já ouvi uma empregada dizer com grande sorriso: "Olhe como ficou lindo o chão com a nova cera!" Estava contente. Um padeiro a descarregar um enorme cesto de pão comentar" Este está bem cozido! Cheira mesmo bem!" com ar orgulhoso.
Ora isto não se mede pelo dinheiro recebido, ou a importância do estatuto. É o tal prazer que o trabalho pode trazer e que se encontra cada vez menos. Não será tempo de reformular alguns conceitos?
M.L.

Era um redondo vocábulo...

Uma coisa simpática deste aniversário do 25 de Abril tem sido uma relativa mobilização em diversas áreas. Penso que, se calhar, terá a ver com o facto de serem 30 anos, um número certo, um número redondo. O que é redondo rola. É mais certinho, não tem uma ponta para se lhe pegar e estragar. E, a propósito, porque é que arredondamos de 5 em 5 ? Terá a ver com os dedos da mão? As datas acabadas em zero ou cinco são sempre um pouco mais simpáticas...
Mas recomeçando que já me perdi, para além do movimento por aqui na net, na blogosfera, sobretudo a iniciativa do AQUI, POSTO DE COMANDO que considero excelente, no resto dos media também noto um movimento maior, pelo menos em comparação com o ano passado. A Antena 1, todas as manhãs tem lembrado o correspondente dia de Abril de há 30 anos, o principal que se tinha passado, e é mesmo verdade que há muitas coisas que estavam bem esquecidas! Por exemplo a inflação. Para muitos saudosistas, em 24 de Abril a vida corria sobre rodas, tirando "essa coisa" da liberdade de expressão, o dia a dia era de uma enorme suavidade. Não era, não. É certo que a guerra era o pesadelo maior, quase não havia família que não vivesse com o coração apertada por essa perspectiva, mas o tal dia a dia não andava sobre rodas. E a inflação. de que hoje nos queixamos (com razão), pelo que ouvi esta manhã, era há 30 anos bem pior. O que é curioso é que tudo isto tem muito a ver com hábitos novos e novas necessidades. O que era um luxo dantes hoje é mesmo uma necessidade e não podemos voltar atrás. E isto para dizer que, embora pareça o contrário, afinal a vida é hoje bem melhor! O tempo ensina muito.
M.L.

Continuamos em Abril




O exílio nao era apenas para activistas políticos.
A Arte também fugiu. Muitos grandes artistas não se sentiam bem em Portugal.
Vieira da Silva foi um deles. Mas aqui temos um dos seus testemunhos do que sentiu nesse dia.
Grande pintora a quem o fascismo não deu condições de trabalho.
Não vamos recomeçar, pois não?

M.L.

domingo, 11 de abril de 2004

Fim de férias...

Fim de férias...
De volta a Lisboa, depois deste período de pausa ( que alarguei deslocando alguns dias das minhas férias “grandes” para estas, pequeninas) quase nem conheço a minha cidade num final de Domingo de perfeito sossego.
Sou Lisboeta. Gosto de Lisboa. Sei perfeitamente que é uma cidade-manta-de-retalhos, onde cada Bairro tem características bem distintas e que resolvem competir entre si. Ter nascido e vivido em Campo de Ourique não tem nada a ver com ter nascido e vivido em Alvalade por exemplo, ou na Graça, ou em Alcântara, etc. Quem cai cá no burgo de pára-quedas – sem ofensa – pode não sentir nada disto, mas olhem que é mesmo verdade. Dizem-me que ninguém conhece ninguém. Quando se sai do bairro é certo, mas... Eu conheço bem a gente do meu prédio e, de vista, a da minha rua. No meu bairro sinto-me em casa. No quiosque dos jornais já sabem o que eu compro, no café trazem-me a bica cheia sem pedir.
Mas reconheço que é um inferno as obras permanentes e tudo indica que descoordenadas, o trânsito caótico, a impaciência que se apodera das pessoas todas as manhãs. E quando volto de mini-férias já venho preparada para a dança da procura de estacionamento, para um mergulho no barulho e confusão.
Mas hoje, devo dizer aleluia ! de acordo com a quadra. Deve ter saído muita gente para longe, é o que imagino, que a cidade está irreconhecível. Quase nem espero nos semáforos, não se ouve barulho, e até tenho lugar para estacionar mesmo em frente de casa. Parece magia.
E ainda por cima um entardecer lindíssimo, com uma luz suave e doce, para me aconchegar melhor neste regresso.
Vamos ver como me sinto amanhã de volta ao trabalho...

M.L.

A Revolução que ficou conhecida por nome de flor





Nasceu como um Golpe Militar.
Mas quando o povo encheu as ruas e choveram flores
transformou-se numa Revolução.
Podemos ter orgulho em ter conseguido que das armas não saíssem balas e mesmo assim o país se transformasse.
Foi em Abril.
Foi há 30 anos.
M.L.

sábado, 10 de abril de 2004

Custa a acreditar

Não comprei o Expresso (sou um bocado irregular nestas compras...) e portanto só através deste post do Grão de Areia tive conhecimento desta ideia sinistra.
Julgava eu que já poucas coisas me podiam espantar. Burra! Sou de facto completamente idiota. Se tivesse sido no 1º de Abril ainda pensaria numa brincadeira... de muito mau gosto. Afinal parece que é a sério.
Da parte de alguns outros jornais, esta iniciativa chocava-me na mesma, mas não estranhava. Viesse do Independente, para não falar no Diabo, e seria MAIS UMA. Mas da parte do Expresso, que tem derrapado muito, mas ainda considerava um jornal com qualidade deixa-me seriamente impressionada.
É mau gosto, é jogar com ideias-feitas e profundamente reaccionárias. Alguns comentários no Barnabé em relação a certos cartazes que têm sido postados, irritam-me um pouco, mas a verdade é que as caixas de comentários são abertas e livres. É natural que apareçam perspectivas de direita ou mesmo claramente reaccionárias. Tenho-me refreado para não ir respondendo a algumas declarações idiotas e fora do contexto histórico.
Mas o Expresso tinha obrigações. Julgava eu. Este jogo sujo, esta manipulação grosseira e mentirosa, ultrapassa tudo o que eu concedia na minha tolerância.
O. K. Está decidido. Vou passar a poupar mais uns euros que me dão jeito para uma pequena ajuda ao desenfreado aumento do custo de vida.
Pois é. Afinal há males que vêm por bem.
M.L.

A nossa saúde está mesmo, mesmo, doente!

Já começa a ser costume ouvirmos e lermos notícias sobre o estado em que estão os nossos hospitais, por um lado do ponto de vista material – falta de equipamentos, enfermarias em mau estado e superlotadas - e por outro do ponto de vista humano - falta de especialistas, muitos técnicos a terem de fazer horas extraordinárias, e em muitos sítios ausência mesmo de técnicos, tendo os doentes de se deslocar a muitos quilómetros de distância, para serem atendidos.
Ultimamente para além destas notícias, chegam-nos de vários pontos do país, descrições de epidemias, por exemplo, no Instituto Ricardo Jorge, em Portalegre, em Pombal, onde os próprios técnicos de saúde são contaminados com vírus cuja origem nunca fica lá muito bem explicada.

A última das notícias preocupantes tem a ver com a morte de doentes que ao serem anestesiados para pequenas cirurgias, tiveram uma anestesia mortal. Houve um caso em Beja e dois em Faro. Para o público as explicações têm sido pouco claras. Entretanto foram suspensos médicos em Faro e a Ordem interveio, a explicar que existe uma droga, chamada Procofol, que a Infarmed só tinha alertado parcialmente para os seus perigos, portanto a culpa não era dos médicos e sim da falta de informação.
Até aqui, apenas há a registar entre nós grande preocupação, mas sem particular escândalo. O que me deixou claramente chocada foi a resposta dada pela directora do Hospital de Beja. Inquirida por um repórter sobre o óbito no seu hospital, a senhora teve o descaramento de responder que como não estava provado que fosse essa droga a causadora da morte, até ter essa certeza continuaria a utiliza-la.
Repare-se que ela não respondeu que “não havia alternativa, e portanto até surgir uma outra hipótese continuavam a arriscar porque as cirurgias tinham de se fazer”... Seria uma resposta possível, e aceitável. Não. Disse claramente que até estar provada que a substância era nociva continuaria a ser utilizada!!! Ora o raciocínio teria de ser inteiramente inverso. Até ter a certeza de que não era nociva, teria de suspender a sua aplicação. O que está em risco são vidas humanas. E ficamos à espera até ter a certeza se causa ou não a morte?! Ouve-se e não se acredita!
M.L.

Em defesa da memória




A memória também pode ser uma arma. E boa.
Mas não a deixemos enferrujar !

M.L.

sexta-feira, 9 de abril de 2004

Santuários, afinal só na idade média.

Não, acho que não tem a ver com perspectivas de direita ou de esquerda. É apenas puro bom senso. Se há refúgio sagrado por excelência, são os templos religiosos. E posso falar disto com serenidade porque, como já tenho dito, estou distante do fenómeno religioso. Mas ainda há poucos dias nos lembrámos do horror dos massacres no Uganda, e um dos pontos chocantes foi o ataque a uma igreja, onde as pessoas se imaginavam relativamente a salvo. Agora as tropas aliadas têm a ideia peregrina de ir ao Iraque bombardear uma mesquita! Está tudo louco. Será que querem mesmo dar o aval aos fundamentalistas e transformar esta luta numa guerra religiosa, uma jihad??? É que era mesmo só o que faltava. Por todo o mundo, os templos religiosos são santuários, os militares deviam aprender isso lá na escola do exército. Ou então é mesmo de propósito, deitar-se petróleo no lume.
Ai, mas de onde me surgiu esta imagem?
M.L.

"Paixão"? Não, obrigada.

De um modo geral quando um livro, um filme, um espectáculo qualquer levanta polémica, gosto de ir lá meter o nariz para poder dar opinião com algum fundamento. Digo “de um modo geral”. Acontece às vezes não ter tempo, não ter dinheiro, distrair-me e deixar passar a oportunidade. Mas desta vez, não tive foi mesmo o menor interesse. Estou a falar da Paixão do Mel Gibson, ou de Cristo (parece-me que é de um pelo outro, mas tenho dúvidas como será mais correcto dizer).
Quando digo o não ter o menor interesse é mesmo isso, tal e qual.
*Primeiro, não aprecio particularmente filmes de tipo religioso – deve ter a ver com o meu ateísmo ou agnosticismo, não sei bem como lhe chamar. Misticismo não é comigo. O mais perto que estou é uma olhadela aos horóscopos e mesmo aí troco os signos todos...
*Segundo, gosto de alguns filmes históricos, e seria nessa condição que o poderia ir ver, mas quando o mesmo tema é tratado várias vezes perde a graça. E este tema todas as Páscoas temos as mais variadas versões nas nossas TVs. Demais é demais.
*Terceiro, o triller não é nada o meu género de estimação e pelo que ouvi isto encaixa exactamente em tal categoria. E nem sequer pode ser um bom triller porque já se sabe como acaba, e sem suspence qual é o interesse?
Não, obrigada. Ver um ser humano a ser torturado realisticamente, chicoteado durante ¼ de hora, o sangue a jorrar, enorme sofrimento físico, ...dispenso.
Será uma das vezes onde não vou ter opinião fundamentada; enfim, ninguém é perfeito.
M.L.


Em que mãos?



Abril começou em boas mãos. Agora por onde anda?
Quero acreditar que ainda está nas nossas mãos construir o nosso futuro.

M.L.
Ouguela com vida!...
Escola de Ouguela - Campo Maior - Portugal

www.eb1-oguela.rcts.pt info@eb1-ouguela.rcts.pt www.ouguela.blogspot.com


Congresso Alentejo XXI
Semeando novos rumos ...


Todo o Alentejo esteve representado em Montemor-o-Novo no congresso de todos os alentejanos...
Que lindo que é assistir à manifestação do sentir alentejano!...
Ouguela esteve presente e transmitiu um testemunho do trabalho conjunto desenvolvido entre a escola e a comunidade.
Ouvimos muito sobre os sonhos e os anseios do povo alentejano...
Ouvimos que a educação não poderá ser encarada como uma questão económica, mas sim como um direito de cidadania...
Ouvimos que o esquecimento a que alguns autarcas condenam as suas populações é criminoso....

De Ouguela vieram o Sr. António Gadanha e o Ricardo Encarnação...
...que transmitiram um testemunho pessoal do trabalho desenvolvido em conjunto pela escola e pelo Centro Comunitário.
O resumo previamente apresentado ao congresso não faz justiça ao encanto daquilo que foi a sua intervenção, mas aqui fica...

www.eb1-oguela.rcts.pt info@eb1-ouguela.rcts.pt www.ouguela.blogspot.com




Ouguela Com Vida


“Entre O Caia, o Xévora e o Abrilongo há um mundo de magia, entre o sonho e a realidade. Há um ambiente e uma comunidade com vida, que merecem ser estudados e protegidos”.
Ouguela é uma aldeia rural do Concelho de Campo Maior. Aqui, entre o Caia, o Xévora e o Abrilongo desde sempre que as populações viveram em comunhão com a natureza, cultivando a terra, pescando nas águas límpidas dos rios e vivendo em equilíbrio com a natureza.
Aqui ainda vivem a Abetarda, o Sisão e o Grou. Aqui as Bogas e os Barbos ainda sobem o rio para desovarem e para se alimentarem. Aqui o vimieiro e o salgueiro ainda dão a matéria prima com que os mais velhos nos ensinam a construir galritos, cestos e todo o tipo de artesanato.
Aqui lembram-se as técnicas tradicionais de trabalhar a terra, “de dar e tirar” dela a subsistência de todo um povo. Lembram-se também as “Estórias”, as alegrias e tristezas e os saberes ancestrais que compõem a memória cultural de um povo.
Aqui, com o apoio de organizações ambientais como o GEDA de Campo Maior, procurámos criar espaços vivos para o convívio com a natureza e a educação ambiental.
Aqui, em Ouguela, procurámos estudar as artes e os saberes ancestrais, fazendo deles o ponto de partida para os ensinamentos escolares. Desta forma, os alunos tornaram-se em construtores da sua própria aprendizagem e tomaram atitudes intervenientes na defesa da sua herança cultural e ambiental.
Juntos, estudámos a fauna e a flora locais, procurando contribuir para a preservação das espécies em vias de extinção; procedemos à colocação de ninhos e ao estudo das espécies existentes em redor da aldeia; promovemos a recolha, reutilização, e reciclagem do papel e de outros produtos; a redução da produção de resíduos provenientes do consumo das sociedades modernas; a necessidade de poupança de energia e de utilização de energias renováveis.
Em Ouguela desenvolvemos actividades de educação ambiental e de intervenção comunitária que congregaram a escola e a comunidade, em particular os idosos, que participaram na construção da horta pedagógica, recuperando os saberes tradicionais e tornando-os parte integrante da formação cívica e cultural das novas gerações.
Com estas actividades procurámos, de igual modo, permitir a criação de espaços de troca, partilha e aprendizagem entre a escola e a comunidade, contribuindo para a criação de uma escola inclusiva e reforçando os laços e a identificação entre ambas as instituições.
De igual modo procurámos partilhar estas actividades com os nossos parceiros europeus da Grécia, Alemanha, Roménia, Suécia, Itália e Espanha, com os quais desenvolvemos o projecto “De mãos dadas por uma escola melhor” que pretende reforçar os laços entre as diversas instituições vivas da comunidade.
A Internet e a intercomunicação permitiram transmitir para além do horizonte aquilo que é a razão de ser desta comunidade, trazendo de volta mensagens de esperança que criaram uma verdadeira espiral de solidariedade para com o desejo deste povo de ver valorizada a sua cultura.
Em cada dia, em Ouguela, os alunos trabalham conscientes de que a sua riqueza cultural é valorizada pelos seus colegas de escolas distantes e sabendo que o seu trabalho de pesquisa, recolha e reconstituição das tradições é valorizada por todos os que estão ligado à educação.
A Internet ensinou assim os alunos a aprender com os pais e com os avós, pois são esses os conteúdos que mais receptividade apresentam junto dos colegas com quem comunicam. Por outro lado, aprendendo com os seus familiares, os alunos aprenderam que podem ser eles mesmos “aprendizes de Pigmaleão”, transmitindo preciosos conhecimentos sobre a sua cultura não só aos seus colegas alunos mas, igualmente, aos professores que carinhosamente os incentivam a continuar no seu trabalho.
Desta forma, a Internet e todos os que através dela se juntaram aos 89 professores de Ouguela, deixaram um pouco de si no processo de aprendizagem e crescimento dos alunos. Cada um dos correspondentes tornou-se assim num actor privilegiado da afirmação de uma comunidade e contribuiu de forma decisiva para o crescimento destes alunos como elementos activos, críticos, participativos e conscientes da sua riqueza cultural, ambiental, histórica e paisagística. Riqueza essa que assim se afirmará como meio privilegiado para para a formação das futuras gerações de Ouguelenses.

Viva Ouguela!...
Viva o Alentejo!....
Viva Portugal!...

António Gadanha, Ricardo Encarnação e António Mendes
Escola e comunidade de Ouguela


Aos amigos do Cão de Guarda:

Parabéns pela democratização deste espaço!...

Isto é o verdadeiro "Empowerment"

Vocês São os maiores...

quinta-feira, 8 de abril de 2004

Ele há cada vício...

Aqui há uns dias li no "meu" BdE um post do Luís Rainha a que achei graça por me ter identificado muitíssimo com a situação. Sendo nova nestas andanças de net, blogs, posts, liks, - o que para aqui vai de termos exóticos ! – esta mania deu-me forte. Se passo um dia sem aqui vir, sinto falta, imagine-se. E tendo conseguido uns dias de férias longe de Lisboa, vim de portátil e tudo, ainda assim perdesse qualquer coisa. E, se em Lisboa tenho a netcabo que não me trás surpresas, perdida numa aldeia tenho de recorrer a outro servidor e ia-me passando quando ao chegar vi que o telefone não estava operacional! Quando a irritação passou, deu-me um ataque de riso daqueles que parece não acabarem. Só visto! Que ridículo incrível esta autêntica dependência...
Quando durante a minha adolescência mantive um diário (e ainda foi ao longo de uns 5 ou 6 anos) não sentia a mesma necessidade compulsiva de escrever. Também é certo que aqueles cadernos só eram lidos por mim própria e aqui tenho sempre a ideia de que alguém dará uma espreitadela – e fico toda orgulhosa quando há um comentário a comprová-lo.
Mas esta “adolescência” blogística também vai com certeza ser ultrapassada, e eu vou conseguir atingir a maturidade serena de quem olimpicamente faz aqui uma visita quando tem algo de verdadeiramente sério e importante a dizer. Ups! Nesse caso fechava já a porta. Algo de sério? Estou parva, ou quê?
M.L.

Também acho


Encontrei neste blog um texto muito bom, mas como não consegui o endereço certo para o linkar vou reproduzi-lo todo com a "devida vénia" ao autor

Uma percentagem significativa dos portugueses ou nasceram ou foram educados depois do 25 de Abril, e muitos deles encaram aquela data como mais uma data histórica; como sucede com todas as datas históricas, não é raro que encontremos mesmo alguma ignorância.
Pessoalmente considero o 25 de Abril uma data histórica, e que como tal deve ser considerada. Para quem teve que se confrontar com o regime anterior e com todas as suas consequências é, muito provavelmente, a data política mais importante das suas vidas; foi a liberdade, o fim de uma guerra para onde se era mandado sem o direito de a questionar, foi a aquisição de novos valores políticos e civilizacionais, foi um país embriagado pela própria liberdade.
É uma data tão importante que sentimos alguma dor quando um jovem revela pouco conhecimento ou mesmo algum desprezo pela mesma.
Ao contrário do que muitos pensam considero que isso não tem nada de grave, sendo mesmo uma inevitabilidade. Nós, os que com mais ou menos idade já vamos tendo o estatuto de cotas, conhecemos a diferença; os mais jovens ainda bem que não a conhecem.
Mas, mais importante do que conseguirem fazer uma linda redacção sobre o 25 de Abril é que encarem o autoritarismo como um absurdo, e que assumam o direito à indignação como um acto natural da nossa sociedade; e nesse aspecto, sem terem vivido o 25 de Abril e mesmo sem lhe darem a devida importância, são portadores dos seus valores, são os verdadeiros protagonistas da profunda mudança civilizacional que Portugal sofreu graças ao 25 de Abril.
Que se indignem perante o abuso, que se revoltem contra a injustiça, que digam o que a cada momento o que lhes vai na alma, que digam não à subserviência e ao despotismo e, mesmo sem o saber, estarão a interpretar melhor os valores do 25 de Abril do que as gerações que o protagonizaram e que, não rara vezes, são portadores de hábitos e princípios inquinados por um passado de ditadura.

O único acrescento é que eu chamaria Fascismo ao fascismo e não eufemísticamente "regime anterior", mas é apenas um pormenor. O nosso fascismo teve características próprias, mas os valores que o caracterizavam estavam lá...

M.L.

Quando as paredes começaram a falar




A palavra tanto tempo presa, soltou-se enfim.
O desejo de falar era tanto que até os muros falavam.
Nem sempre o talento de quem fazia estes murais era do tamanho do seu entusiasmo. Fizeram-se alguns lindos, de outros só ficava a boa vontade.
Mas essa, ninguém a pode negar.

M.L.

quarta-feira, 7 de abril de 2004

O que o tempo faz...

Há um ano, as forças que invadiram o Iraque, diziam-se forças de “Libertação” e, a acreditar-se no que aparecia escrito em certa imprensa, parecia que Bush julgava de facto que seria recebido com flores e palmas. Passado um ano, vemos aparecerem outros termos. Hoje já ouvi falar em Forças de Ocupação ( não é bem uma libertação...), ouvi falar em “Resistência”, fala-se numa unidade conjuntural de sunitas e xiitas. E nada disto dito em imprensa de esquerda.
O tempo é um grande mestre!

M.L.

Código e Educação

Hoje foi o Dia Mundial da Saúde, e parece que foi escolhido como tema as mortes na estrada e os problemas inerentes à Prevenção Rodoviária. Tirando o facto de me parecer um pouco estranha esta escolha, não me parece exactamente um “problema de saúde”, não tenho dúvidas em considerar o tema importantíssimo.
(O que diz respeito à saúde foca-se na eficiência com que as vítimas dos acidentes são atendidas, e isso parece-me uma questão de organização e eficiência de meios – helicópteros, por exemplo, que ainda é um meio raro de recolha de feridos.)
Mas vi discutida na imprensa e sobretudo rádio e TV, com muita insistência, o conhecimento do código nas Cartas de Condução. Com toda a franqueza, não acredito que os acidentes aconteçam por desconhecimento do Código! Admito que, por vezes, acontecem por não se cumprirem as regras, mas não por não as conhecer... É, como muita coisa em Portugal, as leis existem e são boas, só que não se cumprem. E quanto ao código, até acho o exame extremamente exigente e cheio de picuinhas. O que faz muita falta para uma boa prevenção é educação.
É vulgar um condutor conduzir como se a estrada fosse apenas sua e os outros fossem uns importunos, uns “penetras” que estão ilegalmente na sua propriedade. E são esses condutores arrogantes que, por nem pensarem na existência dos outros, muitas vezes provocam acidentes completamente evitáveis. Assim como a condução sob o efeito do álcool. Claro que pode haver excepções, mas o costume de países onde até se bebe muito ao fim de semana, mas sorteiam um elemento do grupo para ficar com a chave do carro – e esse só bebe sumo, parece-me de apoiar. Porque se perguntarmos à pessoa que está a soprar no balão, se está mesmo O. K., ela dirá que sim. É preciso estar mesmo muito alcoolizado para achar que não tem os reflexos impecáveis. E depois é o que se vê.
Não, isto é uma questão de mentalidade e educação e não tem nada a ver com conhecimento das Leis do Código.

M.L.

O espírito de Abril não pode envelhecer



Era criança neste dia.
Hoje é um adulto.
Tenho de acreditar, quero acreditar, que quem desenhou estas pessoas, este tanque, estas flores, hoje tenha a noção daquilo que ganhou nesse dia. Não pode estar um adulto amolecido e conformado. Quem viveu isto, não o esquece.
M.L.

terça-feira, 6 de abril de 2004

Acerca das papoilas

Vi hoje as primeiras papoilas do ano.
É sabido que o “símbolo” da Primavera costumam ser as andorinhas. Entre nós, é o animal migratório por excelência e quando partem ou chegam as andorinhas é sempre sinal de mudança de estação. É bonito o espectáculo, muito elegantes, em bandos, as andorinhas e a Primavera fazem um lindo par. Mas para mim, o que me faz sentir mesmo no íntimo que vem aí a luz, o sol, os dias grandes, é quando começo a ver papoilas. Sinto uma alegria interior quase sem motivo, para mim é a primavera.
É uma flor muito especial. Completamente selvagem, não há papoilas de estufa, não se compram em floristas. Podia ser um dos motivos de eu gostar tanto, esse toque de rebeldia, de ser mesmo flor do campo.
(É certo que falo disto em Portugal, onde se costuma ver num campo todo verde, entre margaridas, malmequeres, ou outras florinhas silvestres, uma ou outra mancha vermelha. Há países onde se cultivam campos de papoilas com outras intenções que não estéticas, como sabemos.)
Mas não é apenas esse aspecto “selvagem” e popular que me agrada na papoila. Gosto pela sua fragilidade. Gosto pela sua leveza. Por ser uma flor de existência breve. Não há ramos de papoilas envoltos em papel e com laçarote. Não se vêem numa jarra de um dia para outro. E é vermelha. Não há dúvidas quanto a isso, não as conheço de outra cor. Se a flor de Abril não fosse o cravo poderia ser a papoila.

M.L.

Silêncios

Acabo de ver, agora mesmo, no Barnabé
este cartaz e impressionou-me mais do que qualquer dos outros que eles têm publicado. Já aqui gabei e magnífica ideia que eles tiveram em reconstituir os cartazes da época. Na altura tinha dito que também tinha tido a mesma ideia, de publicar todos os dias algo alusivo ao 25 de Abril, e de facto assim tenho feito. Mas a minha homenagem é um pouco á minha dimensão. Tenho publicado o que vou encontrando e que faz sentido para mim. O Barnabé, com a explêndida colecção de cartazes de época, tem feito reviver aos mais antigos emoções várias, da comoção, à irritação, à ironia, ao enternecimento.
Este de hoje não é o famoso cartaz da Maioria Silênciosa que desencadeou o 28 de Setembro e sim o que o combateu. Mas o "boneco" está lá, e ainda arrepia. E até a designação provocatória e insultuosa de "silenciosa" quando se algo se tinha conquistado era exactamente o direito á palavra, já dava logo vontade de discutir. O curioso é que essa atitude se mantem muito. Encontramos ainda muito por aí, gente que se vitimiza conscientemente dizendo que "nem diz nada" insinuando com isso que tem muito que dizer mas não pode... É uma atitude que me irrita bastante. Essas pessoas poderão dizer que não encontram palavras, ou não têm o dom de saber falar, ou por pessimismo acham que ninguém os vai ouvir. Agora escolher o silêncio como opção, e chutar a responsabilidade para os outros parece-me...Não queria ser agressiva e risquei a palavra que me ocorreu. Como vou dizer? ...um receio injustificado! Quem lhes faria mal se se queixassem?
E a tal Maioria Silenciosa, foi o que se viu... Silêncio podia existir, mas maioria???
M.L.

Para Memória





FOI ESPERANÇA, ALEGRIA, O FIM DE UM MUNDO SOMBRIO E O NASCER DE TODAS AS MANHÃS



M.L.

segunda-feira, 5 de abril de 2004

Saudosismos

Houve um filme aí dos anos 50 ou 60, de René Clair, que em português teve o título de "O Vagabundo dos Sonhos" mas creio que em francês se chamava "Les belles de nuit" que, não sendo nada de muito especial, abordava um tema interessante. Bastante optimista, como de uma forma geral os deste realizador, tipo Kapra à francesa, era protagonizado por um actor que morreu muito novo, Gérard Philipe. Este encarnava um jovem músico em males de amor e de dinheiro que durante a noite ia sonhando com o mundo, em épocas sucessivamente mais remotas. Esses sonhos iam-se justificavando porque no momento em que decorria a história existia um velhote, rabugento, que implicando com tudo o que se passava na actualidade, repetia como um refrão: "Ah, no meu tempo...No meu tempo é que era!" e concluía-se que "no tempo dele" a vida era bastante cor-de-rosa.
O dito músico-sonhador na noite seguinte, procurava esse el-dorado que era a tal época do velhote, e no seu sonho onde as personagens viviam com outras roupagens e outros hábitos mas mais ou menos os mesmos problemas, aparecia de novo o mesmo velhote integrado nessa outra era, com a lenga-lenda de que “no meu tempo é que era”. Já se está a ver que tudo ia regredindo de noite para noite, renascença, idade média, antiguidade, acabando ( ? ) na pré-história com o velho a fugir de um mamute e a gritar que “no meu tempo é que era”.
A moralidade da história era de que todas as épocas se equivalem e a nossa nem era assim tão má como isso. Lembro-me de vez em quando desse filme, perante certos “esquecimentos” das pessoas. É claro que, para quem tem hoje 30 anos ou menos, o 25 de Abril é História. E faz parte da natureza humana ser um pouco como o velhote e acreditar que hoje é mau portanto dantes deveria ser melhor. E, infelizmente, a mensagem que muitas vezes passa é que o que não havia antes do 25 era apenas liberdade de opinião, mas o resto nem era assim tão mau como isso...
Ora era muito bom, que enquanto ainda estão vivos e com memória, os que viveram nos anos 60, 50, 40, testemunhassem o que era o dia a dia desse tempo. Que dissessem que, embora a liberdade de opinião fosse a parte do iceberg que se via e portanto era óbvia e inegável, a falta de liberdade era um cancro que roía toda a sociedade com as consequências mais devastadoras. Era a cultura, a ciência, a economia, o dia a dia mais comezinho e aparentemente inocente que era afectado. Por favor expliquem aos jovens a quem já oiço dizer que também não era tão mau como isso...
Pois era sim. Era pior do que isso.
M.L.


Arte para Carlos Paredes

(por José Luís Peixoto)

A história do homem é a memória. É uma memória que está dentro de um tempo que tanto pode ter passado, como pode estar a acontecer neste momento, como pode esperar-nos no fim de uma estrada futura. A história do homem somos nós a viver com ele, por ele, através dele. A história do homem é um milagre que existe sempre onde o conseguirmos ouvir, ver, sentir.

Aqui Posto de Comando

Interessantíssima iniciativa
PARA OS QUE LUTAM PARA QUE ABRIL NÃO CAIA NO ESQUECIMENTO, QUE A REVOLUÇÃO NÃO AMOLEÇA NUMA EVOLUÇÃO
Vão lá ver e participem. Seria bom que fôssemos muitos.
Força!
M.L.

Muito obrigada, Sara cacao

Já uma vez lhe agradeci, nest post um bocado mais abaixo mas sinto cada vez mais que não foi o suficiente. Meti-me por estes atalhos dos blogs sem saber ler nem escrever... Primeiro lia timidamente o que se escrevia em sítios que ia pouco a pouco descobrindo e apreciando. Depois, um passo em frente, comecei a comentar, ainda de uma forma muito acanhada. Das primeiras vezes assinei com uma parte das minhas iniciais que tinham um sentido especial para mim, mas como eram muitas, às tantas decidi reduzir às básicas. Os comentários foram-se ampliando, e muito divertida já entrava em verdadeiras “conversas” com outros comentadores. De blog em blog e de link em link, vim descobrir o Cão de Guarda, blog aberto. Como tinha a convicção de nunca vir a ter sabedoria para abrir um blog mesmo meu, isto foi uma dádiva dos céus! Gosto de escrever, e mesmo que parecesse um exercício um pouco autista, comecei a escrever aqui. Só que isto é, como já se sabe, deveras viciante.
A pouco e pouco achei que era chato estar a fazer copy/past dos textos que achava interessantes e quis aprender a fazer links. Upss! Enorme montanha a transpor! Um mundo completamente desconhecido. Fiz um apelo a um jovem amigo, muito sabedor, que no PC dele, fez esvoaçar os dedos pelo teclado numa fracção de segundo e achou que me tinha ensinado tudo!
Nestas situações uma pessoa tem vergonha de insistir. Achei-me muito burra, e disse-lhe que estava bem, mas a verdade é que tinha ficado quase na mesma.
Como entretanto tinha trocado uns mails com a Sara Cacao, pareceu-me tão simpática que me decidi a pedir-lhe auxílio.
Com a maior naturalidade, mostrou-me como se fazia tudo, ensinando-me mesmo coisas que não me tinha atrevido a pedir-lhe. Quando consegui colocar a primeira imagem agradeci.
Mas hoje queria mostrar um agradecimento melhor e enviar-lhe (usando a técnica ela me ensinou) um quadro de um dos meus pintores preferidos, numa das minhas cidades preferidas. Claro que não faço a menor ideia se ela aprecia as minhas preferências, que não a conheço. Mas este é menos impessoal do que o pôr-do-sol do outro dia, porque queria mesmo mostrar a gratidão à excelente professora que a Sara foi. Não lhe posso dar nada a não ser o meu reconhecimento! Mas esse está mesmo assegurado.
M.L.

Vai fazer 30 anos



Uns já não se lembram, outros não se querem lembrar, e outros nunca souberam.
Mas, felizmente, há quem NUNCA esqueça



M.L.

domingo, 4 de abril de 2004

Se não se tratasse do Bush, até tinha tido pena...

Primeiro foi aqui na net, mas sexta até passou no Telejornal! Agora, não podemos ignorar.
O Barnabé com a habilidade do Daniel, conseguiu os bonecos Um discurso do senhor presidente dos E.U. foi comentado da maneira mais extraordinária. Cá para mim, ninguém me convence que aquilo não foi montado por um “submarino” democrata que quis sabotar aquela actuação.
Primeiro a escolha do rapaz. Quando na notícia se referiu que uma criança tinha bocejado, antes de ver, imaginei um gaiato de uns 5 anos, vivaço, engraçadinho, buliçoso e que não parasse quieto. Aparece um mastronço, típico adolescente lá dos states com o efeito da fast-food a notar-se bem nos quilos a mais, vestimenta também típica, expressão enfadada, e colocado mesmo na tribuna ao lado do “discursador”. Ná, aquilo foi sabotagem! Porque ainda por cima, se tivesse sido apenas descuido, logo a seguir ao primeiro colossal bocejo (cá em Portugal ensina-se que se põe a mão à frente da boca) deveria haver alguém do protocolo a puxá-lo para lugar menos em evidência... Não senhor. Deixaram-no fazer o número todo, olhar as horas, fazer ginástica com o pescoço, voltar a bocejar, mais outro olhar ao relógio... Impossível!
Numa visão mais construtiva, ocorreu-me que o rapaz estivesse ali numa delicada atenção para os assistentes que fossem deficientes auditivos e aquilo seria a tradução do discurso em linguagem gestual. Só que deveriam ter explicado antes para não parecer mal. Se assim foi, então o puto foi mesmo muito expressivo.

M.L.

Continuamos em Abril!




Será que não estamos esquecidos?
Abril continua...



M.L.

sábado, 3 de abril de 2004

Escolhas

Quando se passa por uma feira mesmo de rua, ou se vai à praça, há um pregão que se ouve com frequência: “É barato e podem escolher!” ou variantes da mesma mensagem que também se vêem nos saldos mas surgindo sempre como ideia-força essa grande informação: PODEM ESCOLHER!
Desde sempre que esta frase me irritou. Porque nos é dada como uma vantagem, um prémio, tipo “vejam que bom, este produto é útil, de boa qualidade, barato, e podem escolhê-lo”. E penso de imediato: “Era mesmo o que faltava! Então não havia de poder escolher?!” Para já, a primeira de todas as opções que é - escolher não o comprar. Bem, eu creio que o que está em causa é mais uma questão de português, o que eles querem dizer é que existe *variedade*, há camisolas com vários padrões, hortaliças ao molho ou à peça, por aí a fora. Calculo eu.
Mas a frase está lá, a beliscar o meu direito a escolher. E esse direito é um dos que eu menos abdico. Acho que define todo o meu comportamento e a minha vida. Toda a vida é feita de escolhas, por vezes dia a dia, ou até minuto a minuto. Escolho os meus amigos, escolho o tipo de vida que prefiro, escolho o que como, as horas que durmo, as minhas prioridades. E sobretudo escolho que não escolham por mim!
Dito assim, o que acabei de escrever soa a uma insuportável arrogância. Sei bem que há escolhas impossíveis. Se fiquei desempregada, não posso “escolher” arranjar outro emprego num ápice. Se estou doente não posso “escolher” ficar boa. Agora posso e devo, lutar, e não cruzar os braços. Essa atitude já é uma escolha.
Acredito do fundo do coração no livre-arbítrio. Gosto de conselhos, mas sigo os que me agradam – detesto que mandem em mim. E, se calhar tudo isto vem a propósito das opções políticas. Já tenho feito muito “voto útil” engolindo autênticos elefantes. Mas optei, escolhi. Agora olho à minha volta e sinto-me cheia de dúvidas, o panorama não é dos mais felizes, as opções estão limitadas. Mas não, não me vou resignar, tem de haver uma saída a questão é encontrá-la.
Escolho lutar!
M.L.

O mês ainda agora começou.




Mais uma recordação para não esquecer Abril.
É História, mas ainda lhe tocamos com a ponta do dedo...



M.L.

sexta-feira, 2 de abril de 2004

Antecedentes...


Li aqui, no Blogo Social Portugues uma explicação para a queda do R nos cartazes dos senhores promotores das Comemorações de Abril. E até mesmo quanto às comemorações propriamente ditas, devem ter pensado de si para si que "lá terá de ser"... imagino eu.
Cá por mim, embora goste de evoluir, a noção em si é-me muito simpática, mas o termo evolução quando aplicado à política associo-o, inevitavelmente, ao Marcelo Caetano. É fatal. E temos de reconhecer que aquela Primavera foi um bocadito murcha.
A Revolução é um espaço aberto, de verdadeira liberdade, e que sobretudo não está limitada em nada. Para mim a revolução não FOI em 25 de Abril e sim COMEÇOU em 25 de Abril! Não foi um momento cristalizado. Mas parece que é isso mesmo que se pretende.


M.L.

A Homenagem na Hora Certa

Assisti, há poucos dias, ao um lançamento de um livro que foi simultaneamente uma lindíssima festa. Não era um romance, embora quase se possa encarar como tal. Era um livro técnico onde o autor enquanto descrevia o seu método de trabalho e respectivos fundamentos ia fazendo deslizar a história da sua vida. O que foi comovente, foi confirmar as centenas de amigos que lhe foram dar um abraço. E digo, amigos, não assistentes a um acontecimento. Poucas vezes na vida tenho sentido vibrar uma emoção com tal densidade que se "via" no ar como um fumo colorido. O leque de idade das pessoas era bastante aberto porque apesar de, naturalmente, predominarem as da idade dele, em fim de carreira, também havia muitos, mas muitos, jovens. Viam-se mesmo algumas crianças levadas pelos pais - até uma neta do próprio autor, bebé de 3 meses! Mas todos ou quase todos se conheciam bem entre si, tratavam-se por tu, diziam as frases da praxe: "Eh pá, aos anos que não te via! Tás na mesma!" ( é sempre bom ouvir isso, mesmo sabendo que não é verdade...)
E o nosso amigo no meio dessa multidão de afecto. Ao chegar ao palco disse "Sinto-me o Wally...!" e estava bem visto, porque quase desaparecia. Mas o que eu queria referir é que talvez alguns dos que ali estavam lhe quisessem dar um abraço especial. Há poucos anos ele teve um AVC grave. Como é uma força da natureza, recuperou magnificamente. Mas os amigos tinham ficado de respiração suspensa. Porque tendo um feitio especialíssimo, que só ele, nós sorrimos, abanamos a cabeça e dizemos: "É mesmo de fulano" com enorme ternura. Ele é ele. Não há ninguém igual. É uma pessoa de tal generosidade, e com um coração tão grande, que mesmo quando não concordamos - e se ele é teimoso! - , rimos e passamos à frente.
Ora era exactamente agora que se justificava a homenagem. Na altura do AVC era de mau gosto, parecia um rebuçado para ajudar à cura. Daqui a 10 ou 20 anos sabe-se lá quantos dos que ali estavam estarão lúcidos e com forças para o tal abraço. Agora sim. Não é um fecho de carreira, que uma carreira daquelas continua sempre aberta, mas um forte agradecimento dos que beneficiaram da sua influência, e aprenderam com ele.
Foi uma tarde inesquecível.

M.L.

No poupar é que está o ganho!

Os nossos governantes andam muito poupadinhos. Só numas coisas, é bom de ver. Algumas coisas são mesmo necessidades básicas tal como actualizar a frota automóvel, para os dirigentes claro, que a outra anda uma miséria.
Mas por último, uma das novas ordens teria graça se não fosse as consequências para um normal funcionamento dos serviços.
Até há pouco tempo, quando um aparelho não funcionava, telefonava-se para a empresa de manutenção, o especialista lá aparecia mais tarde ou mais cedo e o problema resolvia-se. Os "serviços centrais" acertavam depois contas deste trabalho.
Mas acontecia que, de vez em quando, o tal especialista que vinha consertar o fax, a fotocopiadora, lá o que fosse, considerava que não havia bem avaria, era qualquer coisa mal feita sem grande importância e cobrava apenas a deslocação. Perante isso, uma bela ideia surgiu na mente dos nossos chefes para poupar uns cobrezinhos – nesses casos, a deslocação passaria a ser paga por quem chamou o técnico! Ou seja, ou é uma coisa séria, com substituição de peças ou talvez uma intervenção demorada, ou então tenham mas é juízo e desenrasquem-se sozinhos!
Não é preciso saber ler os astros para prever o que aí vem. Se uma máquina tiver um problema, daqui para a frente, vai ficar posta em sossego e ninguém lhe mexe. Porque o funcionário, que não sabe o que ela tem, vai pensar “se calhar é sério e vale a pena chamar o especialista... mas se não é? Como é que eu sei? É coisa difícil? Se calhar não é... Ai, Jesus, o que é que faço? Chamo ? Ná, o melhor é ficar assim... Olha não se usa, paciência.”
Brilhante, não será? É assim que se quer uma Administração Pública expedita e de resposta pronta e eficiente. E “as economias” daqui resultantes são risíveis, mas grão a grão vai dar para comprar mais um topo de gama para um senhor ministro.

P.S.
Ideia: e com umas marteladas no tal aparelho se tornasse de facto a avaria mesmo grave? Estava tudo safo!
M.L.

É bom nunca esquecer!




CONTRA O ESQUECIMENTO!!!


M.L.

quinta-feira, 1 de abril de 2004

Pois, mas realmente ajuda muito!


Num divertidíssimo post do Luis Raínha que acho que se deve ler incluindo fatalmente os comentários, foca-se um ponto que tem que se lhe diga. É que essa treta do dinheiro não trazer a felicidade, foi inventada pelos ricos, propriamente ditos, para afastarem a inveja. Lá que não chega, concedo. Deve haver para aí uns ricos, mesmo podres de rico, que não sejam lá muito felizes... Mas, se calhar, se fossem pobres eram ainda mais infelizes.
Sem chegar ao requinte da sátira do comentador Afixe, acho que as preocupações são mesmo outras. O sentimento (é um "sentimento"? agora não me parece...) de felicidade ou não infelicidade terá mais a ver com o modo de encarar a vida. Há tipos optimistas ou pessimistas em todas as classes sociais, mas cá para mim o pessimista rico safa-se muito melhor.
É. Definitivamente essa de os ricos andarem mal de amores etc e tal foi inventada por eles para evitar o mau olhado!
M.L.

Não se tratem, não...

Mas o que se passa na nossa terra? Por vezes tenho a sensação que regredimos alguns séculos e vivemos uma constante “caça às bruxas”. Do velho estereotipo “bom povo” hospitaleiro, tolerante, generoso, caímos agora no extremo de desconfiança permanente onde cada ser humano pode ser um perverso em vias de actuar contra a inocência desvalida.
Vou contar uma história que se passou há poucos dias.
Local – Um Jardim de Infância, em Lisboa, local central.
Hora – Cerca das 11da manhã, hora de recreio.
As crianças brincavam no jardim do infantário que é contornado por um gradeamento e reforçado por uma rede. O portão só abre por dentro e o trinco está fora do alcance das crianças. Passa uma senhora que conversa com uma das crianças, sob o olhar da educadora que não se aproximou. Após uns minutos de conversa, a senhora bate à porta e pede para falar com a Directora. No gabinete desta, prega-lhe uma enorme descompostura, exaltadíssima, que aquelas crianças estavam em grande perigo. A directora fica atónita, até perceber que essa senhora achava gravíssimo a educadora não ter corrido a afastar a criança, porque se ela fosse mal intencionada poderia ter dado ao menino algo que lhe fizesse mal! Aquilo tinha sido uma experiência e queria apresentar uma queixa.
Não inventei nada. Esta história é mesmo verdadeira, e eu nem faço comentários.
M.L.

Será?

Ensinaram-me agora mesmo uma experiência interessante.
Dou-lhes o mesmo conselho:
Vão ao Google e pesquisem a palavra - estúpido.
Vejam a primeira entrada.
Não conto mais nada...
Olhem que eu cá não tenho a culpa.
M.L.

Não é possível!


Li ISTO e não acredito! Vou ver se leio mesmo o inquérito, porque apesar de não estar sempre a pensar que "a culpa é dos jornalistas" que não se explicam bem, acho isto tudo tão aberrante, que deve ter uma outra explicação... Caramba, aquela gente do M.E. também não é assim tão má. Que raio se passou?
M.L.

Viva Abril !

VIVA ABRIL!


Hoje abri o Barnabé e senti-me roubada. Não é que eu tinha tido exactamente a mesma ideia? Bom, dizem que "les bons esprits" ... etc e tal. Mas, pronto, não vou desistir. O pior é a minha terrível inexperiência nestas artes de copiar imagens, mas quem dá o que tem...





M.L.