quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

INFÂNCIA DESVALIDA (1ª parte)

As declarações do Dr. Vilas Boas a uma jornalista com chamada na 1º página, causaram, como seria de prever, o maior ruido. Aqui na blogosfera o ruído, felizmente, atingiu altíssimos decibeis.
Sobre este triste assunto tinha tanto a dizer que, se calhar desdobro os comentários em vários posts para não ficar um lençol interminável.
Porque interminável é, de facto, o relato do que se passa com as crianças do nosso país. Ainda vemos por aí, alguns "Asilos da Infância Desvalida" o que é um bom nome, que de verdade ninguém lhes vale, e por vezes até seria melhor que os deixassem mesmo em paz! Um ponto a favor: acredito piamente, que muita gente esteja a agir com a melhor das intenções - aquela que costuma encher o inferno.
Uma criança nasce e vive num meio hostil, seja degradado materialmente, seja quanto a sentimentos. O que fazer? O bom-senso diz-nos que se calhar antes de mais influir sobre o meioi. Ver o que se passa. Como dar melhores condições aquela família. Como ajudar verdadeiramente. Mas isso é muito difícil e trabalhoso. A velhíssima parábola de ser melhor ensinar alguém a pescar do que dar-lhe o peixe, implica muito tempo e paciência. Dar o peixe, pode ser caro ( então hoje, o peixe só congelado!) mas é apenas isso e despacha-se depressa. Ensinar a pescar, é ainda mais caro ( implica a cana, o anzol, o isco) e leva muito tempo, que há quem diga que "é dinheiro" e muita paciência e compreensão.
O primeiro dos passos a dar em relação a uma criança que está mal é tratar toda a família de que ela é um sintoma. Castigar a família, é uma solução, mas é a pior. E retirar uma criança de uma família sem procurar outra solução é um erro grave - mesmo que seja para a colocar num lar de luxo ( o que o do Vilas Boas também não é)
M.L.

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