segunda-feira, 15 de março de 2004

Viva A Espanha! Viva a Democracia!

Esta foi uma semana de grande emotividade política. Desde o momento em que deflagraram as bombas em Madrid até às declarações finais dos líders partidários de Espanha a emoção era palpável e cada um dizia, pensava, desejava, desde as coisas mais sensatas aos maiores disparates. Claro que é lógico que cada um “puxe a brasa á sua sardinha” e tente interpretar os factos segundo uma visão que veja justificar as suas convicções. Já me irrita que se diga que os adversários afirmaram coisas que nem lhes passou pela cabeça. Porque há coisas que são, parece-me, incontornáveis.
Os actos terroristas são sempre uma chantagem política. Nunca podem ser aceitáveis. Tal como os reféns, numa linha mais soft mas também altamente condenável. Misturar gente anónima e inocente com desígnios políticos, mesmo que concordemos com eles, não é aceitável. Quando esses actos atingem uma escala como estes, mais visíveis, dos 11 de Setembro ou Março deixam todo o mundo sensível horrorizado. É certo que nas guerras morrem milhares de pessoas anónimas e inocentes – por isso odeio as guerras – mas há a “desculpa” de se estar em guerra e as leis da guerra serem essas. Não me posso contudo esquecer Hiroshima, num momento em que a guerra estava já, praticamente, ganha e onde morreu mais gente do que nos “11s” - Setembro + Março...
Depois achei curioso que se questionasse se estes ataques tinham motivos políticos. Então o que haviam de ter? E para se poder combater o que os motiva tem de se entender os motivos. Ou então caímos nós noutro fundamentalismo : é o Mal absoluto, como o Diabo. Não, quando há acto humano é porque há motivo político por pior e inaceitável que ele seja.
Quanto ao governo Espanhol é uma espécie de fábula: quem tudo quer tudo perde. O PP tinha tudo na mão, tinha conseguido vencer o crise do Prestige, tinha vencido o desagrado pela intervenção no Iraque, as últimas sondagens davam-lhe a maioria e quis aproveitar as últimas gotinhas para ver se chegava à maioria absoluta. O pior é que as gotinhas eram gotinhas de sangue e o tiro saiu pela culatra. A Espanha somou 2 + 2 e achou que algo estava mal. Mostrou-o
Por último uma nota quanto à manifestação de Sábado à porta do PP. Tenho lido, aqui nos blogs, comentários a essa manifestação com aspas no que se refere a expontânea. Não percebo. Mas o que é que acham que é uma manifestação expontânea??? Certo dia, pessoas que não se conhecem de lado nenhum, sentem no seu íntimo uma vontade de ir para um local e dizerem umas verdades em vós alta, pronto, lá vão! Por favor! Foi expontânea porque não foi preparada com antecedência, tão simples como isso. E escrever um cartaz leva 10 minutos. E porque não foi convocada por nenhum partido. Tudo isso define a espontaneidade. Agora que as pessoas falaram umas com as outras e se chamaram por msn ou net, isso já se sabe, e não altera nada. Não vejo onde se justifique as aspas. Ou então nunca pode ser expontânea, será sempre organizada. Haja bom senso.
M.L.

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