sábado, 13 de março de 2004

Livros emprestados

Anda a correr na net um abaixo assinado em defesa da continuação do empréstimo público nas bibliotecas portugueses. Parece-me da maior justiça, e até me custa relacionar com os possíveis “direitos de autor”, a implementação uma medida que pretenda impedir esse empréstimo. Até porque Portugal nem sequer é dos países onde se pratique mais esse costume de utilizar em casa livros de bibliotecas. Tanto quanto me apercebo, o povo português não lê lá muito e ponto final. Lê uns jornais ou umas revistas e lá vai comprando uns livrinhos que por vezes empresta aos amigos. Mas não são os das bibliotecas públicas trazidos para casa que arruinam os editores.
Ora a propósito disto, e em jeito de comentário ao modo como alguns de nós lidamos com a “autoridade”, não resisto a contar uma história:
Há uns tempos uma amiga minha foi fazer compras a um Supermercado. Pagou, pegou nos sacos das compras e ao passar a porta, soa um apito altíssimo que faz suspender toda a gente olhando suspeitosamente para ela. Aparece de imediato um polícia que a acompanha junto da Caixa onde os sacos são revistados para ver o que teria ela furtado! Nada. Tudo o que ali estava tinha sido pago. Pede-se para despejar a carteira e o resultado é o mesmo: só objectos pessoais. Entretanto a multidão engrossa perante o vexame da minha amiga. Ora, entre as coisas que tinham saído da grande carteira que trazia, vinha um livro. E alguém, entendido na matéria, de certo, alvitra: “Não será um livro de biblioteca?” Bingo! Como ela é professora universitária tinha trazido uma obra da “sua” biblioteca e não o tinham desmagnetizado. Faz-se a experiência e de facto o livro apita. Pronto, muitas desculpas, e “faz favor de passar, minha senhora”. Que nada, diz ela. “Vá o Sr. Polícia à frente a apitar com o livro e eu vou atrás com os sacos! “ E foi assim mesmo. O polícia, coradíssimo, lá passou a apitar e ela, triunfante, foi atrás dele até sair do Supermercado.
Senti-me vingada, por interposta pessoa, de alguns vexames que nos fazem passar.
M.L.

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