A lei da despenalização do aborto vai a discussão. É correcto que os media falem e informem sobre o assunto, é o que se esperava do seu profissionalismo. O que eu não esperava era ouvir, logo de manhã, na Antena 1, uma investigação jornalística sobre... o que pensam as igrejas sobre o assunto. Qual o interesse para o caso? Primeiro já se sabe essa opinião até à exaustão. E, eu julgava, que tirando o tempo sinistro da “Concordata”, aqui em Portugal a Igreja estava separada do Estado. As leis civis são uma coisa e as leis religiosas outra. Será que a repórter não quer alargar o estudo sobre o que acha a igreja sobre o divórcio? E já agora bani-lo do código civil? E como foi questionar um muçulmano sobre o tema, que tal saber o que pensa sobre os direitos da mulher?
É evidente que quem for católico deverá seguir os mandamentos da sua igreja. É lá com ele. Aliás, neste assunto, é uma grande vantagem para este tipo de famílias. Já viram? Quem controla os nascimentos terá um, dois, filhos. E como os tempos estão maus já há uma maioria de filhos únicos. Os outros naturalmente que terão dez ou quinze, não é? De modo que se tudo isto não fosse uma grande treta, os mais conservadores multiplicavam-se como coelhos e os outros extinguiam-se naturalmente. Era esperar uns tempos e o problema estava resolvido. Qual referendo, qual quê! Era só uma questão de tempo.
M.L.
quarta-feira, 3 de março de 2004
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