sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

Ecopontos e ...”educação à força”

Lá mais atrás, tinha escrito uma vez "Reciclar a simpatia". Chamava nesse post a atenção para o facto da separação dos materiais a reciclar não ser tão simples como os anúncios faziam crer. E continuo a achar o mesmo: num país com tanto analfabeto funcional, ler e compreender as indicações que lá estão escritas não é para qualquer um.
Mas adiante. Desta vez a notícia que me faz pasmar é outra. Penso que só pode ser brincadeira de Carnaval, a proposta de multar (?) os cidadãos que deixem no lixo material reciclavel, se tiverem um Ecoponto perto de casa. Estão a brincar, com certeza! Ora vamos a ver:
1 - O que se entende por "perto de casa"? 1, 2, 5, 10 quilómetros?
2 - A norma abrange qualquer pessoa? Ou especifica "pessoa dos 15 aos 60 anos, saudável, sem problemas motores nem de coluna"?
3 - Quem vai pagar a multa? A dona da casa? O filho que pôs o lixo à porta?
4 - Como se vai provar que "aquele lixo" é "daquela pessoa" ? Se eu quiser mal ao meu vizinho, digo que o lixo é dele e fico-me a rir...
5 - O mais interessante vai ser a fiscalização. Parece que para as finanças, controlos de qualidade, assuntos assim secundários, faltam fiscais. Mas é uma boa medida para combater o desemprego, criar os "fiscais do lixo". É que vão ser precisos muitos e muitos milhares. O que aí vem de postos de trabalho!
Por outro lado, lembrava que talvez não fosse má ideia, vigiar o esvaziamento dos tais depósitos dos Ecopontos. Porque se TODOS os cidadãos desta terra cumprissem religiosamente estas orientações, eu gostaria de apreciar as consequências. Nesta altura do campeonato, já é fácil verificar que muitos depósitos ficam a deitar por fóra, sem ninguém os esvaziar. As empresas de recolha não são multadas?
E por último, depois de recolhidos, estes lixos vão sempre para a reciclagem? É que ouvi uns zunzuns de que há por aí câmaras que os vão despejar nas lixeiras... Só pode ser mentira, não é?
M.L.

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