No Público de hoje um artigo referindo “Psicólogos tratam psicólogos” faz-nos reflectir um pouco nas ondas de choque sucessivas que o atentado de Madrid provocou. Embora se calculasse, não imaginei números tão gigantescos. É que 5.000 pessoas atendidas e 10.000 telefonemas de gente a necessitar ajuda é mais do que podemos imaginar. Porque quando se fala em “atender” uma pessoa vítima do choque de um crime daqueles não é estar 5 minutos a ouvi-la e dar-lhe uma pancadinha nas costas. Assistir psicologicamente uma vítima, ou um familiar em desespero, ou alguém que estava lá e não pode fazer nada, é um trabalho terrível e que por melhor saúde mental que se tenha não dá para resistir muito tempo. Para essas 5 mil pessoas era quase necessário terem existido 5 mil especialistas de saúde mental! E não creio que fosse possível. Acredito que neste momento quer as vítimas propriamente ditas, quer aqueles que as assistiram e tentaram ajudar, todos devem precisar de apoio e ajuda. Há decerto cenas que nunca vão esquecer e irão marcar a sua vida futura.
E quando depois oiço certos comentários, dizendo de ânimo leve, que aqueles milhões que encheram as ruas no dia seguinte, ainda a quente a quando o choque era vivíssimo, foram depois, com o intervalo de 2 dias, votar sob a influência do medo não consigo entender a lógica do raciocínio.
Medo? Eu vejo é raiva, é desespero contra o não permitir que o povo esteja bem informado e poss decidir o que quer, contra aceitar que se decida por nós, em nosso nome, sem nos consultar. Essa é a minha visão das manifestações e do voto espanhol.
M.L.
quinta-feira, 18 de março de 2004
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