domingo, 22 de fevereiro de 2004

Pedir a mão

Neste fim-de-semana, mais prolongado por obra e graça do Carnaval, tive ocasião de fazer umas “releituras” de que estava a precisar. E, num romance, tropecei por várias vezes em situações onde personagens masculinas vão (ou evitam ir / ou desejam ir / ou planeiam ir) “pedir” meninas em casamento, aos pais das ditas. Conforme o estatuto social, e a época, pode tratar-se de uma cerimónia imponente, ou coisa mais simples e modesta. Aliás, literatura à parte, ainda recentemente vimos nos nossos cinemas um filme romântico “O amor acontece” onde um inglês vinha “pedir a mão” de uma rapariga portuguesa, numa sequência ridícula e absurda tal como era contada.
Mas o que me deixa a pensar é o que a noção implica: pede-se uma coisa que é de alguém e que desejamos possuir, não é? Portanto, as raparigas pertencem aos pais, até estes as cederem aos futuros maridos. Só para ficar mais nítido o significado do acto é fazer um exercício de imaginação muito fácil e virar a situação “do avesso” : imaginem que uma rapariga vai a casa do namorado pedi-lo aos pais em casamento! Porque é que a imagem nos choca?
M.L.

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