quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

Vestuário e símbolos religiosos

As 2 ou 4 vezes que vim anotar coisas neste blog, foi sempre a brincar, mesmo quando brincava com coisas que tinham uma parte de seriedade. Mas desta vez venho mesmo falar a sério. Ando muito confusa. E o pior é que sou uma criatura que tem muitas dúvidas e engana-se frequentemente. Desta vez pareço um cata-vento, leio o Barnabé e fico com uma ideia, depois o Blog de Esquerda e mudo um pouco, depois um artigo no Monde e volto a mudar, depois um semanário português... enfim, a confusão é enorme.
Os franceses, andam a discutir uma lei para saber se os estudantes podem usar símbolos ostensivamente religiosos nas escolas. Atrás disto vem o facto de as jovens muçulmanas usarem ou não o que se designa por “véu”, ou agora “lenço”. E discute-se se são obrigadas ou é por livre vontade. E ainda se é contra a liberdade da mulher ou na defesa do seu pudor. Ora o que eu sinto é que está tudo ainda muito mal explicado. Tentei informar-me e parece que véu, mesmo véu, é uma noção cá do ocidente. As católicas põem véu ou mantilha para ir à missa. Para uma sociedade islâmica há, desde a “burka” ( e, a minha 1ª opinião contra, era quando julgava que nos estávamos a referir a isso) ao pak chadar, ao chador, ao hijab, e nada disso são simples lenços como nós os imaginamos. A burka é um fato que tapa uma mulher da cabeça aos pés com um rendilhadozinho que lhe permite ver e respirar. Pode ser que uma pessoa assim tapada se sinta protegida mas fica desde logo segregada do resto da comunidade. Claro que pode ser um costume religioso mas só me lembra o homem-da-máscara-de-ferro e faz-me impressão, e falta de ar. Desculpem, não posso concordar. Mas o jibab, por exemplo, é um casaco todo fechado e um lenço na cabeça, como as nossas ceifeiras usavam. Isso não me faz impressão nenhuma. É com elas e suas famílias. Ou seja, como ocidental sinto que tapar o corpo, o cabelo e até luvas para as mãos é uma questão pessoal. Tapar tudo incluindo a cara, ou vendo-se unicamente os olhos, perturba-me um pouco.
Por outro lado, da parte francesa, parece-me (parece-me agora, se calhar mudo de ideias) de facto discriminatório e racista. Porque é que uma pessoa não se pode vestir como entende? Se calhar os piercings, tatuagens etc, também chocam, até porque muitos são feitos para chocar. E obrigam o miúdo a tirar o piercing antes de ir para a escola? Não sei, a sério. Sei que há 40 anos as raparigas não podiam entrar na Faculdade de Letras de Lisboa de calças compridas, mas achava mal! E se hoje fossem de chaddar? Entravam?

M.L.

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