Fui ver um filme que tinha adiado por várias vezes e já receava que me fugisse. Não é a primeira vez que de desleixo um pouco com um espectáculo ou exposição e quando dou por mim, acabou e fico desapontadíssima. Ia com uma boa expectativa, que antes de mais devo dizer que foi compensada. O filme é belíssimo e merece os elogios que até hoje ouvi. Além de o tema me ser duplamente grato – fui criada em casa de professores ( daqueles mesmo a sério!) e há muitos anos que lido com pedagogias várias, crianças, pais e respectivos professores. O ensino a todos os níveis é algo que me é muito familiar.
Acontece é que vou ter de voltar para saborear como deve ser aquela hora e meia. A sala não estava muito cheia, mas por cada adulto contava-se uma criança, e crianças relativamente pequenas. Possivelmente, devidamente preparadas até seria interessante ver as reacções dos miúdos, mas aqueles estavam à espera de ver “uma história” e a agitação durante aquela hora e meia foi mais que muita. Para além dos que saiam para fazer xixi ou comprar bolachas, a maior parte ia perguntando “ele está a falar com quem?”, “e agora o que vão fazer?”, “porque é que ele está a chorar?”, ou “mas eu quando mudei de escola não chorei!” o que tornou muito complicado prestar atenção ao que se passava no écran.
Mas vou voltar. Um professor nas vésperas da reforma, com uma classe de 13 crianças que iam da pré até ao liceu, organizando-as com disciplina, ternura, cuidado, dando-lhes espaço sem ser demais, ouvindo-os mas também fazendo-se ouvir. A relação com as famílias num meio rural, num ambiente onde a natureza está mesmo ali, ao estender da mão.
Vou voltar. A uma hora sem crianças onde possa deixar-me envolver pelo filme.
M.L.
sábado, 28 de fevereiro de 2004
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