sábado, 20 de março de 2004

Começou há um ano, lembram-se?

Faz hoje um ano que começou a Guerra no Iraque.
Era para ser uma guerra super rápida, com objectivos “cirúrgicos” como se dizia, que praticamente nem atingia os civis. Chamavam-lhe uma Guerra Preventiva, porque aquele país se preparava para atacar os outros com umas temíveis armas que em 20 minutos espalhariam a morte em todo o mundo. Como os inspectores que as Nações Unidas tinham nomeado tardavam a encontrar provas destas fortes convicções, o governo dos Estados Unidos, aliado ao da Grã-Bretanha e ao de Espanha, avançaram nessa guerra “defensiva”. Isto, ao arrepio da organização que representa todo o resto do mundo, a Organização das Nações Unidas.
Essa guerra começou há um ano, e como não foi declarada nenhuma paz, é porque ainda não acabou. Terminou, realmente, com o reinado do sanguinário ditador Saddam e daí com o embargo que desde a guerra do golfo tinha piorado muito a vida dos iraquianos, mas creio que, apesar de com mais liberdade de expressão, lá no Iraque ainda se vive bastante mal. Era - e é - uma terra com formas de violência terríveis, onde as minorias são gravemente oprimidas. Mas a verdade é que se as tropas americanas fizeram umas entradas de leão, não parece terem pacificado coisa nenhuma. Hoje, talvez reconheçam que teria sido mais avisado esperarem pela opinião das Nações Unidas que foram tão seriamente desautorizadas. Porque neste momento a entrada dessas forças de “capacetes azuis” é muitíssimo mais difícil, como infelizmente se viu. Os generais americanos abriram a “caixa de Pandora” e não conseguem voltar a fechá-la.
Em memória destes acontecimentos, organizam-se hoje por todo o mundo, manifestações relembrando esta triste guerra e gritando contra o terrorismo.
Como a promoção, quer a nível internacional quer nacional, tem conotações com posições de esquerda, logo as outras forças se perfilaram num contra-ataque, quase mesmo sem querer saber o que estava em causa, numa atitude de se-vem-dali-deve-ser-mau ! E tem-me chocado uma técnica, que pelos vistos resulta, de aproveitamento de uma porta aberta. Como os convites para a manif foram maioritariamente enviados por sms, começaram a circular outros sms, montados com habilidade, e convocando para a mesma manifestação mas usando palavras de ordem erradas e de um tal extremismo que afastaria a pessoa menos informada. Já tenho lido, aqui e ali, nestes blogs, comentários que dizem “Eu até pensava ir, mas francamente, dizer-se [ ....] assim não concordo!” Pronto! Fizeram uma sabotagem impecável, tiro-lhes o meu chapéu. Só que são bons sabotadores mas nem por isso ficaram com mais razão. Foi a vitória da esperteza, não da razão nem da inteligência.

M.L.

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