segunda-feira, 22 de março de 2004

Linguagem e gerações

Não resisto a acrescentar um comentário a propósito do post que escrevi mesmo aqui em baixo.
Uma pessoa amiga que, apesar do meio anonimato das iniciais, sabe que sou eu que vou escrevendo no “Cão de Guarda”, no meio de um telefonema sobre outro assunto referiu o conteúdo do que eu tinha escrito hoje mostrando o seu acordo. Acrescentava apenas que só não percebia o que eu queria dizer com isso do governo fazer o Rendimento Social de Inserção ficar espartilhadíssimo. Que palavra era essa? Lá disse que seria o superlativo de espartilhado. Mas...es-par-ti-lha-do ? Como? De dúvida em dúvida percebi que era mesmo o espartilho que provocava a confusão. Meio incrédula lá lhe pergunto se nunca tinha ouvido a palavra. Que sim, associava-a a romances de Eça de Queirós mas não sabia bem o que queria dizer.
Bom, reconheço que há realmente uma certa diferença de gerações. Para mim o termo saiu-me naturalmente, mas se calhar é melhor deixar explicado que queria dizer“muito apertado” quase que “estrangulado”.
A verdade é que os tais espartilhos eram, do ponto de vista das mulheres de hoje, verdadeiros instrumentos de tortura que apertavam o corpo de uma desgraçada de modo a ficar com uma cintura minúscula à custa de uma enorme pressão. Hoje respiramos fundo por a moda ter desaparecido.
Contudo, se calhar não foi por acaso que me surgiu aquela imagem. Devia lá meu sub-consciente estar a pensar no terrível apertar de cinto a que todos temos sido submetidos.
M.L.

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