Claro que há casos, muitos até, onde a miséria é moral. Crianças maltratadas, violadas, rejeitadas. Meninos criados em ambiente de abandono, de indiferença. Mas também aí, na minha opinião há trabalho a fazer com a família. Essas famílias “disfuncionais”, desde que se invista, podem receber orientação e “tratamento”. São sempre situações complicadas mas para isso é que há técnicos e trabalho de equipa, não é? Por outro lado, para além dos pais, é muitas vezes possível encontrar no agregado familiar, tios, padrinhos, primos, cunhados, compadres, eu sei lá, parentes mesmo afastados que com o apoio económico que se vai gastar quando se interna uma criança numa instituição, poderão dar uma resposta muito mais semelhante à vida que a criança tinha na sua casa, e portanto mais adequada.
Temos depois as “famílias de acolhimento”; famílias apoiadas por serviços públicos a quem se paga para receberem a tal criança que não tem lar próprio. Já é uma resposta mais delicada, terá de haver muita vigilância do que se passa entre aquelas paredes, mas... é um lar, uma casa.
E também há a adopção. Também é uma resposta que convém ser cuidadosa, mas sem fundamentalismos. Muitas vezes os técnicos que decidem quais os casais com perfil adoptante, projectam as suas ideias, e muitas vezes inacreditáveis estereótipos. Os processos, como é norma na nossa terra, arrastam-se anos e anos pondo á prova a capacidade de resistência dos candidatos a pais.
E tudo isto, é sempre melhor do que o internamento, que deve ser o último recurso.
M.L.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004
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