domingo, 22 de fevereiro de 2004

Ouvir o silêncio

Quando se vive numa cidade grande (mas Lisboa será cidade grande?) criamos umas defesas especiais, e deixamos de ouvir o ruído de fundo permanente. É uma espécie de “surdez citadina” específica. Não estou a pensar nos casos extremos de buzinas, ambulâncias, o coro infernal de máquinas de construção civil; falo do som geral de uma cidade que nem se dá muito por ele. Mas se, por acaso, passamos uns dias, um fim-de-semana que seja, numa aldeia, longe da estrada, de repente começamos a ouvir a vida. A natureza está cheia de animais! São galos, cães e gatos, rolas, passarinhos com piares diferentes entre si, rãs, grilos, cigarras... E no meio desses sons muito vivos, há por vezes momentos de verdadeiro silêncio. Silêncio que só se atenua quando ouvimos mesmo muito ao longe o sino da igreja para lá do monte.
M.L.

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