segunda-feira, 8 de março de 2004

Literatura e Cinema

Recentemente instalou-se nalgumas editoras um costume, que terá as suas razões comerciais, mas que não aprecio por aí além. Depois de um romance ter sido adaptado a filme, a capa do livro pasa a ser montada sobre uma imagem de uma cena desse filme. Muito frequentemente até com a imagem do actor principal.
Está claro que podemos cair na velha tentação da dúvida da origem do-ovo-e–da-galinha: se alguém viu o filme primeiro, pode ser chamado a querer comprar o romance em causa e esse desejo ter sido desencadeado por relembrar a imagem do filme... E isso é bom para as editoras. Mas, se o filme foi inspirado no livro, é porque este surgiu primeiro, não é? E para mim (por isso não aprovar este método) acho muito redutor limitar a imaginação de cada um às imagens, mesmo que muito boas, de um realizador. A personagem que eu encontrei a primeira vez que li qualquer romance, “inventei-a” eu, de acordo com as palavras do escritor. Mesmo sendo presunção, gosto da minha imaginação e desagrada-me que mandem nela. É certo que muitas vezes vejo adaptações e penso:”Mas que bem! Este actor está mesmo a calhar para esta personagem!” É por isso que a adaptação é boa. Mas o romance deve ter vida própria e autónoma. É essa a riqueza da literatura.
M.L.

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